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Ursa Marsha está enlouquecendo devido ao calor em Zoo, diz órgão de proteção animal

3 de novembro de 2017
3 min. de leitura
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A Confederação Brasileira de Proteção Animal (CBPA) está pedindo a transferência da ursa Marsha, que atualmente vive no Parque Zoobotânico de Teresina, no Piauí, para um santuário. Uma petição online, que já conta com mais de 2.600 assinaturas, feita pela CBPA, solicita a retirada da ursa do zoológico sob o argumento de que Marsha está mal instalada e enlouquecendo por causa do calor.

Marsha é alimentada inadequadamente com ração de cachorro (Foto: Moura Alves/O Dia)

“Ela está com visíveis sintomas de loucura e de neurose que vem se agravando há algum tempo com certeza com a contribuição do calor de Teresina, que é completamente incompatível biologicamente com a sua necessidade de temperaturas muito mais baixas”, afirmou a presidente da CBPA, Carolina Mourão.

Mourão explica que Marsha é da espécie urso pardo, natural de países frios como o Canadá e o norte dos Estados Unidos. O pelo de seu corpo, inclusive, funciona como um casaco de pele que no momento está exposto a um calor que varia entre 36 a 40 graus, temperatura excessiva para a ursa que a impede de ter qualidade de vida. “As condições em que ela vive são completamente inadequadas e é de extrema crueldade tentar segurá-la no zoológico de Teresina”, disse.

A alimentação da ursa também foi criticada por Mourão. Em entrevista ao G1, a presidente da CBPA afirmou que o Zoobotânico de Teresina oferece ração de cachorro como única alimentação para Marsha.

O Parque Zoobotânico, por sua vez, diz que o espaço destinado à ursa é adequado. O coordenador do parque, José Renato Uchôa afirma que o local, com 450 metros quadrados, que é arborizado, possui uma piscina e de acordo com o médico veterinário Alexandre Clark, há também um sistema de aspersão que mantém a temperatura em torno de 25 graus.

Os argumentos do zoológico, entretanto, não condizem com as necessidades de Marsha. Um local com 450 metros quadrados não é ideal para uma ursa, considerando o tamanho do animal e a necessidade dele de ter grandes extensões territoriais para viver, que se aproximem, ao máximo possível, da realidade de seu habitat. O parque alega que a temperatura do recinto da ursa é mantida em aproximadamente 25 graus, a CBPA, entretanto, contesta e diz que Marsha é exposta ao calor de até 40 graus. Entretanto, mesmo que fossem 25 graus, seria inadequado, já que o urso pardo é uma espécie que vive em locais frios, com temperaturas baixas.

A respeito da alimentação de Marsha, o zoológico afirma que, sim, ela se alimenta de ração para cães, mas não só. Recebe também frango, frutas e verduras. O parque diz que não deixou de dar a ração para a ursa por ela ser acostumada a se alimentar disso. “O único objetivo é a fonte de proteína”, alegou o zoo, que, de forma irresponsável e sob justificativas fracas, permanece oferecendo à Marsha um alimento destinado para cachorros.

A ursa foi viver no Zoobotânico após ser resgatada de um circo, no qual foi explorada por 20 anos. “Comparado com o que ela vivia, o estresse é bem menor porque foi um animal que viveu em um circo viajando por todo o Nordeste em uma jaula de dois por dois metros”, afirmou o veterinário, usando uma justificativa inadmissível para manter a ursa no zoológico. Já que, considerando todo o sofrimento que foi imposto a ela na época em que vivia no circo, o mínimo que deveria ser oferecido a ursa é um local adequado, com alimentação e temperatura corretas. Fazer com que Marsha sofra sob a justificativa cruel de que ela está sofrendo menos do que antes é inaceitável.

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