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Demanda por dentes de hipopótamos atrai caçadores e deixa animais à beira da extinção

11 de outubro de 2017
2 min. de leitura
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Um estudo recente publicado no African Journal of Ecology por pesquisadores da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Hong Kong mostra discrepâncias significativas nos volumes do comércio de dentes de hipopótamos, o que pode ameaçar sua sobrevivência.

Hipopótamos em lago
Foto: Reuters/Mike Hutchings

Os hipopótamos são classificados como vulneráveis pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). A caça por suas carnes, peles e dentes – somada à redução de habitats e ao aumento do conflito com humanos – resultou em um declínio das populações em toda a África. Com as taxas atuais, as espécies podem desaparecer dentro de um século.

A demanda por dentes de hipopótamos cresceu muito após uma proibição de 1989 sobre o comércio internacional de marfim de elefantes, de acordo com a IUCN.

Enfeites e acessórios feitos a partir de hipopótamos agora são vendidos a preço mais baixo no mercado global do que os produzidos com presas de elefantes, provavelmente porque a importação dos dentes dos animais é legalizada em muitos países. Os dentes dos hipopótamos também são mais fáceis de ser traficados do que as presas de elefantes.

Os pesquisadores examinaram registros de 1975 da CITES, a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens. Eles descobriram que quase todo o comércio global de dentes de hipopótamo passa por Hong Kong – um dos principais centros do tráfico de espécies ameaçadas – e 75% dessas importações provêm de apenas dois países: Uganda e Tanzânia.

Porém,  o volume de importações declarado por Hong Kong foi substancialmente distinto das exportações registradas  nesses dois países, concluiu o estudo, sugerindo que o comércio excedia as cotas internacionalmente estabelecidas.

De acordo com o Quartz, os autores descobriram 14 mil quilos de dentes de hipopótamos não contabilizados, o equivalente a 2700 hipopótamos ou 2% da população mundial dos animais.

“Esta grave discordância nos dados comerciais enfraquece as medidas regulatórias e desafia a persistência das populações de hipopótamos na África”, escreveram os autores Alexandra Andersson e Luke Gibson.

A Uganda proibiu o comércio de dentes dos animais em 2014. As discrepâncias nos volumes do comércio de dentes de hipopótamos e de outras espécies ameaçadas podem resultar em “níveis de exploração incontroláveis” dos animais e, em última instância, acelerar sua extinção, argumentam os autores da pesquisa.

“Como um centro do comércio legalizado de animais e partes raras, as autoridades de Hong Kong devem ter um conhecimento preciso e o controle das espécies ameaçadas, vendidas ou exportadas em seu território. O destino dos hipopótamos  de uma série de outras espécies pode depender disso”, declarou Andersson em um comunicado.

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