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Polônia convoca todos os países a plantar mais árvores para conter o aquecimento global

29 de novembro de 2018
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Estudo publicado na revista Earth's Future revela que apenas o plantio de mais árvores não é suficiente para conter o aquecimento global | Foto: Reprodução/Pinterest
Estudo publicado na revista Earth’s Future revela que apenas o plantio de mais árvores não é suficiente para conter o aquecimento global | Foto: Reprodução / Pinterest

O governo polonês pede que mais árvores sejam plantadas em todo o mundo num esforço para reduzir as emissões de carbono. A Reuters informa que o convite à ação acontece um mês antes da 24ª Conferência dos Participantes do Quadro da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP24), que acontecerá no próximo mês.

O país lançou campanhas para promover o plantio de florestas a fim de reduzir sua pegada de carbono. O ministro do Meio Ambiente, Henryk Kowalczyk, mencionou na semana passada que o Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudança Climática revelou que os governos mundiais devem fazer “mudanças sem precedentes” em todos os aspectos da sociedade dentro de 12 anos para conter de forma efetiva o aquecimento global.

“A presidência polonesa chama a atenção para isso incentivando o mundo a tomar medidas concretas neste campo”, disse Kowalczyk em entrevista coletiva. Além disso, a Polônia pretende incentivar o uso de veículos elétricos para reduzir a poluição por diesel. Espera-se que seus projetos florestais de carbono absorvam cerca de 1 milhão de toneladas de dióxido de carbono (CO2).

Apesar das boas intenções, o grupo ambientalista internacional Greenpeace diz que o anúncio é pouco mais do que um “bandaid” para as questões mais amplas da mudança climática.

“As Fazendas de Carbono Florestais têm pouca base científica e significado marginal para a absorção das emissões de gases de efeito estufa na Polônia”, disse a organização. “Este não é o caminho para alcançar a neutralidade climática, mas, na melhor das hipóteses, um golpe de relações públicas”.

Dependência de combustíveis fósseis e extração ilegal de madeira

A Polônia foi duramente criticada no passado por sua dependência do carvão, que é responsável por liberar altos níveis de CO2 na atmosfera além de outros poluentes atmosféricos. O país é atualmente o maior produtor de energia de carvão da UE, respondendo por 80% de seu uso de energia. Em outubro do ano passado, o governo anunciou que planeja cortar esse número para 50% até 2040 e voltar-se para fontes de energia renováveis.

A nação também foi acusada pela extração de madeira na Floresta Bialowieza, a última seção remanescente de uma floresta primitiva que cobriu a Europa há mais de 10.000 anos. A floresta também abriga pássaros, lobos, linces e 25% da população de búfalos da Europa. Apesar das proteções, o Greenpeace afirmou no começo do ano que a Polônia pode ter derrubado até 100.000 árvores.

Embora o governo do país tenha argumentado que ação tinha por objetivo controlar um surto de besouro – ignorando pedidos da UNESCO e de manifestantes para deter o desmatamento – a UE decidiu em abril passado que cortar árvores causou mais danos à floresta. Agora o país enfrenta uma multa mínima de 4,3 milhões de euros (em torno de 17 milhões de reais), a menos que a derrubada de árvores pare.

As árvores tem o poder de combater a mudança climática? 

O plantio de árvores foi apresentado no passado como um meio eficiente de reduzir as emissões de CO2, mas pesquisas recentes mostram que essa pode ser uma solução falsa. Um estudo de maio de 2017 publicado na revista Earth’s Future (O Futuro da Terra, na tradução livre) revelou que, para manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C, grandes e possivelmente insustentáveis mudanças teriam que ser feitas.

As plantações de árvores exigiriam a conversão de grandes áreas em paisagem natural, o desequilíbrio dos ecossistemas naturais e a necessidade de conversão de terras agrícolas, também se fariam necessários, causando impacto no suprimento global de alimentos. Sem falar que as árvores também exigiriam enormes quantidades de fertilizante de nitrogênio, que contribuem para as emissões de gases de efeito estufa.

Embora as árvores possam não ser uma solução, vários estudos indicam que a adoção uma alimentação vegana é o melhor para o planeta. A maior análise de produção de alimentos de todos os tempos, publicada na revista Science este verão, revelou que a remoção de alimentos que causam tributação ambiental como carne, peixe, laticínios e ovos é realmente a maneira mais eficaz de reduzir a pegada de carbono de uma pessoa.

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