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Investigação revela os horrores e o sofrimento de perus em fazenda de criação

19 de dezembro de 2019
6 min. de leitura
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Foto: Viva!
Foto: Viva!

Uma fazenda de criação de perus no Reino Unido se tornou alvo de revolta e indignação da população após a divulgação de imagens capturadas durante uma investigação secreta.

A filmagem feita pela ONG de proteção animal Viva! mostra aves doentes e feridas deixadas para morrer em galpões superlotados, a maioria delas com feridas abertas e em sofrimento. Um trabalhador é visto “matando perus brutalmente com um dispositivo desumano de esmagamento do pescoço”.

A fazenda nas imagens, Gravel Farm, cria mais de 30 mil perus por ano e vende os animais para gigantes dos supermercados no país como a Sainsbury’s. A empresa foi denunciada à Agência de Saúde Animal e Vegetal do Reino Unido. A rede Sainsbury’s confirmou que está “investigando” a instalação.

Câmeras ocultas

A ONG Viva! filmou os abusos na Gravel Farm – usando câmeras ocultas – entre setembro e novembro de 2019. Segundo a organização, imagens da investigação que durou três meses “revelam cenas chocantes de sofrimento e crueldade com total desrespeito aos animais”.

A fazenda possui dois grandes galpões, cada um deles abrigando até 5.500. A Viva! diz que os animais dentro dos galpões “nunca veem a luz do dia e são alimentados mecanicamente continuamente para garantir o máximo crescimento e em consequência maior lucro”. A velocidade com que esses perus crescem significa que suas pernas vão ter que lutar para sustentar seus corpos acima do peso.

Sem enriquecimento

A investigação descobriu perus criados na Fazenda Gravel Farm sofrendo de ferimentos terríveis, segundo os ativistas – incluindo feridas sangrentas causadas por outras aves bicando suas penas, ferimentos esses que não receberam tratamento.

Foto: Viva!
Foto: Viva!

Os perus são animais inteligentes e curiosos, diz a Viva !, portanto, sem enriquecimento ambiental, para reduzir o estresse e evitar bicar outras aves, os animais muitas vezes acabam se ferindo em galpões superlotados.

Compartimentos de segregação

Como os ferimentos são generalizados, a Gravel Farm usa compartimentos de segregação para manter os animais doentes ou feridos afastados dos outros. Os investigadores encontraram duas aves “gravemente feridas”.

“Um deles teve uma asa quebrada e necrótica infectada e outro teve um problema respiratório grave. Ambas as aves foram identificadas no domingo, 24 de novembro, e as duas ainda estavam presentes na sexta-feira, 29 de novembro, não mostrando sinais visíveis de melhora”, afirmou a Viva!.

Foto: Viva!
Foto: Viva!

“Esta fazenda está descaradamente maltratando os animais, as aves doentes ou feridas devem ‘receber atenção imediata para que o sofrimento não seja prolongado’ e que as contenções devem ser verificadas ‘no mínimo duas vezes por dia’ uma vez que o ideal seria a liberdade das aves, mas como isso não é possível que vivam de forma adequada”.

Esmagamento de pescoço

Os investigadores também descobriram perus sendo mortos com um dispositivo de deslocamento do pescoço – uma ferramenta parecida com um alicate que esmaga a medula espinhal da ave, descrevendo-a como “uma das práticas mais cruéis e graves descobertas na fazenda”.

“Nas filmagens obtidas pela ONG, um trabalhador desloca o pescoço de dois perus em um compartimento separado para doentes e feridos. Ambos as aves sofrem mortes prolongadas e visivelmente angustiantes, lutando por vários minutos após o golpe inicial”.

Foto: Viva!
Foto: Viva!

“Imagens incrivelmente perturbadoras”

“Vemos evidências extensas de doenças, dores e sofrimento nesta unidade. Comportamentos como bicar penas e canibalismo entre as aves são generalizados e, em alguns casos, causam machucados graves com feridas abertas expostas, inchaço e hematomas extremos. Isso ocorre apesar do fato de as aves terem sido sujeitas a “corte de bico”, mutilações efetuadas na tentativa de conter esse tipo de agressão – um comportamento que decorre de condições ambientais que não atendem às necessidades básicas dos perus”, disse a Dra. Alice Brough, consultora veterinária.

“Existe uma falha dos membros da equipe da fazenda em identificar problemas e lidar adequadamente com eles. Não há evidências demonstradas durante o período das filmagens de que qualquer uma das aves movidas para os compartimentos de segregação receba tratamento por ferimentos ou doenças; não foi visto nenhum funcionário aplicando medicamentos tópicos ou algum tratamento como administração de medicação injetável ou oral. Os alimentadores e bebedores não estão separados das linhas que abastecem o restante dos galpões e, portanto, é improvável que sejam administrados medicamentos pela alimentação ou água”.

“O que vemos nesta filmagem é incrivelmente perturbador e mostra um desrespeito categórico aos animais”, conclui a veterinária.

Foto: Viva!
Foto: Viva!

“Abuso sistemático”

“Estamos absolutamente satisfeitos que a Gravel Farm foi denunciada às autoridades competentes como resultado da investigação da Viva!. Nossa equipe testemunhou condições terríveis, documentando o abuso sistemático de perus de criação, cujas vidas curtas são preenchidas com nada além de miséria e dor. Enquanto algumas aves foram cruelmente mortas com dispositivos bárbaros de esmagamento do pescoço, outras foram mortas lentamente, agonizando em decorrência de seus ferimentos – tudo por causa de um jantar de Natal “, acrescentou a gerente de campanhas da ONG, Lex Rigby.

“Embora esta fazenda tenha sido denunciada e exposta, a crueldade contra animais persiste em muitos outros locais, daí a importância de investigações feitas por ONGs que lutam pelos direitos animais. A Viva! tem a missão de trazer ao conhecimento do público as condições abomináveis que vigoram nas fazendas industriais. Embora sejam cenas duras de se ver, é a realidade e a única forma de acabar com esse tipo de crueldade é se tornando vegano”.

“O Natal deve ser uma época de paz e boa vontade, e acreditamos que não há melhor maneira de comemorar do que estender nossa compaixão a todos os seres. É por isso que estamos pedindo aos consumidores que escolham uma alternativa à base de vegetais ao peru neste Natal e escolham ser veganos”, finalizou a ativista. As informações do Plant Based News.

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