Os registros foram feitos durante o período em que Black viveu aprisionado em um zoológico em Sorocaba (SP). Atualmente, o animal mora em um santuário
O histórico clínico do chimpanzé Black mostra que ele comeu as próprias fezes em 2013 e foi medicado contra estresse em 2012. Nessa época, o animal vivia no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, em Sorocaba (SP). Em maio de 2019, Black foi levado para o Santuário de Grandes Primatas, na mesma cidade.
No histórico, consta como primeiro exame um de fezes, em 1981. Em abril de 1985, há a observação de que o animal estava “um pouco triste” e “com o nariz escorrendo”. Nos anos seguintes, o relatório indica que Black estava “animado”, “esperto” e “comendo”.
Em fevereiro de 2001, o documento registra um diagnóstico de diarreia, que recebeu tratamento. Em 2006, Black estava apático e com secreção nasal – ele novamente recebeu tratamento. Em 2009, a ex-companheira Rita estava com diarreia e Black sem qualquer alteração clínica. As informações são do G1.
Em 15 de junho de 2010, Black recebeu uma dose de diazepam, remédio para controlar a ansiedade, que foi ministrado por conta de fogos de artifício usados por torcedores do Brasil que assistiam ao um jogo do time contra a Coreia do Norte na Copa do Mundo na África do Sul.
“Visando o bem estar do Black, foi dado um comprimido por via oral. A prática também é realizada em cães domésticos que se assustam com os rojões”, escreveu a prefeitura.
Em 2010, Black foi contido para ser submetido a uma avaliação odontológica e permaneceu estável durante o procedimento. Já em 5 de setembro de 2012, o animal teve espirros e tosse graças a uma possível “alergia”, que foi tratada. Os sintomas desapareceram em dezembro, quando foi registrado que ele estava “ativo, sem incômodos, últimos dias de amoxicilina”.
De acordo com o documento, em abril de 2013 o chimpanzé comeu fezes, o que indica um “possível problema de comportamento (solidão, estresse)”. Em seguida, foi realizada a vermifugação.
“Em 2013 foi relatado episódio de coprofagia. Foi realizado exame de fezes e nada foi constatado. Mesmo assim, a vermifugação foi realizada e o quadro não ocorreu mais”, explicou em nota.
Em 16 de novembro de 2013, foi encontrado sangue nas fezes do animal, que apresentava comportamento ativo. O material foi analisado. No dia seguinte, o sangue não apareceu mais. Até 2015, secreções nasais foram registradas. Em 2016 e 2017, o chimpanzé recebeu tratamento para uma possível lesão na face.
Em 2019, Black foi submetido a um exame no dia 19 de fevereiro, que não expôs qualquer problema grave. As unhas dele também receberam cuidados. Em março, o chimpanzé foi avaliado e sua urina foi coletada e encaminhada para laboratório.
Em 2 de abril, o zoológico aumentou a oferta de líquidos do animal. Em 3 de abril, consta o diagnóstico de nefropatia glomerular – doença crônica e degenerativa que poderia matar Black.
“Com isso exposto, deve-se ponderar se os riscos inerentes à transferência de um chimpanzé idoso justificam o propósito de realocação”, afirmou o veterinário no documento. O mesmo exame foi feito pelo santuário cinco vezes, mas nenhum indicou a doença.
De acordo com a Clínica Safari, responsável pelo exame, a “interpretação dos resultados depende não apenas do resultado dos exames laboratoriais”, assim como jejum alimentar ou hídrico, estresse e tipo de alimentação podem influenciar. Afirmou ainda que o resultado elevado não implicaria necessariamente em nefropatia, podendo ser apenas um pico pontual.
“O correto, nestes casos, é acompanhar com exames posteriores, a fim de se detectar se esse anormalidade se mantém”, explicou.
A última anotação feita no histórico clínico do chimpanzé foi em 6 de maio, quando a transferência para o santuário foi realizada graças a uma decisão judicial.