EnglishEspañolPortuguês

Cuidados com animais durante a virada do ano

28 de dezembro de 2017
5 min. de leitura
A-
A+
Divulgação

Como o seu animal se comporta durante as festas de final de ano? É preciso tomar cuidado, pois alguns hábitos típicos dessa época podem ser extremamente prejudiciais ao seu animal. Segundo o Hospital Veterinário Sena Madureira, em São Paulo, no período das festas os casos de animais estressados, feridos por estilhaços de fogos aumentam em 20%. Nessa período, eles também costumam apresentar complicações gastrointestinais.

De acordo com o médico veterinário Mario Marcondes, diretor do hospital, como as pessoas também costumam cear na virada do ano, é preciso ficar atento ao descarte do alimento, pois os animais podem fuçar no lixo e consumir alimentos indevidos. “Além disso, animais em tratamentos de obesidade ou fora do peso também podem ter dificuldade para voltar à rotina alimentar depois das “escapadas” ou desenvolver doenças mais graves como diabetes, hipertensão e problemas articulares”, informa.

Mas com certeza o principal problema que vem com a comemoração de um novo ano são os temidos fogos de artifício. Segundo o especialista em comportamento canino, Ricardo Tamborini, “nenhum cão nasce com medo, já que os desvios comportamentais do animal afloram de acordo com os estímulos que ele recebe”. O mesmo acontece com a fobia envolvendo fogos de artifício, que na maioria dos casos é resultado de um comportamento incorreto dos tutores. “É natural que o cão sinta medo do barulho de rojões e o primeiro impulso dos guardiões seja pegá-lo no colo para protegê-lo. Porém, o animal entende isso como uma recompensa por sentir medo e terá o mesmo comportamento sempre que ouvir os ruídos”, explica Tamborini.

Desde filhote, o cachorro deve entender que o barulho dos fogos não representa perigo e que é algo passageiro. Caso o tutor não condicione o animal da maneira correta, ele pode desenvolver a fobia e o medo pode resultar em outros problemas, como estresse, insegurança, agressividade e depressão. “Corrigir um animal adulto, que já desenvolveu um trauma, é muito mais difícil e, em alguns casos, irreversível. Por isso, o indicado é iniciar o processo de adaptação no primeiro ano de vida do animal”, alerta Tamborini.

Para o especialista em comportamento canino, a única maneira de evitar que o animal desenvolva fobia de fogos de artifício é condicioná-lo, desde filhote, a encarar o ruído como algo inofensivo. “O segredo é não dar colo e carinho para o animal, não recompensá-lo durante a queima de fogos. Por mais que ele chore, quando o barulho cessar ele irá perceber que nada de mal aconteceu. Da próxima vez, ele irá encarar o acontecimento com mais naturalidade”, aconselha.

Outra dica de Tamborini é fazer a associação do barulho a algo bom, como petiscos, brinquedos e brincadeiras. “O tutor deve fazer isso apenas quando notar que o cão está bem e, principalmente, sem demonstrar receio algum da situação que o incomoda”, completa.

Meu cão já tem medo. E agora?

Dependendo do grau desse medo, o tutor deverá recorrer ao auxílio de um especialista em comportamento canino. “Há cães que se machucam gravemente, querendo ultrapassar portões ou paredes. Em casos extremos assim, o trauma já está muito enraizado no animal. Daí a importância de contar com a ajuda de alguém que faça um diagnóstico correto e oriente os tutores de como revertê-lo”, explica.

O processo de adaptação e dessensibilização deve ser gradativo, agradável e, principalmente, sem forçar o animal. “É errado forçar um animal que já apresenta esse medo a ver fogos ou situações que são desagradáveis a ele. O ideal é trabalhar isso no decorrer do ano. Isso leva tempo e varia de acordo com o nível da fobia de cada animal”, esclarece o especialista.

Para que os tutores saibam como lidar melhor com o problema, Tamborini listou uma série de dicas com foco em cães que já têm fobia de fogos de artifício:

*Deixar um animal que tem medo de fogos sozinho em casa não é uma boa opção. Devido ao medo, ele pode se machucar seriamente, por querer fugir da situação que o está incomodando. O ideal é recorrer a um hotel de cães que tenha uma equipe preparada para dar suporte aos animais na noite da virada de ano;

*Se você estiver em um lugar estranho, na casa de amigos ou viajando, proporcione um ambiente seguro e tranquilo para o animal. Deixe-o, de preferência, em um local silencioso, longe de pessoas e outros cães. Em situações de medo o cão procura abrigo em algum local escuro e tranquilo. Isso acontece porque, diferente dos humanos, os cães naturalmente sentem-se seguros em locais com essas características.

*Outra alternativa é abrigá-lo em uma caixa de transporte de tamanho adequado, cobrindo essa caixa com algum tecido escuro, ou colocá-lo em um quarto escuro.

*Uma técnica que tem sido muito difundida é a de enrolar uma faixa ou tecido no corpo do animal em pontos estratégicos para que a circulação sanguínea das regiões extremas do corpo seja estimulada, amenizando as tensões localizadas no dorso do animal e diminuindo a sua irritabilidade. O grande problema é que essa técnica tem sido difundida como “a solução”, mas na realidade ela só funciona em alguns casos. No geral, cães já em nível pânico não terão qualquer tipo de reação. O que pode ocorrer, se não houver supervisão, é o cão rasgar as faixas a fim de retirá-las, ou até mesmo deixá-lo mais irritado.

Divulgação

Mitos

Deixar uma luz acesa, a TV ligada ou colocar algodão no ouvido do animal quando ele estiver sozinho, segundo Tamborini de nada adianta. “Como eu disse anteriormente, os cães sentem-se mais seguros em locais pouco iluminados e silenciosos. Já o algodão é um objeto estranho que causa ainda mais desconforto ao animal”, explica.

Usar floral ou medicamentos para tranquilizar ou sedar animais com medo é outro truque que não funciona. “Isso é um paliativo. Pode até aparentar uma pequena melhora, mas quando falamos em medo, abordamos especificamente a questão psicológica, então todos esses métodos e truques citados acima pedem ajudá-lo, mas não são capazes de resolver o problema”, alerta o especialista.

Fonte: Pet Cidade

Você viu?

Ir para o topo