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Década atual deve ser a mais quente já registrada

6 de dezembro de 2019
4 min. de leitura
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Eventos climáticos extremos atingem o mar Adriático em Ražanac, na Croácia | Pixabay

Impulsionado pelas emissões de gases de efeito estufa, o aquecimento global excepcional significa que esta década provavelmente será a mais quente já registrada, de acordo com a Organização Mundial de Meteorologia (OMM), que divulgou dados provisórios sobre o clima global na terça-feira (3).

A agência também descobriu que 2019 caminha para se tornar o segundo ou terceiro ano mais quente da história, com a temperatura média global de janeiro a outubro cerca de 1,1 grau Celsius acima da era pré-industrial.

“Se não tomarmos medidas urgentes para o clima agora, estaremos caminhando para um aumento de temperatura de mais de 3°C até o final do século, com impactos cada vez mais prejudiciais ao bem-estar humano”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

“Não estamos nem perto de cumprir a meta do Acordo de Paris”, acrescentou, referindo-se ao acordo internacional de 2015 para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

CO2 e níveis do mar em alta

O relatório constata que as concentrações de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, que atingiram níveis recordes no ano passado, também continuaram a aumentar em 2019.

Além disso, o aumento do nível do mar foi intensificado devido ao derretimento das camadas de gelo na Groenlândia e na Antártica, enquanto a temperatura do oceano bateu níveis recordes, com a degradação dos ecossistemas marinhos vitais.

Várias agências das Nações Unidas contribuíram para o relatório, que também detalha como a atmosfera e o clima têm impacto em saúde, segurança alimentar, migração, ecossistemas e vida marinha.

A variação climática e os eventos meteorológicos extremos estão entre os principais fatores do recente aumento da fome no mundo, que agora afeta mais de 820 milhões de pessoas.

“No dia a dia, os impactos das mudanças climáticas ocorrem através de condições meteorológicas extremas e ‘anormais’. E, mais uma vez em 2019, os riscos relacionados ao clima e ao tempo são difíceis”, disse Taalas.

“Ondas de calor e inundações que costumavam ser eventos que ocorriam ‘uma vez a cada século’ estão ocorrendo com maior frequência. Bahamas, Japão e Moçambique, são exemplos de países que sofreram o efeito de ciclones tropicais devastadores. Incêndios florestais assolaram o Ártico e a Austrália.”

Saúde e migrações afetadas

As temperaturas recordes estão cada vez mais colocando a saúde em risco, de acordo com informações fornecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As principais ondas de calor no Japão no final de julho e no início de agosto foram responsáveis por mais de 100 mortes e cerca de 18 mil hospitalizações.

Cerca de metade da população mundial está agora ameaçada pela dengue, pois as mudanças nas condições climáticas estão facilitando a transmissão do vírus pelas espécies de mosquitos Aedes.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o sul da África passou por extensos períodos de seca devido a um atraso no início das chuvas sazonais. Como a produção de cereais está estimada em cerca de 8% abaixo da média de cinco anos, cerca de 12,5 milhões de pessoas na região irão enfrentar insegurança alimentar.

Desastres relacionados ao clima também estão aumentando as migrações forçadas. Dados da Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) revelam que mais de 10 milhões de novos deslocamentos internos foram registrados durante a primeira metade do ano, com 7 milhões de pessoas sendo forçadas a buscar refúgio devido a desastres como ciclones e inundações. Novos deslocamentos associados a condições climáticas extremas podem mais que triplicar, alcançando a marca de 22 milhões até o final do ano.

O relatório provisório foi divulgado enquanto governantes se reúnem em Madri para a Conferência Climática da ONU (COP25). O documento final da OMM sobre o estado do clima, com dados completos de 2019, será publicado em março do ano que vem.


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