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Elefantes criados em cativeiro vivem quase uma década a menos do que o esperado

15 de agosto de 2018
3 min. de leitura
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Em todos os lados do globo, elefantes são mantidos em cativeiro e explorados como atrações turísticas, para fins religiosos ou até mesmo como parte da força de trabalho. Tanto é que hoje, cerca de um terço dos 15 mil elefantes asiáticos ainda vivos estão enclausurados, depois de serem capturados por humanos. O que um estudo recente revelou já era esperado, mas ainda assim é algo perturbador: todos estes animais, quando crescem presos, têm sua expectativa de vida reduzida significativamente – vivem quase 10 anos a menos que os elefantes em liberdade.

Os estudos foram conduzidos com elefantes de partes florestadas do sudeste Asiático, que humanos exploram para transportar madeira para a indústria madeireira, por conta da considerável força que eles possuem. Uma equipe de pesquisa queria entender como o ato de captura e também o aprisionamento afetava a saúde dos animais a longo prazo. Entender essa questão é algo vital porque, apesar de os elefantes serem considerados ameaçados, mais de 60% dos animais que são mantidos em cativeiro em zoológicos, por exemplo, são retirados da natureza, assim como os que são explorados pelas indústrias.

Reprodução | The Independent

Os pesquisadores compararam os elefantes de madeira capturados àqueles criados em cativeiro, e descobriram que aqueles que nasceram livres viviam cerca de sete anos a menos que os outros. Capturar um elefante não é fácil, e os métodos utilizados vão desde sedar ou amarra-los a grupos inteiros contra barreiras pré-construídas. Não é novidade que este processo pode ser extremamente estressante, e os cientistas sugeriram que o estresse que é causado no animal a longo prazo é um grande responsável pelo enorme declínio em sua expectativa de vida.

“Nossa análise revela que os elefantes capturados de forma selvagem tiveram menores chances de sobrevivência do que os elefantes nascidos em cativeiro, independentemente de como eles foram capturados”, disse Mirkka Lahdenpera, principal autora do estudo, em entrevista ao jornal The Independent. “Isso significa que todos esses métodos tiveram um efeito igualmente negativo na vida subsequente do elefante. Também descobrimos que os elefantes mais velhos sofreram mais com a captura; eles aumentaram a mortalidade em comparação com elefantes capturados em idades mais jovens”, completa.

Em seu estudo, publicado na revista Nature Communications, os cientistas examinaram o cotidiano e as expectativas de vida de mais de 5 mil elefantes de Mianmar e descobriram que o risco de morte aumentava, particularmente no ano seguinte à sua captura. Alguns animais prosperam em cativeiro, mas os elefantes certamente não estão entre eles. Os elefantes que são aprisionados e explorados como entretenimento em zoológicos são conhecidos por terem vidas mais curtas do que seus parceiros silvestres, vivendo em liberdade, mas isso pode refletir as enormes diferenças na vida social, dieta e exercício entre esses dois grupos.

Estudar elefantes madeireiros permitiu aos pesquisadores ampliar especificamente os conhecimentos a cerca dos impactos do ato de captura e os efeitos colaterais que ele causa nas vidas. “Escolhemos confiar nos dados dos acampamentos de madeira, pois, ao serem capturados, tanto os elefantes capturados em vida selvagem quanto os nascidos em cativeiro têm estilos de vida muito semelhantes”, explica o Dr. Alexandre Courtiol, co-autor do Instituto Leibniz de Zoológico e Vida Selvagem. “Esta situação única permite uma comparação entre esses dois grupos imparcial por outros fatores, como dieta ou exercício”, finaliza.

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