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Cemitério de rinocerontes revela os horrores da caça no Quênia

20 de fevereiro de 2018
3 min. de leitura
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Ishrini tinha 20 anos e estava prestes a dar à luz quando foi morta em 22 de fevereiro de 2016. Ela foi enterrada em um cemitério reservado para rinocerontes mortos por caçadores nos últimos 13 anos.

Foto: Frank AF Petersens

O declínio contínuo de rinocerontes devido à caça provocou a abertura do cemitério em 2004, em uma medida para aumentar a conscientização.

“As lápides são uma bela  lembrança de como a caça está rapidamente exterminando os rinocerontes e da devastação do comércio de animais selvagens.  Elas também são uma inspiração para todos os que visitam continuarem apoiando a proteção dos rinocerontes “, disse Samuel Mutisya, chefe de animais selvagens da Ol Pejeta Conservancy.

Embora os chifres de rinoceronte sejam compostos majoritariamente por queratina, uma proteína encontrada no cabelo, unhas e cascos de animais, o equívoco sobre a substância acelera as mortes dos animais.

Morani foi o primeiro rinoceronte enterrado no cemitério e foi um embaixador na conservação, um ícone usado para educar as pessoas sobre as espécies ameaçadas de extinção.

“Morani era um embaixador. Estava entre os primeiros 20 grupos de rinocerontes trazidos para Ol Pejeta. E, quando morreu em 2004 de doenças relacionadas à idade, foi enterrado no cemitério. Porém, acreditamos que era certo Morani continuar a conscientização sobre os perigos da caça”, explicou Mutisya.

Ol Pejeta abriga os últimos três rinocerontes brancos do norte do mundo e 113 rinocerontes pretos ameaçados.

Morani tornou-se um ícone na conscientização sobre os riscos enfrentados pelos rinocerontes pretos e por outras espécies vulneráveis na natureza. Foi estabelecido também centro de informações com seu nome.

Segundo Mutisya, alguns rinocerontes não são necessariamente enterrados no cemitério em decorrência da distância e a dificuldade de transportar seus corpos, mas as lápides com seus nomes, a causa da morte e as idades são colocadas no local.  Os epitáfios nas lápides retratam um cenário sombrio devido à caça e indica que alguns animais foram mortos com flechas envenenadas, enquanto fêmeas foram assassinadas pouco tempo antes de darem à luz.

Foto: Frank AF Petersens

“A conscientização é um pilar crucial contra a caça. Nós educamos as comunidades que vivem no entorno, que também nos ajudará mesmo com a inteligência em casos de movimentos suspeitos. Estamos usando a tecnologia na proteção desses animais”, disse Mutisya.

Ishrini, de acordo com a sua lápide, foi encontrada se retorcendo dor após ser atacada com flechas envenenadas. De acordo com o Independent, seus chifres também foram arrancados.

O túmulo de Max também está entre os que estão no cemitério. Apesar dos esforços para tirar seus chifres para afastar caçadores, ele foi morto em 2011 e teve os pequenos chifres regenerados arrancados.  Ele morreu com apenas seis anos. “É emocional. Isso mostra uma imagem crítica de como a caça é uma ameaça à existência desses animais selvagens ameaçados de extinção. Ao invés de apenas colocar as estatísticas, é melhor para o mundo observar o quão devastadora é a caça”, disse Mutisya.

Antes do enterro dos animais, os chifres que não foram arrancados por caçadores são removidos e encaminhados ao Serviço de Animais Selvagens do Quênia.

“Porém, com operações contra a caça, a população de rinocerontes de Ol Pejeta cresceu para nossa capacidade máxima. Em 2016, atingimos 111 rinocerontes pretos e 23 rinocerontes brancos e estamos a caminho de alcançar nossa meta de 120 rinocerontes pretos antes de 2020”, concluiu Mutisya.

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