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Quênia anuncia pena de morte aos caçadores de animais em extinção

25 de fevereiro de 2019
6 min. de leitura
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Com menos mil rinocerontes negros na natureza e menos de 30 mil elefantes ambas as espécies estão em risco | Foto: Global March for Elephants
Com menos mil rinocerontes negros na natureza e menos de 30 mil elefantes ambas as espécies estão em risco | Foto: Global March for Elephants

No Quênia convive uma gama variada e rica de animais que vão desde elefantes, rinocerontes, girafas, até leopardos e chitas. Os dois primeiros estão entre os mais ameaçados em função de suas presas e chifres os tornarem alvos perseguidos incansavelmente por caçadores.

No país é ilegal matar animais em extinção, a Lei de Conservação da Vida Selvagem, criada em 2013, prevê uma sentença de prisão perpétua e multa de 200 mil dólares (aproximadamente 700 mil reais) para infratores, porém as mortes continuam acontecendo dia a dia.

Najib Balala, secretário de gabinete do Ministério do Turismo do país, declara que “as punições vigentes não tem conseguido o resultado esperado, ou seja, deter os caçadores”, o que resultou no anúncio de uma sentença bem mais dura aos infratores: a pena de morte. A medida gerou elogios daqueles que pediam por uma medida com impacto suficiente para salvar essas espécies de extinção, mas também críticas dos que são contra pena de morte.

A caça entrou em declínio no Quênia graças ao aumento da atenção dada a este assunto e aos esforços dedicados à aplicação da lei de proteção à vida selvagem. Em comparação com 2012 e 2013, a caça de rinocerontes na área diminuiu em 85% e a caça de elefantes em 78%. Mesmo com essa melhora, os animais ainda estão em perigo.

O número de rinocerontes negros no Quênia está abaixo de mil, enquanto a população de elefantes gira em torno de 34 mil animais. Em 2017, nove rinocerontes e 69 elefantes foram mortos por caçadores, o que já é suficiente para “virtualmente cancelar a taxa de crescimento da população em geral”, segundo a Save the Rhino (Salve os Rinocerontes, na tradução livre).

Os elefantes infelizmente são um dos alvos mais procurados pelos caçadores, pois suas presas de marfim são utilizadas em jóias, peças de decoração, estatuetas religiosas e outros objetos no Extremo Oriente.

Segundo a African Wildlife Foundation (AWF), até 70% do marfim traficado termina na China, onde é vendido por até mil dólares s libra (450 gramas). A China adotou uma proibição ao comércio de marfim que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2018, mas os mercados negros ainda resistem.

Os chifres de rinoceronte também são muito procurados por caçadores, pois crendices populares pregam de forma ignorante que eles teriam o poder de curar impotência, febre, câncer, ressaca e outras condições médicas.

Na realidade tudo isso não passam de crenças vazias, eles não curam nada disso, são feitos de queratina, mesmo material das unhas humanas. Chifres de rinocerontes são vendidos por cerca de 30 mil dólares (aproximadamente 100 mil reais) a libra (450 gramas). De acordo com AWF no ritmo de mortes que vêm acontecendo por caçadores, elefantes, rinocerontes e outras espécies da vida selvagem estarão extintos em algumas décadas.

Ajuda da Tecnologia

A caça na África é resultado de sindicatos do crime organizado, que “usam tecnologia de ponta e armas de alta potência para rastrear e matar muitos animais sem serem detectados”, afirma a AWF.

Óculos de visão noturna, lançadores de granadas e AK-47 , GPS e helicópteros de baixa altitude são todos equipamentos utilizados na matança.

Em um esforço único para revidar essas ofensivas, além de fazer da caça um crime punível com pena de morte, o Serviço de Prteção à Vida Selvagem do Quênia (KWS) planeja aumentar também o número de promotores dos crimes contra a vida selvagem.

Atualmente, apenas dois procuradores são responsáveis pelo país todo. Mas projetos anunciados prevêm que o número seja aumentado para 14, permitindo assim que os criminosos sejam apropriadamente processados. A medida sófoi possível graças a uma colaboração entre o Ministério Público do Quênia e a organização de conservação da vida selvahem Space for Giants (Espaço para os Gigantes, na tradução livre).

“Agora não só o KWS pode pegar os caçadores que exterminam a vida selvagem do Quênia, como será possível garantir que esses criminosos sejam condenados pelas leis do país”, disse Max Graham, da Space for Giants.

“Um guarda no exercício de sua função não deveria jamais ter que experimentar a frustração de confrontar um caçador preso por ele uma semana antes, andando livre novamente por causa de uma absolvição. Este é um passo crítico na batalha contra o comércio ilegal da vida selvagem”, desabafa ele.

Alguns animais, como os rinocerontes negros, estão tão criticamente ameaçados que as populações restantes foram enviadas para santuários, sob a proteção de guardas florestais armados.

Alguns guardas quenianos já estão trabalhando equipados com tecnologia avançada, como câmeras infravermelhas e térmicas, tanto portáteis quanto equipadas aos seus carros. As câmeras permitem que eles identifiquem caçadores e animais pelo calor de seus corpos a quase duas milhas de distância.

“No passado, nunca teríamos encontrado essas pessoas”, afirma Brian Heath, ativista e diretor do grupo de conservação em prol da vida selvagem Mara Conservancy. “Agora os caçadores estão dizendo por aí que não vale a pena sair à caça, porque a chance de ser pego está ficando cada vez maior.

Estas medidas se tornaram um grande obstáculo a ação dos criminosos”. Em outras áreas, como na África do Sul, onde vivem a maioria dos rinocerontes, eles foram transportados de avião das áreas propensas à caça para locais mais seguros, como o Botsuana.

Qual o futuro dos rinocerontes e elefantes ameaçados de extinção? 

Outra ameaça para os rinos e elefantes além da caça, é a perda de habitat. Estimativas apontam que estas espécies e outros herbívoros de grande porte, como os hipopótamos, estão em apenas 20% dos números que um dia já representaram na África.

Estas espécies requerem grandes extensões de terra para habitar e tem dificuldade em sobreviver em áreas fragmentadas. Mas seus habitats estão sendo destruídos pela ocupação humana incluindo contração de rodovias, áreas ocupadas para pecuária, cultivo de alimentos, etc..

Como seria o mundo sem elefantes e rinocerontes? O melhor seria nem ter que passar por isso, mas esta seria uma perda devastadora, já que ambas as espécies fornecem benefícios valiosos para o meio ambiente. Os elefantes, por exemplo, dispersam sementes em suas fezes enquanto viajam por longas distâncias, e os rinocerontes pastam em grandes quantidades de grama, ajudando a mantê-las curtas e facilitando o acesso aos alimentos a impalas, gnus e zebras.

Através de sua urina e fezes, elefantes e rinocerontes também deixam fontes de nutrientes concentrados no meio ambiente, beneficiando toda a paisagem.

Quanto ao que o futuro reserva, muitos estão esperançosos de que a posição do Quênia contra a caça transformará o país em um líder global de conservação no continente, ajudando a salvar essas espécies magníficas.

As informações acima foram consultadas nos sites The Independent e The Health Pet.

 

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