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Mudanças climáticas ameaçam o baobá, a "árvore da vida" da África

16 de junho de 2018
3 min. de leitura
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Morondava em Madagascar, o horizonte no Senegal e o parque nacional Kruger têm algo em comum. Esses lugares abrigam algumas das maiores árvores do mundo – os baobás, conhecidos por viverem por milhares de anos.

A árvore corre risco de extinção
Essas árvores incríveis têm troncos que podem atingir 30 metros de circunferência ou mais. Foto: David Rabehevitra

No Togo, há um provérbio: “A sabedoria é como um baobá: ninguém pode abraçá-lo”. Em muitas culturas africanas, a árvore é sagrada.

Existem nove espécies de baobá no mundo, e Madagascar, um dos hotspots de biodiversidade do mundo, é o lar de seis. O continente africano e a península arábica têm dois, e a Austrália tem um.

A espécie mais notável da África é a Adansonia digitata, batizada em homenagem ao botânico francês Michel Adanson, que realizou uma exploração do Senegal no século XVIII. Ele permaneceu lá por cinco anos e contribuiu para a publicação da História Natural do Senegal em 1757.

Algumas das árvores mais impressionantes da época ainda estão por aí, especialmente as de Madagascar: por exemplo, a Adansonia grandidieri, ou baobá gigante, que pode atingir uma altura de 30 metros e é característica do país. As espécies mais raras de baobás em Madagascar são Adansonia perrieri e A. suarezensis.

Todas essas três espécies estão ameaçadas e estão na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, e avaliações recentes sugeriram que as duas últimas espécies sejam reclassificadas como criticamente ameaçadas.

O habitat de A. perrieri está sendo perdido para a agricultura e o desenvolvimento, enquanto as maiores ameaças à sobrevivência de A. suarezensis são relâmpagos, a extração de água, os fungos negros e a seca.

Para piorar a situação, muitas espécies de grandes animais responsáveis ​​pelo transporte de sementes entraram em extinção, o que prejudicou a distribuição mais ampla das espécies de plantas.

A “árvore da vida” da África pode não ter mais muito tempo. Ela é parte integrante dos meios de subsistência das pessoas.

Na África Ocidental, também é chamada de “árvore de palavrório” por causa de suas funções sociais. Quando há um problema na comunidade, reunir-se sob o baobá com o chefe ou os membros da tribo é sinônimo de tentar encontrar uma solução. A ação também reforça a confiança e o respeito entre os membros da comunidade. Dessa forma, sua extinção não seria simplesmente uma tragédia ambiental.

A árvore cresce em condições muito adversas, mas está completamente adaptada ao seu ambiente. Ela libera suas folhas durante as estações secas para reduzir a perda de água; tem raízes suficientemente profundas para atingir a umidade ou mesmo a água; e a casca grossa protege-a de incêndios florestais.

Do ponto de vista científico, o baobá é realmente uma planta completa. As folhas são usadas na medicina tradicional para curar doenças infecciosas, enquanto a fruta é rica em nutrientes e é usada para fazer alimentos saudáveis. As sementes produzem óleo que é valorizado pela indústria cosmética. O tronco armazena a água e pode ser retirado por viajantes sedentos.

No entanto, estas espécies altamente importantes estão ameaçadas de extinção, devido às alterações climáticas e ao desenvolvimento humano. Algumas espécies podem não sobreviver ao próximo século.

Enquanto as plantas geralmente se adaptaram a secas prolongadas, a mudança climática é diferente, e já estamos testemunhando a perda dessas árvores impressionantes.

A maior ironia é que o continente africano dificilmente produziu quaisquer gases de efeito estufa e, no entanto, está arcando com o impacto das mudanças climáticas.

Os maiores e mais antigos habitantes da África – os baobás –  que têm testemunhado silenciosamente muitas gerações, estão pagando um alto preço pelos crimes ambientais de terras estrangeiras.

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