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Aumenta o número de baleias-jubarte mortas ao longo da costa do Atlântico

18 de março de 2019
4 min. de leitura
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Foto: Seanscott/Getty Images
Foto: Seanscott/Getty Images

Pesquisadores especialistas em baleias afirmam que o número de encalhes desses mamíferos, ao longo da costa do Atlântico, apresentando sinais de choque com navios e emaranhamento em equipamentos de pesca, é o maior já visto.

De janeiro de 2016 até o início de fevereiro de 2019, o departamento de Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) registrou 88 baleias-jubarte encalhadas. Os estados de Nova York, Virgínia e Massachusetts estão no topo da lista.

Esses números são mais que o dobro do número de baleias encalhadas entre 2013 e 2016.

Este aumento expressivo levou a NOAA a declarar um “evento incomum de mortalidade” em abril de 2017 para as jubartes da costa americana do Maine à Flórida. Quase dois anos depois, a declaração ainda permanece.

O evento de mortalidade incomum é uma designação de situação (criado em 2003), que se declarado permite que a NOAA redirecione recursos destinados a evitar futuros encalhes.

Mas, logo após o anúncio de abril de 2017, as perguntas eram numerosas: Havia mais baleias da água dos canais de navegação ou mais navios? A temperatura da água atraindo as presas (alimento) para mais perto da costa e por consequência as baleias? O barulho do oceano estaria desorientando as baleias?

Naquela época os oficiais da NOAA afirmaram que não possível “saber com certeza” a razão pois os dados eram muito recentes. A causa dos três últimos eventos de mortalidade permanecem “indeterminados” até hoje.

Mas, três anos após a primeira jubarte aparecer morta na costa de da praia de Virginia, em janeiro de 2016, cientistas acreditam que o que poderia estar matando as baleias suas dois fatores: “redes de pesca (emaranhamento) e choques com embarcações”, disse Alexander Costidis, coordenador de estudos do Virginia Beach ao National Geografic. Ambos consequência da ação humana.

A equipe de Costidis investiga todas as baleias mortas no estado e, quando possível, realiza necropsias ou autópsias nos animais.

Os pesquisadores procuram por marcas de ferimentos feitos por hélices, abrasões e sinais de traumatismos e contusões, como ossos quebrados ou fraturas, para tentar determinar o que pode ter causado a morte daquela baleia.

Ainda assim, muitas poderiam ter sido atingidas depois que morreram. E algumas baleias, diz o cientista, apresentam cicatrizes de feridas curadas, sugerindo que sobreviveram a uma colisão de navio ou a um emaranhamento em algum equipamento de pesca.

Se possível, a equipe também realiza testes para avaliar o estado de saúde geral do mamífero, verifica a exposição a agentes patógenos e também examina o conteúdo do estômago da baleia. Os pesquisadores também procuram por sinais de doença.

Evitar choques com embarcações requer tanto uma compreensão mais profunda da biologia das baleias quanto uma maior conscientização das baleias de pessoas que pilotam navios.

A NOAA decretou um protocolo de restrição de velocidade pelas embarcações para proteger espécies específicas de baleias, como a ameaçada de extinção baleia-franca do Atlântico Norte, que também serviria para proteger outras baleias.

A NOAA exige que 65 pés ou mais percorram 10 nós ou menos em determinados locais, chamados de áreas de gerenciamento sazonais. Uma dessas áreas é a boca da Baía de Chesapeake.

“A prevenção é realmente difícil. Primeiro de tudo, a baleia precisa detectar o navio. Então tem que entendê-lo como uma ameaça para a partir daí tomar medidas apropriadas ”, diz Barco.

As baleias certamente podem ouvir os navios, diz Doug Nowacek, professor de tecnologia da conservação marinha na Duke University, mas outros fatores podem estar envolvidos. Nowacek, que estuda o comportamento e a ecologia acústica de baleias e golfinhos, diz que os animais podem se distrair com a alimentação ou com o zumbido constante do tráfego marítimo.

Foi iniciada uma discussão em relação aos avisos acústicos que os navios poderiam emitir, algo parecido com apitos para assustar veados nas estradas usados por motoristas, mas Nowacek diz que “há pouca garantia de que eles funcionariam”.

“Beleias são os maiores animais no oceano. Uma jubarte adulta não tem medo real de nada, então por que deveria ter algum motivo para dar ouvidos a um som novo e alto e entendê-lo como um aviso?”

Rob DiGiovanni, fundador da Atlantic Marine Conservation Society, uma organização de voluntários de Long Island que estuda os encalhes, diz que fonte de alimento preferida das baleias, fica perto dos canais de navegação costeira dos navios. Esses canais se tornaram “paradas de descanso”, segundo DiGiovanni, onde as baleias param e reabastecem.

Costidis acredita que o único remédio imediato para a situação seria diminuir o tráfego de embarcações, mas essa não é um alternativa realista, “mas reduzi-los poderia ajudar” declara ele.

“Até certo ponto”, diz ele, “o intenso tráfego marítimo provavelmente nunca será compatível com a vida das baleias que nadam próximo à costa”.

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