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Nação Vegana Brasil lança documentário sobre a realidade da exportação de animais

19 de julho de 2018
3 min. de leitura
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O grupo Nação Vegana Brasil lançou esta semana no YouTube o documentário de curta-metragem “Exportando Vidas”, apresentado como um manifesto e voz de milhões de animais exportados no mundo todo para serem mortos em outros países.

O documentário começa informando que o Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo. Realmente, só em 2016, o Brasil atingiu a marca de 5,3 bilhões de dólares em exportações de carne, já ocupando a primeira posição no mundo todo, segundo o G1. “A maior parte da sociedade não sabe que também exportamos animais vivos. A maioria é enviado para o abate em países árabes seguindo preceitos religiosos”, explica o apresentador, em referência ao abate halal, por exemplo.

Letícia Filpi: “As carcaças contaminaram a água por anos, por falta de estrutura; o risco ambiental é muito grande” (Imagem: Exportando Vidas)

No curta, o diretor geral do Instituto Peabiru, o ambientalista João Meirelles, explica que os bovinos criados na Amazônia, em áreas de desmatamento, são exportados pelo Porto de Barcarena, no Pará, porque no Porto de Belém houve uma proibição em decorrência do impacto ambiental local.

“O boi em si tem um impacto enorme no planeta. Não há nada no planeta que seja mais prejudicial do que a pecuária extensiva, que é a pecuária praticada no Brasil”, critica Meirelles, acrescentando que a produção de carne tem um alto impacto sobre a Amazônia e o meio ambiente em geral.

O diretor geral do Instituto Peabiru acredita que é possível que os países árabes que compram a carne brasileira não tenham ideia de que um quilo de carne representa 15 toneladas de água do Brasil e sete toneladas de dióxido de carbono (CO2). “Um dos princípios da atividade econômica é o meio ambiente, deve ser o meio ambiente, e não é isso que acontece”, enfatiza a advogada Letícia Filpi em “Exportando Vidas”.

O documentário mostra cenas de uma tragédia registrada no Brasil em 6 de outubro de 2015, quando o navio Haidar, com cinco mil bois vivos, tombou em um cais em Barcarena, no Nordeste do Pará, resultando na morte da maior parte dos animais. Sobre o assunto, o prefeito de Barcarena, Antônio Carlos Vilaça, declarou à época que o navio da Minerva Foods deixou óleo em todas as praias do município, gerando grande impacto ambiental, e inviabilizando até mesmo o turismo.

“As carcaças contaminaram a água por anos, por falta de estrutura; o risco ambiental é muito grande. Onde está a sustentabilidade ética disso?”, questiona Letícia Filpi no documentário. Sobre a alegação comum de ruralistas, inclusive políticos, de que a exportação de animais vivos interfere sustancialmente na economia, o advogado Ricardo de Lima Cattani afirma que é mentirosa, porque se um animal não é embarcado vivo para outro país, o dono do gado vai abatê-lo e lucrar do mesmo jeito.

“Ele quer ganhar mais dinheiro vendendo o animal vivo, e mesmo que custe o mal-estar, a crueldade contra os animais. Assim ele ganha mais dinheiro, sem imposto, porque quando vende para o frigorífico ele tem os encargos”, frisa Cattani. O documentário produzido pelo grupo Nação Vegana Brasil também mostra imagens reais e inclusive atuais da exportação de animais. É possível ver animais apreensivos, assustados e sujos dentro de navios – em um perceptível cenário de negligência e imundície.

“Quem lucra com a exportação de gado vivo [no Brasil] são menos de dez empresas”, destaca João Meirelles. A promotora de justiça do Grupo Especial de Combate aos Crimes Ambientais e de Parcelamento Irregular do Solo (Gecap), do Ministério Público de São Paulo, Vania Tuglio, diz no documenta´rio que as especificidades da natureza animal, a sensibilidade deles, a possibilidade de sofrer nas mesmas condições ou em condições similares àquelas em que nós pessoas humanas sofreríamos, deve ser observada em toda atividade que envolve o uso de animais.

Se você é contra a exportação de animais vivos, contribua assinando o abaixo-assinado compartilhado pelo grupo Nação Vegana Brasil clicando aqui.

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