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Área de exclusão: grupo cuida de cães abandonados em Chernobyl

16 de fevereiro de 2018
3 min. de leitura
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Reprodução/CFF

A evacuação de 120 mil pessoas após o acidente nuclear em Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, ainda faz vítimas. Aproximadamente 30 anos depois, os cães abandonados por seus tutores após a tragédia, sobreviveram, se reproduziram e ainda habitam o local.

Atualmente eles vivem na chamada “área de exclusão” e aprenderam a fazer uso de seus próprios instintos e suas habilidades naturais. Deixados à própria sorte pela população e pelo poder público, eles podem estar prestes a verem uma luz no fim do túnel.

O ONG norte-americana Clean Futures Fund está realizando um incrível trabalho de assistência e cuidados com estes animais. Ela criou um sistema de vacinação e identifica quais animais estão contaminados pela radiação. O objetivo da iniciativa é melhorar a relação entre cães e seres humanos no local, além de no futuro possibilitar que os cachorros sejam adotados e tenham a chance de terem um lar.

O especialista em radiação Lucas Hixson afirma que quando a ONG chegou ao local ficou surpresa com a quantidade de animais que vive em Chernobyl. Ele explica que é uma situação muito delicada, pois de um lado há animais dóceis e indefesos, precisando de cuidados, e do outro, há um país em crise, em constante conflito, com uma população temerosa.

Reprodução/CFF

“Esta não é uma região boa para os cães viverem. Não existe comida saudável, água limpa, o inverno é muito difícil e há construções e atividades industriais por todo o lado. A vida é muito dura ali, e os cães não vivem muito tempo, mas eles têm muitos filhotes e se reproduzem muito rapidamente”, disse o especialista em entrevista ao portal UOL.

Lucas contou ainda que além de alimentar e vacinar os animais, a Clean Futures Fund investe também na esterilização dos cães para que exista um controle populacional eficiente e redução do abandono. “Acho que sempre existirão cães abandonados em Chernobyl. Hoje há cerca de mil cachorros, e queremos que este número seja reduzido para algo entre 200 e 300 cães. Esta quantidade seria ideal para que todos sejam cuidados de forma adequada”, assevera.

Resgates e burocracia

Ele esclarece ainda que atualmente é proibido retirar animais da “área de exclusão”, devido ao risco de radiação, mas que, no entanto, a Clean Futures Fund está coletando dados e realizando pesquisas para comprovar que os animais não representam perigo para os seres humanos. “Se você lava, dá comida e água limpa por um tempo, eles não vão representar nenhum perigo. Nossa ideia é convencer o governo a permitir o resgate destes animais”, afirma.

Reprodução/CFF

Lucas conta que a ideia é retirar os filhotes e encaminhá-los para a adoção responsável, reduzindo assim o número de animais na região. Ele justifica que os animais pequenos têm maior chance de adaptação a uma vida doméstica, enquanto os adultos podem passar por episódios traumáticos e estressantes se forem retirados do habitat que aprenderam a sobreviver. Os adultos permaneceriam em Chernobyl, mas castrados e recebendo todos os cuidados necessários.

Ele garante que todos esses esforços provém do desejo da ONG ajudar a tornar conhecido o valor da vida dos animais da região. “Existem muitos problemas com animais abandonados por todo o mundo, e a solução encontrada pelos governos é geralmente a mesma: matam todos os cães ou os colocam em prisões para animais onde ninguém precise olhar para eles. Os cães podem ser parte de Chernobyl, e não um problema”, conclui.

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