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Quase 4 mil caçadores estão inscritos para matar javalis em SC

24 de abril de 2019
3 min. de leitura
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Estimativas indicam que existam de 1 a 2 javalis por quilômetro quadrado e uma população total de aproximadamente 200 mil animais da espécie em Santa Catarina. Sob a desculpa de controle populacional, 3.868 caçadores estão inscritos no estado para matá-los.

Foto: Pixabay

Tendo os direitos básicos à vida e à integridade física desrespeitados, o javali é atualmente o único animal cuja caça é permitida no Brasil. A permissão para que ele fosse caçado em todo o território nacional passou a vigorar em 2013. No entanto, desde 1995, a caça já era realizada, de forma experimental, no Rio Grande do Sul.

Em março deste ano, uma nova portaria do Ibama informatizou o sistema de autorizações para caçadores, autorizou o uso de armas brancas e armadilhas – com exceção das armadilhas de laço e de dispositivos com acionamneto automático de armas de fogo – e permitiu que cachorros fossem explorados para a caça do javali, colocando esses animais em risco.

As pessoas autorizadas a caçar javali fazem uma inscrição no Cadastro Técnico Federal (CTF), do Ibama, e um registro no Sistema de Informação de Manejo de Fauna (Simaf), também gerido pelo órgão ambiental. As autorizações têm validade máxima de três meses.

A autorização da caça ao javali por si só coloca em risco outras espécies. A queixada e o cateto, por exemplo, são confundidos com os javalis pelos caçadores e acabam sendo mortos. Outros animais são assassinados de forma proposital. Além disso, a permissão para caça pode autorizar a prática até mesmo em unidades de conservação e florestas nacionais, o que ameaça ainda mais a fauna brasileira.

Após matar os javalis, os caçadores devem apresentar relatórios sobre a caçada, que devem ser entregues em até três meses contados a partir da data em que a autorização foi concedida.

História do javali no Brasil

O javali foi trazido ao Brasil no início dos anos 2000 para ser explorado para consumo humano. “De repente tínhamos muitos criadores. Foi aí que a gente contaminou várias áreas. Uma parte de um rebanho escapou, alguém deu um filhote para o vizinho, e assim foi. Não tiveram condições de segurar”, explica o biólogo Carlos Henrique Salvador.

Com a capacidade da espécie de percorrer longas distâncias, reproduzir-se de forma acelerada e se dispersar, o número de javalis aumentou e o animal se espalhou pelo Brasil. Locais que não tinham a presença do javali, receberam o animal após ele ser levado por caçadores que, de maneira cruel, queriam caçá-lo por hobby.

Na natureza, os javalis se reproduziram com os porcos domésticos e os porcos asselvajados, dando origem ao javaporco.

Nota da Redação: o javali, assim como qualquer outro animal, deve ter seu direito à vida resguardado. Autorizar que ele seja covardemente morto é totalmente antiético e injustificável. É preciso que o Brasil avance na defesa dos direitos animais, e não retroceda, como tem feito ao liberar uma nova portaria que facilita a caça ao javali e ainda coloca em risco a vida de cachorros, explorados por caçadores. 

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