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Gary Francione: “Nossa exploração de animais não humanos representa a violência em uma escala sem precedentes”

22 de dezembro de 2017
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“Matamos o maior número de animais para a produção de alimentos – cerca de 60 bilhões de animais terrestres e pelo menos um trilhão de animais marinhos são mortos anualmente” (Acervo: Abolitionist Approach)

Em artigo publicado no site Abolitionist Approach no dia 14 de dezembro, como parte da divulgação do seu novo livro “Advocate for Animals! – An Abolitionist Vegan Handbook”, escrito em parceria com Anna Charlton, o professor Gary Francione, referência na luta pelo abolicionismo animal, assim como Anna, escreveu que desde o início dos tempos houve, no total, cerca de 110 bilhões de seres humanos que viveram e morreram:

“Nós matamos mais animais não humanos do que isso todos os anos. Pense nisso por um segundo. Nossa exploração de animais não humanos representa a violência em uma escala sem precedentes. Matamos o maior número de animais para a produção de alimentos – cerca de 60 bilhões de animais terrestres e pelo menos um trilhão de animais marinhos são mortos anualmente. E há muitos bilhões mortos todos os anos por outros motivos, como pesquisa biomédica, entretenimento e esporte.”

Francione declarou que uma coisa clara e incontestável é que a horrível e difusiva exploração animal não vai acabar logo. Segundo o professor de direito da Rutgers School of Law, de Newark, New Jersey, o problema subsiste no fato de que nos últimos 200 anos a defesa animal se concentrou no tratamento “desumano” dispensado aos animais.

Ou seja, os defensores dos animais fizeram principalmente campanhas para obter padrões de tratamento supostamente mais “humanos”; ou então se concentraram em combater práticas pontuais como o uso de animais para a extração de peles. Tal abordagem, de viés evidentemente parcial e mesmo especista, é vista por Francione como um equívoco que arranhou a superfície do problema, não chegou à base. A consequência disso é que as pessoas continuaram sentindo-se mais à vontade para continuarem explorando os animais.

“O movimento abolicionista animal, que surgiu na década de 1990, considera que o problema não é o tratamento, mas o uso. Não se trata de tornar a exploração mais ‘humana’. Não se trata de dar enfoque às peles de animais, que não são diferentes da lã ou do couro. O que envolve esse movimento abolicionista?”, questionou.

Para Gary Francione o abolicionismo é sobre a adoção de uma posição que defende estritamente os reais direitos animais sem fazer concessões. Ou seja, sem ser permissivo ou condescendente em relação às políticas bem-estaristas. “Mantemos essa posição, assim como rejeitamos a escravidão dos seres humanos como nossa propriedade. Só então eles [os animais] podem ser reconhecidos como pessoas não humanas. Abolição [animal] envolve uma clara e explícita rejeição da posição de bem-estar animal – a ideia de que é moralmente aceitável usar animais desde que os tratemos de forma ‘humana’”, argumentou.

Na perspectiva do professor Francione, para abolir a exploração animal como uma questão social é preciso abolir a exploração animal de nossas vidas individuais. Isso significa que, se acreditamos que os animais são moralmente importantes, é essencial tornar-se vegano. “Precisamos parar de comer, vestir e usar animais e produtos de origem animal na medida do possível. E devemos advogar o veganismo de forma criativa e não violenta, a fim de incentivar os outros a tornarem-se veganos”, enfatizou.

É justamente isso que Gary Francione e Anna Charlton abordam no livro “Advocate for Animals! – An Abolitionist Vegan Handbook”, definido pelos autores como um guia prático de como abordar o veganismo da melhor forma possível – com clareza e bons argumentos. A obra está à venda no site Amazon.com.

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