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Sem provas, Bolsonaro diz que ONGs podem ser responsáveis por queimadas na Amazônia

21 de agosto de 2019
3 min. de leitura
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que ONGs podem ser responsáveis pelas queimadas na Amazônia. Ele alega que as entidades perderam recursos e, por isso, poderiam estar incendiando a floresta para atingi-lo.

(Adriano Machado/Reuters)

“”O crime existe e nós temos que fazer o possível para que não aumente, mas nós tiramos dinheiro de ONGs, repasses de fora, 40% ia para ONGs, não tem mais. De modo que esse pessoal está sentindo a falta de dinheiro. Pode estar havendo, não estou afirmando, a ação criminosa desses ‘ongueiros’ para chamar a atenção contra minha pessoa contra o governo do Brasil”, disse o presidente.

Bolsonaro não apresentou qualquer prova ou evidência que respalde sua alegação e ignorou o fato de que ONGs que defendem o meio ambiente não incendiariam uma das mais importantes florestas existentes em hipótese alguma. A tática do presidente, ao que parece, é de tirar o foco do que realmente tem acontecido, especialmente após ser divulgado que proprietários de terra promoveram o “dia do fogo” na região amazônica. Bolsonaro já havia agido assim antes, quando chamou de mentirosos os dados do Inpe que expuseram o aumento alarmante do desmatamento no país.

As queimadas também têm aumentado, tendo sido registrado crescimento de 70% em todo o país. O número representa um recorde, já que é o maior desde 2013 e o bioma mais afetado, com 51,9% dos casos, é o da Amazônia. Os dados são do Programa Queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Bolsonaro disse que vai, junto dos ministérios da Defesa e do Meio Ambiente, decidir quais providências tomar sobre o caso. “Vamos fazer o possível e o impossível para conter esse incêndio criminoso, cada árvore queimada eu sinto aqui em mim o que está acontecendo”, disse.

A declaração de Bolsonaro sobre sentir a destruição da Amazônia, no entanto, é desmentida pelas ações dele. Isso porque, dentre tantos retrocessos promovidos contra a agenda ambiental, seu governo cortou R$ 187 milhões do orçamento do Ministério do Meio Ambiente, fazendo com que a pasta perdesse 95% das verbas destinadas a programas como de combate às mudanças do clima, gestão e uso sustentável da biodiversidade, combate a incêndios, licenciamento e fiscalização ambiental, conforme consta no Sistema Integrado de Orçamento e Planejamento, do Governo Federal.

Além disso, as próprias palavras do presidente o desmentem. Isso porque, após afirmar que se preocupava com a Amazônia, Bolsonaro criticou encontros mundiais cobra o clima, importantes para a proteção do meio ambiente, e disse que se esses encontros fossem bons, “o americano não teria saído”. Recentemente, ele disse também que “só os veganos que comem vegetais” se importam com o meio ambiente, mostrando mais uma vez que para ele a preservação da natureza não é pauta importante.

As atitudes de Bolsonaro e o crescente desmatamento da Amazônia já geraram retaliação. Descontentes com o governo brasileiro, Alemanha e Noruega cortaram verbas destinadas ao Fundo Amazônia, que, dentre outras coisas, eram usadas no programa do Inpe de combate a queimadas.


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