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Populações de leões caem pela metade nos últimos 25 anos

21 de outubro de 2019
5 min. de leitura
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Foto: Suzi Eszterhas
Foto: Suzi Eszterhas

O recente lançamento de um livro atraiu atenção para a situação das populações de leões na savana africana. A publicação adverte que o rei da selva pode ser deposto e desaparecer da natureza para sempre, a menos que sejam tomadas medidas urgentes para interromper a extinção desse belíssimo animal.

O alerta vem de fotógrafos da vida selvagem que capturaram mais de 70 imagens dos animais majestosos em parques e reservas nacionais no Quênia, Tanzânia e África do Sul.

“Remembering Lions” (Recordações dos leões, na tradução livre) foi idealizado pela fotógrafa britânica Margot Raggett e tem como objetivo arrecadar dinheiro e conscientizar o público da necessidade de proteger a espécie.

Foto: Marlon du Toit
Foto: Marlon du Toit

Uma foto mostra 10 jovens leões desesperados por comida depois de perderem seus protetores adultos do sexo masculino. O leão mais famoso da África, batizado de Scar (Cicatriz) faz pose em outra imagem e um momento de ternura entre leoa e filhote é pego em uma terceira fotografia.

E na mesma reserva, Maasai Mara do Quênia, um filhote conhece seu pai pela primeira vez.

O número de leões diminuiu pela metade em 25 anos, restando 20 mil representantes da espécie na África e um pequeno grupo na Índia. Margot disse: “A redução rápida é uma das histórias menos conhecidas em conservação, porque a morte desses animais acontece fora da vista. Caçadas e criação em cativeiro podem ter impactos catastróficos nas populações de leões”.

Foto: Margot Raggett
Foto: Margot Raggett

Jonathan Scott, zoólogo e apresentador do Big Cat Live da BBC1, acrescentou: “Não pode haver desculpas, apenas vergonha se permitirmos que o grande e mais icônico felino desapareça do nosso planeta”.

“Precisamos agir agora para que as gerações futuras possam apreciar o som de leões selvagens rugindo ao amanhecer”.

Ameaças e fazendas de criação em cativeiro

Perseguidos e mortos por partes de seus corpos, caçados por troféus, criados para serem vendidos e explorados pela indústria do turismo, os leões enfrentam ameaças sérias à sua sobrevivência.

O leão enfrenta muitas ameaças à sua sobrevivência, uma delas é o crescimento da presença humana em habitats selvagens, que causa o aumento da urbanização e em consequência disso, o número de animais selvagens diminui.

Foto: Chad Cocking
Foto: Chad Cocking

As “caçadas enlatadas”, vendidas como entretenimento para caçadores de troféus que pagam fortunas pela oportunidade de matar um leão, representam outra ameaça grave à espécie.

Movidas pelas possibilidade de lucro, fazendas de criação de leão tem surgido e se espalhado por toda a África do Sul. Nesses verdadeiros antros de crueldade os animais são forçados a se reproduzir, muitas vezes entre irmãos, com o risco de causar endogamia, ocasionando o nascimento de animais com defeitos congênitos sérios e irreversíveis.

Além de serem vendidos para caçadas cruéis onde o único destino possível é a morte, os leões mantidos nessas instalações muitas vezes são explorados pela indústria do turismo, que cobra valores dos visitantes ávidos por fotos, em troca da “oportunidade” de poder acariciar ou dar mamadeira a um filhote de leão.

Apesar da caça de grandes felinos ser proibida no país, a África do Sul permite a exportação de esqueletos provenientes de cativeiros | Foto: WAP
Apesar da caça de grandes felinos ser proibida no país, a África do Sul permite a exportação de esqueletos provenientes de cativeiros | Foto: WAP

O tráfico de partes de leão (ossos, pele, garras, cabeça) e a venda de animais também movimenta um mercado ativo e cuja demanda estimula a criação, caça e morte dos grandes felinos.

Embora o comércio internacional de partes de corpos de leões seja proibido pela CITES, a África do Sul tem permissão para estabelecer sua própria cota de exportação para leões cativos, cujos ossos são indistinguíveis de indivíduos selvagens. Quase duplicando desde 2017. Ano passado o governo aprovou uma cota de exportação de 1.500 esqueletos de leão em cativeiro.

A atual situação do leão, é a de uma espécie ameaçada de extinção, medidas urgentes precisam ser tomadas para a preservação da espécie, tanto pelo governo da África do Sul em prol da conservação e inibição de atividades que ameacem a sobrevivência da espécie, como as fazendas de criação e caçadas por troféus e a exportação de partes do corpo do animal, quanto pelos demais países que contribuem para que os números das populações do grande felino declinem, com o Reino Unido e os Estados Unidos como campeões de importação de troféus.

Dados sobre os leões

Os leões foram extintos em 12 países nas últimas décadas e agora ocupam apenas 8% do seu alcance histórico.

Foto: World Animal Protection
Foto: World Animal Protection

Na maioria das áreas onde eles são encontrados, as populações selvagens caíram cerca de 60% em pouco mais de 20 anos. Populações na África Ocidental são classificadas como Criticamente Ameaçadas.

Cerca de 20 mil leões permanecem em estado selvagem, em toda a África.

Desde 2008, 6 mil esqueletos de leões foram enviados para o leste da Ásia do Sudeste, provavelmente derivado de instalações de reprodução em cativeiro.

Em 2017, os EUA importaram mais de 230 troféus de leão, incluindo crânios, ossos, pele e garras (no Reino Unido, 20).

Cerca de 84% das instalações de leões em cativeiro na África do Sul estão envolvidas na venda de leões vivos e 72% venderam intencionalmente partes de corpos de leões.

Foto: Getty
Foto: Getty

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