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Elefantes são obrigados a participar de corridas em festival

17 de março de 2019
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Foto: AFP/Divulgação
Foto: AFP/Divulgação

Mahout Y Hoi Bya senta em cima de um elefante, bate no animal vigorosamente com um pedaço de galho de árvore, incitando-o a correr rumo a linha de chegada, estas são cenas da corrida de elefantes Buon Don no planalto central do Vietnã.

Os moradores locais dizem que a corrida é uma celebração de “reverência” aos animais, tradicionalmente considerados como membros da família nesta parte do Vietnã, mas os grupos de bem-estar animal pedem o fim do festival, que afirmam ser cruel e ultrapassado.

Normalmente realizado a cada dois anos, o festival de elefantes Buon Don, considerado convenientemente um grande evento turístico pelas agências de viagem e passeios, apresenta partidas de futebol, sessões de natação, um desfile e um buffet para os animais, culminando com uma corrida muito esperada, com cerca de 10 animais competindo, que acontece nos dois últimos dois dias do evento.

Y Hoi diz que os sucessos consecutivos do elefante que ele monta, chamado de Kham Sinh, na corrida renderam a ele e ao animal um lugar de destaque em sua aldeia na província central de Dak Lak, lar de muitos dos elefantes sobreviventes no Vietnã.

“Ele muitas vezes chega em primeiro lugar na competição de corrida de elefantes”, disse o rapaz, que começou a cuidar de elefantes quando era menino.

A alimentação do elefante é a base de bananas e cana de açúcar, principalmente antes das competições, para aumentar sua disposição e força, conta Y Hoi, que é membro do grupo minoritário da etnia Ede, à AFP.

Foto: AFP/Divulgação
Foto: AFP/Divulgação

Uma alimentação forçadamente calórica motivada pela exploração nas corridas cujo prêmio principal é de 130 dólares.

O festival atrai centenas de espectadores, assim como ativistas pelos direitos animais, que alertam que os elefantes não devem ser forçados a trabalhar longas horas sob o sol quente, e depois espancados com paus durante a corrida.

“Esse é um dos mais altos níveis de crueldade contra os animais, especialmente porque é uma forma de entretenimento humano”, disse Dionne Slagter, da ONG Animals Asia.

Dione ficou feliz em ver menos elefantes participando das festividades deste ano, apenas 14 contra dezenas de animais nos anos anteriores, mas espera que as autoridades adotem uma abordagem mais ética em relação ao turismo animal no futuro.

A Animals Asia lançou no ano passado os primeiros passeios turísticos éticos envolvendo elefantes do Vietnã, oferecendo aos visitantes a oportunidade de ver os animais que a ONG resgatou e que vivem no parque nacional.

Mais de 80 elefantes no Vietnã ainda são mantidos em cativeiro, geralmente usados para passeios de elefante (turistas montados nas costas dos animais), uma forma de exploração cruel e árdua que tornou a maioria deles inférteis atualmente.

Os restantes 100 a 150 elefantes selvagens também mostraram poucas chances de aumentar a população da espécie.

O festival deixou alguns espectadores, como Vu Tran Minh Anh, com sentimentos contraditórios.

“Eu não achava que os elefantes pudessem fazer tantas coisas como jogar futebol, correr e nadar”, disse o estudante à AFP.

“Mas eu sinto pena dos elefantes”, desabafou ele.

Foto: AFP/Divulgação
Foto: AFP/Divulgação

Extremamente inteligentes e com uma capacidade de cognição que está entre as maiores do planeta, os elefantes são capazes de criar laços duradouros, viver em família, além de serem sencientes, ou seja, capazes de sentir amor, tristeza, dor, solidão e compreender o mundo seu redor.

Reduzi-los a objetos de entretenimento humano, montando em suas costas, obrigando-os a correr, jogar futebol e outras atividades antinaturais para eles, além de ser uma crueldade atroz é também um ato de extrema violência contra a dignidade desses animais, que segundo o _The Great Elephant Census_ correm o risco de extinção total até 2025, caso os números da espécie continuarem a cair no ritmo em que estão diminuindo atualmente.

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