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Nova mascote: cadela idosa e cega é adotada pela ANDA

4 de abril de 2018
15 min. de leitura
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Vítima de maus-tratos. a cadelinha Babi é cega e quase não possui dentes | Foto: Silvana Andrade

Não há palavras para expressar o quanto é gratificante poder divulgar e dividir com nossos leitores aproximadamente 100 mil notícias nos últimos nove anos. E mais feliz ainda é poder fazer parte de uma destas histórias felizes, como a que você conhecerá hoje, no Dia Mundial dos Animais de Rua.

Esta é a Babi, a simpática cachorrinha da foto acima que foi recentemente adotada pela presidente e fundadora da ANDA, Silvana Andrade. Este é um caso com contornos tristes, mas até o fim desta reportagem algo em você irá se transformar e irá incutir em seu íntimo todos os ingredientes para refletir sobre o amor, a bondade e o poder de realizar uma boa ação.

Corrente do bem

A história da cachorrinha Babi começou em algum momento no início do mês de fevereiro. O ano é 2018. Mix da raça lhasa apso, ela foi covardemente abandonada em um matagal próximo ao Centro de Detenção Provisória de Suzano, na Região Metropolitana de SP. Não era preciso pensar muito sobre seu passado e origem. A maldade humana estava em seu rosto. Babi é idosa, cega, quase sem dentes e a negligência a que era submetida estava estampada em todo o seu corpo.

Babi foi encontrado em situação de negligência extrema em Suzano | Foto: cedida por Shirley Mac

A morte parecia seu destino mais óbvio, um alento para um ser cansado e sofrido, mas o futuro tinha outros planos. Enquanto tentava sobreviver, Babi conheceu Robson, um homem bom que trabalha próximo ao local onde ela vagava. Vendo a situação da cadelinha, ele sentiu que precisava fazer alguma coisa, pois a cachorra estava em situação de completa vulnerabilidade. Ele a resgatou e isso fez toda a diferença.

Através da solidariedade de uma amiga, Robson conseguiu ajuda de uma protetora experiente: a administradora de empresas Shirley Mac. Atuante na causa animal há aproximadamente 15 anos, ela batizou a cachorrinha de Babi e começou a busca por um lar para a cadelinha. Não é preciso dizer que encontrar adotantes para um animal cego e idoso não é uma tarefa fácil, mas Shirley nunca pensou em desistir de conseguir um final feliz para Babi.

Babi está aprendendo o que é amor, carinho e segurança | Foto: Silvana Andrade

Em entrevista à ANDA, a protetora contou que apesar de estar acostumada a tantos casos de abandono, este a impressionou. “É absolutamente desumano e cruel abandonar uma cachorrinha completamente cega e bastante idosa à própria sorte. É muito desamor”, desabafou.

Através das redes sociais Shirley divulgou o anúncio de adoção da Babi, enquanto isso a cadelinha aguardava ansiosamente, abrigada temporariamente na casa de Robson. Não demorou para a cachorra encontrar um candidato, mas, felizmente não deu certo, pois assim ela teve a chance de encontrar a pessoa que mudaria sua vida definitivamente: Silvana Andrade, a presidente e fundadora da ANDA.

Babi se afeiçoou rapidamente ao seu novo lar | Foto: Silvana Andrade

Shirley conta que a ideia inicial era que a jornalista oferecesse apenas um lar temporário, pois seria a chance de trazer Babi para a capital paulista e oferecer os cuidados que ela precisava naquele momento. “Depois que consegui acertar tudo com a Silvana, que cuidaríamos dela até encontrar uma família amorosa, que tivesse condições de dar a nossa menina todos os cuidados necessários, combinei com o Robson de ir buscá-la. E, finalmente, em 23/02/2018, fui buscá-la e a trouxe para a casa da Silvana. O que seria inicialmente um lar temporário, virou um lar cheio de amor e definitivo para nossa Babi, Silvana se apaixonou por ela e ela pela Sil. Amor à primeira vista, coisa de contos de fadas, mas sei que foi uma força divina que conspirou para que Babi tivesse a oportunidade de ter uma velhice feliz, ao lado de uma família iluminada”, disse.

Silvana lembra que não conseguiu ficar indiferente ao conhecer o caso da cachorrinha. “Achei ela linda, uma gracinha e me compadeci muito com a história dela. Uma idosinha cega e abandonada. No primeiro momento que a vi foi como se sempre tivéssemos estado juntas desde os primeiros dias de vida dela. Babi perdeu totalmente a visão, mas consegue enxergar o amor perfeitamente”, diz emocionada.

Casa nova

O maior presente que Babi poderia ganhar naquele momento era um lar, mas ela ainda tem um longo caminho pela frente. Dócil, ela chegou ao pequeno apartamento de Silvana sentindo-se em casa, como lembra a jornalista. “Quando ela chegou aqui já entrou abanando o rabinho, como se ela soubesse que estava chegando desta vez na casa dela, voltando para a casa dela. Ela chegou muito feliz”, recorda.

O passado de Babi é absolutamente desconhecido, mas algumas pistas foram dadas pelo espírito zoófilo Yossef, que durante uma sessão no Grupo Fraternal Francisco de Assis, em São Bernardo do Campo (SP), que atende animais, revelou que a cadelinha tem 14 anos e que, lamentavelmente, já sofreu muito. O mentor disse ainda que finalmente ela encontrou um lugar seguro, que possibilitará sua integridade física e seu desenvolvimento espiritual.

A rotina de Babi é tranquila, alegre e repleta de amor. Ela gosta de brincar , dar muitos beijos e carinho a todos. Silvana explica que apesar da deficiência visual, ela se adaptou rapidamente e aprendeu a se locomover com facilidade dentro do apartamento do prédio onde mora. Pouquíssimas mudanças foram realizadas e o maior cuidado é não deixar nenhum obstáculo que possa atrapalhar a cadelinha.

A cadelinha recebeu a visita da atriz Alexia Dechamps, que postou a foto em seu perfil na Instagram e já conta com mais de 700 curtidas | Foto: Instragram

A jornalista explica o quão feliz e inspirador tem sido dividir a vida com a Babi. “Ela é fácil de cuidar, ela é fácil de conviver. Na verdade é uma benção, porque Deus deu a oportunidade de amar e cuidar de um ser ão lindo e vulnerável para que a gente possa dar muito amor e todos os cuidados”, disse.

A Babi ganhou uma família imensa com muitos tios, tias, primos, primas e outra mamãe. A publicitária Leandra Jones tem compartilhado os cuidados da pequena peluda. “Ela está feliz e demonstra com o rabinho, com latidos e beijos a gratidão por seu novo lar. Ela despertou uma felicidade imensa que há muito não sentia”, confessou Leandra.

Babi tem uma rotina tranquila e adora o novo lar | Foto: Silvana Andrade

Consequência dos maus-tratos

Infelizmente nem tudo são flores na nova vida da Babi. Desde de que foi adotada, foram iniciados cuidados intensivos para recuperar a saúde da cadelinha, gravemente prejudicada devido aos maus-tratos e a negligência que sofreu.

Após chegar ao seu novo lar, ela foi levada a uma consulta com o oftalmologista Rodrigo ChapChap Brossi do Centro Veterinário 24h Vet Quality, no Campo Belo, em SP, um hospital veterinário considerado centro de excelência que existe há mais de 10 anos. Segundo o veterinário, a cegueira de Babi é irreversível e deve ter sido causada por uma inflamação não tratada.

No mesmo dia ela passou em consulta com a médica veterinária Gabriela Sciulli, também no Vet Quality, que constatou que ela está saudável, porém tem nódulos na mamas que precisarão ser retirados por meio de uma intervenção cirúrgica.

No hospital ela fez exames de sangue, de urina, fezes, ultrassons e raio-X. No geral ela está com a saúde muito boa. O cardiologista veterinário Vinícius Miranda Villas Bôas, excelente médico, realizou todos os exames cardiológicos e constatou que a parte cardíaca está em excelentes condições.

Babi recebeu muito carinho e atenção do cardiologista veterinário Dr. Vinícius Miranda Villas Bôas | Foto: Leandra Jones

Babi também sofre com o excesso de tártaro e perda dentária, fruto do descaso e de uma dieta inadequada e a Dra. Juliana Kowalesky será a próxima visita da Babi na Vet Quality.

Ela também foi diagnosticada com uma alergia e, para tratá-la, está tomando banhos semanais com um shampoo terapêutico. A cadelinha também precisou tratar uma lesão na pata e recebeu atendimento na Dermatoclínica, no bairro Santana, zona Norte de SP, clínica pioneira em dermatologia veterinária, onde foi atendida pelos médicos veterinários Dr. Ronaldo Lucas, profissional com doutorado em Clínica Médica pela USP e renome internacional e Dra. Daniela Beviani, profissional com especialização em Dermatologia Veterinária pelas Laureate International Universities, nos EUA.

Silvana suspeita que Babi possa ter sido explorada para reprodução em algum canil clandestino para a venda de filhotes. “Quando o cachorro é matriz, eles tratam dessa forma. Se ela tivesse tido um tutor, uma família, eu acho que talvez tivesse sido menos negligenciada. De qualquer forma, o que eu posso dizer é que essas pessoas que foram absolutamente cruéis me deram um presente. Deram para a gente o presente de ter a Babi e ela está sendo tratada com todo o amor que merece”, afirmou.

Adotar é um ato de amor

Sem dúvidas, a adoção foi a coisa mais importante na vida da cadelinha. Shirley conta qual foi o seu sentimento ao saber que Babi finalmente teria um final feliz. “Isso me trouxe uma felicidade tão grande, que é difícil de explicar. Babi não poderia ter um lar melhor, uma família melhor e uma mamãe melhor. Minha eterna gratidão à Silvana que a acolheu com um amor indescritível. Já estava escrito, nada acontece por acaso. Mais do que cuidados especiais, a Babi encontrou o amor. Há coisas que enxergamos com a alma e o coração. As pessoas boas se cruzam, as almas boas se cruzam pelo caminho. Quem a abandonou nunca saberá o que é sentir o amor mais puro vindo de um pequeno anjinho de quatro patas”, disse a protetora.

A publicitária Leandra Jones participa ativamente da rotina de Babi | Foto: Silvana Andrade

Ela afirma ainda que a chance de dar uma oportunidade a um animal abandonado é, não só gratificante, mas um ato amoroso e compassivo e esclarece que a proteção animal é uma atividade voluntária, que precisa da adesão de todos que dão importância à vida.

“A adoção traz aos animais abandonados a oportunidade de ter um novo lar, um lar digno de verdade, onde recuperam a alegria de viver, porque são tratados com amor. Nenhum animal merece ser abandonado, nenhum animal merece viver nas ruas e nem mesmo anos em um abrigo esperando por uma família. Por isso, sou a favor de políticas mais rígidas para assegurar a integridade desses animais e de campanhas em massa de incentivo à adoção, além de um trabalho de conscientização sobre guarda responsável. Animais comprados também são abandonados, as pessoas acham que isso não é comum, mas é o que mais acontece. Não acredito também que o trabalho de um ‘protetor de animais’ deva ser visto como ‘profissão’, isso não é ofício, é voluntariado por puro amor. Ainda bem que existem pessoas que têm esse amor, mas melhor seria se houvesse um pouco mais de respeito com os animais, talvez isso tornasse o ser humano um pouco melhor. Acredito no bem, na energia que flui em favor das pessoas que se ajudam e se respeitam para que possamos tentar fazer deste mundo um pouco melhor. Babi é sinal dessa luz que indica que nem tudo está perdido”, contou em entrevista.

Para muitas pessoas, dar a chance a um animal em situação de rua pode ser um desafio, mas para Silvana adotar uma cadelinha cega e especial, não foi um obstáculo e tampouco uma dificuldade. A jornalista diz que “o amor cura todos os traumas emocionais passados. Todos os sofrimentos psicológicos e físicos que ela passou estão sendo curados com o nosso amor, porque ela é amada como uma filha. Adotar um animal idoso é viver lindamente cada segundo de um amor profundo. É entender que o tempo é curto, às vezes na correria da vida a gente não percebe. A lição que a Babi traz é de amar cada dia mais, e mais e mais, sem perder tempo, porque a vida é linda e muito passageira”, disse.

Babi aproveita a nova vida para desfrutar pequenos prazeres | Foto: Leandra Jones

Abandono: crime cruel

Segundo um levantamento feito IBGE, há aproximadamente 30 milhões de cães e gatos em situação de rua no Brasil. A maior parte destes animais já teve um lar e foi condenado ao abandono por pessoas que eles amavam. Babi faz parte da estatística de um crime que sofre com a impunidade no Brasil.

Segundo a advogada e ativista Jaqueline Brito Tupinambá o abandono de animais é crime de acordo com a lei n° 9.605/98 que em seu artigo 32 aborda maus-tratos contra animais domésticos.

Ela afirma que dependendo do caso concreto, deixar um animal à própria sorte pode ser até uma tentativa de homicídio, como o da Babi, um animal idoso, cego e com inaptidão para sobreviver nas ruas. “Casos de abandono são crimes ambientais e se a pessoa tiver problemas na Justiça pode até ser presa. A multa varia conforme a gravidade do caso”, alerta.

Jaqueline explica ainda que denunciar crimes contra animais é um ato de cidadania, ela esclarece que a denúncia precisa ser realizadas através de um Boletim de Ocorrência ou um Termo Circunstanciado. Em SP existe a Delegacia Eletrônica de Proteção Animal (DEPA), onde denuncias podem ser feitas de forma anônima. A ANDA produziu e disponibiliza gratuitamente no site um manual que explica o passo a passo para denunciar maus-tratos a animais, você pode baixá-lo clicando aqui.

Babi recebe carinho e muitos presentes de seus novos amigos | Foto: Silvana Andrade

Shirley conta que felizmente tem a sorte de presenciar muitos finais felizes de animais resgatados, mas desabafa que a impunidade de casos de abandono é gritante. “Ainda temos muito que exigir das nossas autoridades para que a lei seja efetivamente cumprida e nos deparamos com muitas dificuldades para registrar crimes desta natureza”, lamentou.

Para Silvana ainda falta um pouco de consciência de respeitar os direitos animais e valorizar todas as formas de vida. “O abandono é crime. Crime que precisa ser punido com rigor, como se pune um crime contra uma pessoa, porque o abandono é um só. Como nós, os animais têm consciência e os mesmos sentimentos e estão aqui para serem cuidados por nós e não explorados”, disse.

Uma história de luta pelos animais

Há quase 10 anos nascia a primeira e maior agência de notícias dedicada exclusivamente à promoção dos direitos animais em todo o mundo. Brasileiríssima, a ANDA faz história todos os dias e conseguiu atrair a atenção de toda a imprensa mostrando uma nova proposta de jornalismo: mais compassivo, solidário e ético.

A união faz a força, e nesta última década muitos outros portais e iniciativas surgiram e foram inspirados pelos ideais propagados pela Agência de Notícias de Direitos Animais. No momento que a causa animal ganha mais destaque em todos os meios de comunicação a Babi chega como a nova mascote da ANDA, para inspirar os leitores e toda a sociedade a fazerem muitos outros finais felizes.

Cadela Nina | Foto: Laine Silveira
O cãozinho Léo quando bebê | Foto: Silvana Andrade

A criação da agência foi inspirada pelos cães da raça pastor-de-shetland, Léo, falecido em abril de 2008 e Nina, falecida em setembro de 2013. O legado dos cachorrinhos motiva um trabalho maravilhoso, autêntico e que se dedica a empoderar os animais, ONGs e ativistas em todo o mundo.

Babi é a nova mascote da ANDA | Foto: Leandra Jones

Serviço

Vet Quality

O Hospital Veterinário Vet Quality conta com uma equipe com mais de 30 médicos veterinários formados nas melhores Universidades de Medicina Veterinária, com especialização, mestrado e doutorado em diversas áreas. Foi fundado em 2017 no Campo Belo, Zona Sul da cidade de São Paulo.

O Vet Quality possui pronto atendimento 24 horas todos os dias, incluindo domingos e feriados, com todo suporte necessários para qualquer tipo de emergência. Conheça um pouco mais sobre trabalho realizado pelo hospital assistindo o vídeo abaixo:

Localização:

Vet Quality Clínica Veterinária 24h
(11) 5097-9642
Rua Vieira de Morais, 1.862 – Campo Belo
São Paulo – SP – Brasil

Dermatoclínica

Fundada em 2004, a Dermatoclínica é considerada pioneira na realização de atendimento especializado em dermatologia veterinária em todo o Brasil. A equipe é formada por profissionais qualificados, com excelentes currículos e estudos publicados.

Localização:

Unidade Santana
Rua Conselheiro Saraiva, 930
Santana, São Paulo – SP
Tel.: 11 2971 3356 | 11 2978 4780

Grupo Fraternal Francisco de Assis (GFFA)

Localizado no bairro Batistini, em São Bernardo do Campo (SP), o GFFA difunde uma filosofia de amor, compaixão e respeito à vida. O grupo realiza atendimento a seres humanos e animais. Para conhecer mais sobre o trabalho do GFFA acesse o site.

 

 

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