Tim Burton está no caminho do tapete vermelho com mais um longa-metragem, um remake de “Dumbo”, um filme da Disney de 1941.
O lado oposto do reconhecimento do cineasta pela obra é o que a história do filme traz em sua real essência: a exploração animal para entretenimento humano.
Burton nunca gostou de circos. Segundo ele, animais enjaulados realizando truques o incomodava demais. Então o que o levou a recontar essa história?
Nas palavras do próprio cineasta diz: “Não há como negar o romance de fugir para se juntar ao circo. E ainda mais se a aventura envolver um elefante voador.”
“A coisa que eu gostava em ‘Dumbo’ era apenas a ideia – a imagem de um elefante voador e um desajeitado – e todo esse tipo de coisa é muito atraente para mim”, disse ele à AFP.
Talvez pelo fato de ter sido chamado de ‘esquisito’ por garotos da escola, o cineasta tenha se identificado com ‘o elefante de orelhas enormes que é ridicularizado por todos’. O tema da alienação ou deficiência como fonte de força faz parte de sua obra.
“Você pode ter um desajeitado notado por algo e usar isso como uma coisa positiva”, disse Burton, apontando para as orelhas grandes e flexíveis de Dumbo.
‘Dumbo’ não a imagem da superação. Aprender a voar não o libertou da opressão humana, mas sim o aprisionou ainda mais. Enquanto ‘estranho’, para nada servia. Quando ‘estranho mas voador’, fonte de dinheiro e sucesso para um circo falido.
O filme nada mais é do que a falsa retração do circo como um ambiente feliz, de descobertas, sonhos e recomeços – o que é uma grande ilusão. Por de baixo das lonas coloridas, o que existe é exploração, abuso, medo, tristeza e solidão.
O filme
A nova roupagem de “Dumbo”, que chega aos cinemas americanos em 29 de março, conta a história do filhote de elefante que nasceu com orelhas enormes. Após ser ridicularizado por todos, ele descobre que pode voar e se transforma na principal atração de seu circo, sendo explorado por isso.
Em 2015, a PETA havia pedido a Tim Burton que seu remake tivesse um final feliz longe da indústria do circo.
O grupo de defesa animal pediu ao diretor que, na nova versão, o elefante orelhudo e sua mãe fossem enviados a um santuário.
N época, a vice-presidente da PETA, Lisa Lange, disse “Esperamos que na sua adaptação de Dumbo o jovem elefante e sua mãe possam ter um final feliz de verdade, vivendo suas vidas num santuário ao invés de continuarem aprisionados e abusados na indústria de entretenimento.”
Infelizmente, Burton não atendeu ao pedido, e ‘Dumbo’ será mais um exemplo de como não se deve tratar a vida selvagem.