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Golfinho que exibia comportamento compulsivo após 15 anos em cativeiro finalmente é libertado

19 de outubro de 2019
4 min. de leitura
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Foto: Dolphin Project
Foto: Dolphin Project

Um vídeo de um golfinho pulando acima da superfície da água e tentando se arremessar sobre os limites de seu cativeiro, que era uma piscina de hotel onde se apresentava para turistas, causou comoção mundial nas redes sociais

As imagens perturbadoras foram gravadas no Melka Excelsior Hotel fica no norte de Bali.

Cinco golfinhos ao todo eram mantidos na piscina de hotel, onde eram forçados a nadar com turistas que pagavam pela “diversão”. Os animais viveram em péssimas condições por mais de uma década.

O hotel também mantinha outros animais presos em celas de concreto e aço com o objetivo de entreter turistas e visitantes.

Entre eles estavam: três crocodilos de água salgada, dois macacos, vários pássaros, cobras e porcos-espinhos.

Os golfinhos foram finalmente resgatados pela ONG Dolphin Project e os outros animais foram resgatados pelo Ministério do Meio Ambiente e Florestas da Indonésia.

A maioria dos animais foi toda retirada do hotel em agosto de 2019.

Os últimos dois golfinhos a serem salvos, Johnny e Dewa, agora foram realocados para um santuário no Parque Nacional de West Bali.

No entanto, morar em uma piscina de cloro por um período tão longo fez com que Dewa perdesse os dentes e não conseguisse mais pegar peixes, enquanto Johnny além de ter ficado sem dentes também ficou cego, como resultado da toxicidade do cloro, e não seria mais capaz de viver em estado selvagem.

Eles foram transportados para o santuário em 8 de outubro de 2019. O santuário é um amplo compartimento fechado que fica no mar.

Um dos cinco golfinhos morreu no dia do resgate sendo que, no total, quatro golfinhos foram libertados do cativeiro.

O quinto golfinho não conseguiu sair do cativeiro vivo, o animal morreu em 3 de agosto, poucos dias antes do resgate.

Golfinhos explorados

Os mamíferos foram forçados a atuar sob condições deploráveis, fazendo truques, sendo manipulados por turistas em sessões de nado com golfinhos e usados nos chamados programas de “terapia com golfinhos” do hotel.

Os outros animais formavam um mini zoológico dentro do hotel, mantido na escuridão em gaiolas frias de concreto e aço.

Depois de receber várias reclamações sobre o Melka Excelsior Hotel, o Departamento Florestal Central de Jacarta pediu ao Dolphin Project para investigar.

Logo em seguida, o Ministério do Meio Ambiente e Florestas pediu o resgate imediato de todos os animais.

Golfinhos no limite

A Rede de Ajuda Animal de Jacarta (JAAN) disse ao Yahoo News Australia após ver as imagens, que o golfinho capturado pelas câmeras apresentava comportamento descontrolado e estava sofrendo muito.

“A piscina onde Dewa estava guardada era feita de cerâmica antiga muito afiada”, disse Femke den Haas, da JAAN.

“Ele estava cheio de arranhões e também mostrou comportamento psicótico como se estivesse tentando pular para fora da piscina”.

Ric O’Barry, do Dolphin Project, trabalhou disfarçado para observar Dewa e os outros quatro golfinhos mantidos no Melka Excelsior Hotel.

“O pessoal do hotel estava trazendo grupos da Rússia para serem curados por esses golfinhos abusados e doentes que nem conseguiam curar a si mesmos”, disse ele ao Yahoo News Australia.

“Havia muitos clientes da Austrália, pessoas que levavam seus filhos até lá para serem curados por golfinhos. Eles vendiam essas sessões para estes visitantes crédulos”.

O’Barry, que trabalhou no filme Flipper de 1996 e foi treinador de golfinhos, descreveu os compartimentos dos cetáceos como sendo um “vaso sanitário”.

“Os golfinhos urinam e defecam três a cinco vezes a quantidade de um ser humano”, disse ele.

“Então, quando você tem cinco golfinhos defecando e urinando o dia inteiro em uma piscina – os dejetos não podem ficar flutuando, se os turistas vissem isso, eles não entrariam na água”.

“Mas os dejetos se misturam com a água e a maneira como o hotel combatia a sujeira era colocando grandes quantidades de cloro, o que faz com que os golfinhos fiquem cegos”.

Cura e liberdade

Ao serem libertados no santuário, os golfinhos se moveram para o centro da piscina e se agarraram um ao outro.

O’Barry disse que o comportamento agressivo dos Dewa diminuiu imediatamente.

Foto: Dolphin Project/Instagram
Foto: Dolphin Project/Instagram

“Acho que podemos curar seus problemas mentais no santuário, pelo menos até certo ponto”, disse ele.

“Dewa agora pode experimentar a mudança das marés, os sons do mar, ver as estrelas, sentir a chuva.

“Todas essas coisas que ele perdeu nos últimos 15 anos estão agora disponíveis para ele”.

O Projeto Dolphin trabalhou com o Centro de Conservação de Recursos Naturais da Indonésia (BKSDA) e a Jakarta Animal Aid Network (JAAN).

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