Os ativistas que há dias tem realizado vigílias no Porto de Santos e promovido manifestações – a próxima, marcada para este domingo (4) às 14h, em Santos (SP) – estão recebendo ameaças de pecuaristas insatisfeitos e irritados com as ações contra a exportação de animais vivos.
Relatos de recebimento de mensagens pelas redes sociais com ameças contra os ativistas tem chegado à redação da Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA). Além disso, em um comentário feito em rede social, em uma página denominada “Portal dos Criadores”, que reúne pecuaristas e comercializa animais pelo Facebook, um internauta afirmou que “tem que dar um cacete nesta meia dúzia de ativistas de merda”.
Ativistas começam a chegar em Santos
Ativistas pelos direitos animais já começaram a chegar no município de Santos para participar do ato marcado para às 14h. No momento, eles estão reunidos em frente ao porto. “Desembarque os animais”, gritam em uníssono.
No local, está presente a ativista Luisa Mell. “Já estamos aqui no Porto de Santos!! A minerva Foods está desrespeitando a decisão judicial, que ordenou o desembarque dos animais! Os bois continuam no navio!! Estão lá desde o dia 26! A situação está desesperadora!! Ainda jogaram as fezes no mar!! E a bancada ruralista, juntamente com o Deputado Beto Mansur (parceiro do Temer, e condenado por trabalho escravo e infantil!!) estão aqui tentando derrubar a ordem judicial!! Ajudem! Os animais estão em profundo sofrimento!!! Esperamos vocês às 14hrs!! Não se calem!! Ajudem!! Dinheiro não pode ser maior que ética! Políticos e empresas não são mais poderosos do que uma decisão judicial!! Não vamos deixar acabarem com nosso país! Não permitiremos este massacre a inocentes!”, publicou a ativista no Instagram.
Bois morrem e água começa a acabar no navio
Segundo relato de ativistas que permanecem em vigília constante no Porto de Santos, corpos de bois mortos já foram retirados do navio. A causa das mortes teriam sido as condições extremamente insalubres imposta aos animais, que estão exaustos e estressados, vivendo há 10 dias em um ambiente superlotado e repleto de fezes e urina, além de não terem acesso à ventilação e temperatura adequadas e serem alimentados em comedouros enferrujados e contaminados por excrementos.
A situação, entretanto, tende a piorar. Isso porque há informações de que a água oferecida aos animais está acabando e que a Minerva Foods, responsável pelos bois, esteja se negando a realizar o reabastecimento enquanto o navio estiver atracado. A justificativa da empresa é que a água deve ser retirada do mar e, posteriormente, dessalinizada para ser oferecida aos animais e que isso só pode ser feito quando o navio tiver iniciado viagem.
Os animais são tratados como meros objetos que servem apenas para garantir lucro à empresa. E, por isso, a Minerva Foods, que tem o único interesse de enviar o navio repleto de bois à Turquia, se nega a buscar meios de abastecer a embarcação com água e também não desembarca os animais para levá-los às fazendas de origem, infringindo, assim, ordem judicial.