EnglishEspañolPortuguês

Desaparecimento do gelo marinho ameaça a sobrevivência da vida selvagem

6 de abril de 2019
3 min. de leitura
A-
A+
Foto: Getty Images
Foto: Getty Images

O gelo marinho do Ártico continua a sofrer declínios de longo prazo, o que leva muitos cientistas a se preocuparem que a região esteja caminhando em direção a um futuro onde não existam mais coberturas de gelo durante os meses mais quentes, segundo informações da Scientific American.

Os verões sem gelo acelerariam mais ainda a mudança climática no Ártico, que vem se aquecendo rapidamente, conforme dizem os , o que causaria profundas consequências no delicado ecossistema da região, de algas aos ursos polares.

Como resultado, os pesquisadores estão monitorando cuidadosamente o ciclo de vida do gelo marinho do Ártico para acompanhar como ele está respondendo à mudança climática. Esta semana, novas pesquisas levantaram preocupações sobre o derretimento do gelo – e seus efeitos sobre a ecologia do Ártico.

Um estudo publicado esta semana na Scientific Reports descobriu que o derretimento do gelo marinho está afetando um importante sistema de transporte do Oceano Ártico conhecido como Transpolar Drift Stream, uma corrente que transporta gelo marinho recém-formado de águas rasas próximas da costa russa até o centro do Ártico. Este gelo jovem tende a transportar uma variedade de sedimentos e nutrientes, tornando-se um regulador importante na biologia e química do oceano.

Ainda recentemente, nos anos 90, pelo menos metade do novo gelo que se formava nas bordas do oceano sobrevivia tempo suficiente para atravessar o Oceano Ártico. Mas hoje, segundo a nova pesquisa, apenas cerca de 20% desse gelo dura tanto tempo; o resto se derrete antes de completar a jornada.

O estudo sugere que a probabilidade de sobrevivência do gelo do primeiro ano, originado nas aguas rasas russas, cai cerca de 15% a cada década.

Mais fino e menos volumoso

O estudo também descobriu que o gelo que completa a jornada não é tão espesso quanto costumava ser.

“O que estamos testemunhando é uma imensa corrente de transporte vacilante, que está mostrando ao mundo, o grande passo que foi dado, rumo a um verão sem gelo marinho no Ártico”, disse Thomas Krumpen, principal autor do estudo do Instituto de Pesquisa Alfred Wegener para Polares e Marinhos, em um comunicado.

O declínio do gelo marinho no Ártico é uma enorme preocupação para a manutenção climática. Conforme o gelo do mar desaparece, ele expõe mais e mais da superfície do oceano ao sol, permitindo que a água absorva mais calor. Muitos pesquisadores sugeriram que esse processo poderia contribuir para um ciclo vicioso, no qual mais calor oceânico provoca o degelo de mais gelo marinho.

Mas a nova pesquisa também aponta outra preocupação. Se menos gelo for transportado dos baixios russos para o Ártico Central, isso também significa que as águas mais profundas provavelmente estão recebendo menos nutrientes e material orgânico que o jovem gelo costuma carregar consigo. As consequências disso ainda não são claras, mas podem ocasionar mudanças significativas nos tipos de bactérias e algas que crescem no Ártico Central, observam os pesquisadores.

O gelo marinho mais fino, contendo menos sedimentos, também permite que mais luz penetre na água mais fundas, alterando potencialmente o tempo de florescimento de algas no Ártico Central.

Mais monitoramento é necessário para determinar exatamente o que essas mudanças podem significar para a ecologia do Ártico. Mas os pesquisadores estão cada vez mais certos de que o declínio do gelo marinho provavelmente terá grandes implicações para o ecossistema polar e sua vida selvagem, mesmo que os resultados exatos permaneçam desconhecidos.

As descobertas foram publicadas apenas algumas semanas após o gelo do Ártico ter atingido sua extensão máxima anual para o inverno, de acordo com o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo.

Atingindo cerca de 5,71 milhões de milhas quadradas em 15 de março, esta é a maior extinção alcançada desde 2014, mas ainda fica empatada com a sétima menor em todo o recorde de 40 anos.

As quatro extensões máximas de calotas de gelo mais baixas ocorreram entre 2015 e 2018.

Você viu?

Ir para o topo