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Elefantes agredidos com ganchos de metal são forçados a carregar turistas com as trombas

4 de setembro de 2019
6 min. de leitura
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Sob a ameaça constante de seus exploradores, as animais giram argolas com as trombas, equilibram-se em duas patas e uma série de truques antinaturais em shows diários na Tailândia


Foto: ViralPress
Foto: ViralPress

Por Eliane Arakaki

A indústria do turismo explora animais indefesos submetendo-os a todo tipo de tortura e obrigando-os a realizar truques antinaturais mediante ameaça de serem feridos com cortes e espancamentos.

Tudo isso acontece com o objetivo de entreter uma plateia pagante de turistas que, muitas vezes alienada, bate palmas e se diverte mediante o sofrimentos desses seres sencientes e indefesos.

O último flagrante desses maus-tratos está registrado em imagens divulgadas recentemente que mostram elefantes sendo obrigados a carregar turistas em suas trombas, enquanto mahouts (treinadores de elefante) segurando bastões com ganchos afiados na ponta (bullhook) os obrigam se apresentarem no Elephant World.

Os animais foram filmados no início deste mês durante um de seus exaustivos shows diários para multidões de turistas na remota região de Surin, no nordeste da Tailândia.

Os mahouts (manipuladores de elefantes) podem ser vistos empunhando bullhocks ao lado dos animais – essa ferramenta de tortura foi especialmente criada para controlar e dominar os elefantes.

Durante a apresentação, os elefantes giram bambolês em suas trombas e se apoiam em duas patas antes de serem forçados a chutar uma bola de futebol em uma rede.

Alguns são instruídos a recuar e, em outro momento do show, voluntários da plateia se deitam e deixam os elefantes passarem por cima deles – chegando a centímetros de serem esmagados.

Os elefantes ainda são obrigados a transportar espectadores içando-os em suas trombas e desfilando pelo local do show.

Foto: ViralPress
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Durante todo o show, os mahouts seguram os bullhooks o tempo todo, uma mulher pode ser vista nas imagens erguendo a ferramenta em direção ao elefante depois que ela puxa violentamente a orelha do animal.

O grupo que atua em defesa dos direitos animais, PETA criticou severamente o show, que em parte devido à sua localização remota até agora escapou das denúncias e críticas recebidas por outros locais de exploração na Tailândia.

Jason Baker, vice-presidente de campanhas internacionais da PETA, disse que os elefantes no vídeo estavam se apresentando apenas por causa da ameaça de violência e pediu aos turistas que não comparecessem a esse tipo de show.

Ele disse ao Daily Mail: “Esses elefantes não estão se apresentando porque é divertido. É porque eles têm medo do abuso que receberão se não o fizerem”.

Foto: ViralPress
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“Isso fica evidente com a presença constante do bullhook, uma arma com um gancho afiado em uma extremidade, sendo mantida bem ao lado deles, como ameaça”.

“Se as pessoas soubessem que seus ingressos estavam promovendo o abuso e o sequestro de elefantes da natureza, certamente nunca entrariam nesses locais.”

Um visitante do Elephant World, na província de Surin, disse que os shows acontecem todos os dias das 10h às 14h, com cada elefante tendo que se apresentar várias vezes.

Eles disseram: “O show é muito popular, nos fins de semana e feriados está cheio, e as pessoas que visitam são principalmente turistas tailandeses, mas às vezes existem estrangeiros”.

Foto: ViralPress
Foto: ViralPress

No mês passado, a maior operadora de turismo da China cortou laços com um show semelhante perto da capital Bangkok, após uma pressão constante do grupo de direitos animais PETA.

No entanto, o show em Surin fica a cerca de 300 milhas de distância e na pobre região de Isan, no nordeste da Tailândia.

O parque de elefantes parece ter escapado ao escrutínio que passaram os grandes shows de elefantes localizados em destinos turísticos populares, como Bangkok e Phuket.

O porta-voz da PETA, Jason Baker, acrescentou: “Todos os elefantes forçados a entrar no show business na Tailândia foram ‘domados’ da maneira mais doentia, horripilante e muitas vezes mortal imaginável”.

Foto: ViralPress
Foto: ViralPress

“A indústria de elefantes tailandesa ganhou fama por tirar os filhotes ainda mamando de suas mães, imobilizados, espancados sem piedade e tendo suas unhas uma a uma arrancadas por dias seguidos. Este tratamento quebra seu espírito, e alguns não sobrevivem”.

“Eles são forçados a passar o resto de suas vidas em cativeiro e se apresentar em shows como este onde são espancados, açoitados e feridos com ganchos para forçá-los a realizar truques difíceis e sem sentido apenas para o entretenimento humano”.

“Quando não são forçados a realizar truques antinaturais ou levar turistas sem suas costas, esses elefantes geralmente passam a maior parte de sua vida acorrentados, incapazes de dar mais do que alguns passos”.

“A PETA pede que todos fiquem longe de qualquer lugar que force os elefantes a fazer truques ou oferecer passeios.”

Foto: ViralPress
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O gerente do Elephant World, Prakit Raumpattan, disse que os ganchos são usados apenas como um “aviso” e “nunca usados durante o treinamento ou nos shows”.

Ele acrescentou: “O gancho é apenas para garantir que os elefantes não se comportem mal. Os elefantes ainda são animais selvagens, não importa o quanto os treinemos e tentemos fazê-los domesticados”.

“Eles ainda podem ser imprevisíveis, pois o bullhook é usado como uma ameaça para impedi-los de fazer algo perigoso ou atacar pessoas”.

“Nós treinamos os elefantes desde que eram bebês, da mesma forma que as pessoas treinam um cachorro e elas recebem recompensas como bananas, mas nunca são abusadas.”

Foto: ViralPress
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Elefantes

A comparação dos elefantes aos cães, feita por um dos responsáveis do “show” só torna mais evidente a falta de empatia e conhecimento dos explores desses animais. Ao contrário dos cachorros, elefantes não são domesticados, são animais selvagens, inteligentes e com capacidades sociais e de formação de vínculo altamente desenvolvidas. Eles vivem em grupos, tem sociedades hierárquicas com formação de família, prosperam na natureza, acostumados a liberdade, o cativeiro é uma sentença de morte para esses majestosos animais.

Foto: ViralPress
Foto: ViralPress

Fome, dor, sofrimento, privação, medo, abuso e exploração, esse é o cotidiano de desses animais que vivem acorrentados e submissos, saindo apenas para entreter plateias de turistas alienados, levar outros nas costas ou servir de enfeite para selfies com muitos outros.

Submeter o maior mamífero da Terra a esse tipo de desrespeito é um atentado a dignidade dessas criaturas belíssimas e únicas e reduzi-los a uma existência miserável, onde a única escapatória é a morte

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