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Espécie de tigre ameaçado de extinção mostra aumento populacional

1 de novembro de 2018
4 min. de leitura
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Um homem colocou câmeras escondidas na selva para capturar fotos de tigres, no Nepal. As fotos de Chayan Kumar Chaudhary, que apelidou o animal de “tigre selfie”, foi parte de uma iniciativa de conservacionistas para rastrear a população de tigres selvagens.

Foi registrado que a população desse animal no Nepal quase dobrou nos últimos anos, mostrando uma recuperação da extinção da espécie.

Depois de um esforço de nove anos para proteger os tigres, um censo em 2700 quilômetros das terras baixas do Nepal, concluído no começo deste ano, revelou que a população cresceu de 121 em 2009 para 235 gatos adultos hoje.

A pesquisa foi formada por moradores locais treinados no Parque Nacional Bardia, no Nepal, onde o número de tigres cresceu quase cinco vezes.

Chaudhary ajudou a monitorar e registrar movimentos selvagens de tigres através do parque, escaneando imagens tiradas por câmeras escondidas na selva e afirmou que foi emocionante encontrar espécies dos animais em extinção:

“Foi muito emocionante quando checamos os cartões de memória e encontramos fotos de tigres”, disse Chaudhary à AFP. “Parecia que somos parte de algo grande”.

Um tigre é capturado no Parque Nacional Bardia do Nepal em uma armadilha fotográfica (Foto: Daily Mail Online)

As planícies do sul do Nepal, que abrigam cinco parques nacionais, foram mapeadas em grades, cada uma equipada com um par de armadilhas fotográficas para registrar qualquer atividade de tigre.

Mais de 3200 dessas armadilhas fotográficas especiais foram instaladas, algumas por trabalhadores de campo em elefantes para navegar na selva densa. Essas câmeras eram equipadas com sensores que acionavam um clique sempre que qualquer movimento ou mudança de temperatura fosse detectada.

Logo as fotos começaram a aparecer: tigres solitários passando, mães com seus filhotes brincalhões e um ocasional tigre festejando uma matança fresca.

O censo começou em novembro de 2017, e no mês de março seguinte, mais de 4 mil imagens de tigres foram coletadas.

“Não foi um processo fácil, e foi arriscado também”, disse Man Bahadur Khadka, chefe do departamento de vida selvagem e parques nacionais do Nepal. “Começamos a analisar as fotos. Assim como as nossas impressões digitais, os tigres têm listras únicas. Não há dois tigres iguais”.

Mais de 3200 armadilhas fotográficas especiais foram instaladas (Foto: Daily Mail Online)

Registro histórico

Um século atrás, as exuberantes selvas do Nepal eram um playground para os governantes do país e visitantes britânicos que vieram caçar o tigre real de Bengala.

Em 1900, estimava-se que mais de 100 mil tigres percorriam o planeta. Mas isso caiu para um recorde de 3200 no mundo em 2010.

O número de tigres do Nepal atingiu o fundo do poço após a guerra civil que durou uma década, que terminou em 2006, quando caçadores furiosos percorreram as planícies do sul.

Em 2009, o governo mudou de rumo, recrutando grupos comunitários para proteger os animais. Centenas de jovens voluntários foram recrutados para proteger os parques nacionais do Nepal, patrulhando os caçadores furtivos, conscientizando e protegendo o habitat natural.

A espécie desses animais foi muito ameaçada por caçadores furtivos (Foto: Daily Mail Online)

“Os tigres são a nossa riqueza, nós temos que protegê-los”, disse Sanju Pariyar, 22, que era apenas uma adolescente quando se juntou a um grupo anti-caça.

“As pessoas entendem que se o nosso número de tigres e rinocerontes crescer, os turistas virão e trarão oportunidades. É bom para nós”.

Armado com um bastão, Pariyar sai regularmente em patrulha para procurar armadilhas estabelecidas por caçadores.

Os moradores locais também se tornaram informantes, alertando os funcionários do parque se eles vêem alguma coisa, ou qualquer suspeito.

Ato e consequência

O Nepal tem penas duras para os caçadores – até 15 anos de prisão e uma multa pesada – e recentemente criou um banco de dados genético de seus tigres para ajudar nas investigações.

Em março, a polícia prendeu um caçador que fugiu por cinco anos depois de ser pego com cinco peles de tigre e 114 quilos de ossos.

Acredita-se que o contrabando tenha sido destinado à China, um mercado importante para contrabandistas de vida selvagem, onde partes raras de animais são usadas na medicina tradicional.

Caçadores furtivos tem penas duras no Nepal, de até 15 anos de prisão e uma multa pesada (Foto: Daily Mail Online)

Em 2010, o Nepal e 12 outros países com populações de tigres assinaram um acordo para dobrar seus números de grandes felinos até 2022. A nação do Himalaia está preparada para ser a primeira a atingir essa meta.

“Se um país como o Nepal – pequeno, menos desenvolvido, com muitos desafios – pode fazer isso, os outros também podem fazê-lo”, disse o representante do WWF no Nepal, Ghana Gurung.

Mas os conservacionistas estão cientes de que o aumento do número de tigres também é uma boa notícia para os caçadores ilegais e para o lucrativo mercado negro que eles fornecem com partes de animais ameaçadas de extinção.

“Agora é mais importante do que nunca ficar atento”, disse o diretor do parque nacional, Ashok Bhandari.

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