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Cães continuam sendo assassinados devido ao surto de coronavírus na China

25 de fevereiro de 2020
4 min. de leitura
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O grupo de direitos dos animais, PETA, pediu às autoridades chinesas que não usem o surto de coronavírus como “uma desculpa para maltratar de animais”


Imagem do vídeo/ Instituição Animal Chinesa Chengdu

Desde janeiro, o medo generalizado de animais domésticos se espalhou na China, após uma especialista em saúde chinesa ter alegado que os animais precisavam ficar em quarentena para impedir a propagação da doença, até então, nenhuma evidência comprova que o vírus pode ser transmitido por animais domésticos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

No entanto, cidadãos e oficiais comunitários de várias partes da China, estão sendo acusados ​​de espancar animais domésticos ou animais em situação de rua até a morte,  durante campanhas para impedir a propagação do coronavírus.

Recentemente, um vídeo foi compartilhado por um grupo em uma conta no Weibo (mídia social semelhante ao Twitter), mostrando vários cães ensanguentados, aparentemente mortos, em uma traseira de um caminhão. Os moradores disseram  que os cães pertenciam a famílias das aldeias de Qianqiubang.

Foto: Weibo

Um ativista afirmou que a campanha cruel foi organizada pelo secretário do Partido Comunista de Longcan Town. “Pare de assassinar animais domésticos”, condenou o ativista no Weibo.  O grupo de direitos dos animais, PETA (Pessoas para o Tratamento Ético dos Animais), também pediu as autoridades chinesas que não usem o surto de coronavírus como “uma desculpa para maltratar os animais”.

Outro vídeo, compartilhado por um ativista de direitos animais , mostra um policial que usava uma máscara facial tocando um cachorro sem vida ao lado de uma rua enquanto alguns de seus colegas assistiam.

Novos vídeos divulgados também pretendem capturar os homens que são vistos matando cães com varas de madeira. Um dos vídeos, compartilhado pela instituição animal chinesa, Chengdu, mostra um labrador preto na cidade Chengdu, província de Sichuan, sendo espancado por quatro oficiais de uma comunidade, no dia 12/02, segundo a instituição.

Nas imagens, o animal não estava atacando ninguém e apenas aguardava seu tutor numa rua quando os oficiais cercaram e atacaram o cão. Quando o tutor do cachorro chegou, o animal já estava morto.

Confira as imagens:

A respeito de um outro caso, o vídeo mostra um policial no condado de Yongjia, província de Zhejiang, batendo em um cachorro na beira da estrada, também usando uma vara de madeira. Nas imagens, o policial aparece vestido com uma máscara para que não seja reconhecido.

Um outro caso ocorreu dia 13, na vila de Huangsha, onde ativistas de direitos animais alegam que policiais mataram todas as galinhas e cães depois que dois visitantes da comunidade foram diagnosticados com o vírus no dia 10/02.

No dia 12, um vídeo fornecido ao MailOnline mostrou um trabalhador espancando um cão na cidade de Nanchong, na província de Sichuan, segundo ativistas.

Confira as imagens:

 As comunidades de todo o país supostamente ordenaram que os cidadãos se livrassem de seus animais domésticos ou os mesmos correm o risco de serem assassinados – em meio a temores de que os animais também pudessem pegar e transmitir a doença.

Os temores generalizados foram despertados pelos comentários de uma das maiores especialistas da China em doenças infecciosas, Li Lanjuan, membro da equipe sênior da Comissão Nacional de Saúde da China. Ela declarou em janeiro que os animais domésticos também precisariam ficar em quarentena caso tenham sido expostos a pacientes com coronavírus.

Mais tarde, autoridades da China comunicaram que houve um erro de interpretação no comunicado da especialista, mas muitos animais já haviam sido mortos e abandonados. A organização de bem-estar animal Humane Society International (HSI) condenou o comportamento dos trabalhadores chineses de Sichuan que estão capturando e agredindo animais até a morte.

A porta-voz da HSI, Wendy Higgins, disse ao Daily Mail (12): “Qualquer evidência de animais sendo espancados até a morte na rua é extremamente angustiante, independentemente das circunstâncias”.

E completou: “Se esses vídeos realmente mostram cães sendo brutalmente mortos na China por um medo injustificado de espalhar o coronavírus, então é duplamente perturbador”.

“Os oficiais da comunidade devem ser encarregados de passar informações precisas e cientificamente apoiadas ao público neste momento, e não de realizar assassinatos cruéis e sem sentido de cães. O conselho da Organização Mundial de Saúde de que não há evidências de que cães e gatos possam estar infectados com o vírus precisa ser ouvido em toda a China”.


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