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Golfinhos explorados pela Marinha dos EUA são torturados em pesquisas médicas

30 de setembro de 2017
3 min. de leitura
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No entanto, nem todas sabem que estes golfinhos são constantemente abusados em pesquisas médicas invasivas.

Golfinho mantido em cativeiro
Foto: Reprodução, CBS8

A veterinária Stephanie Venn-Watson trabalha para a National Marine Mammal Foundation (NMMF). A organização sem fins lucrativos de Shelter Island alega que há mais de mil estudos envolvendo golfinhos cativos e selvagens.

Registros mostram que a NMMF recebeu US$ 11 milhões em bolsas de governo em 2016, assim como US $ 700 mil em taxas de serviço do Marine Marine Mammal Program.

Os golfinhos-roazes são treinados para detectar minas subaquáticas como parte de uma missão militar. Já a pesquisa médica é realizada sob o pretexto de curar doenças humanas como a diabetes tipo dois.

Mantidos aprisionados na baía de San Diego há décadas, os golfinhos explorados pela Marinha desenvolveram uma série de doenças crônicas semelhantes às dos humanos, como cálculos renais, doenças hepáticas, sobrecarga de ferro e sintomas de pré-diabetes.

“A prevalência dessas condições no programa de golfinhos da Marinha é muito maior do que na natureza”, explicou Naomi Rose, cientista de mamíferos marinhos do Animal Welfare Institute, em Washington, DC.

Ela acredita que a pesquisa deveria focar na proteção dos animais ao invés da cura de doenças humanas.

Em um estudo de 2016, os golfinhos receberam cortisona – um esteroide hormonal – para determinar quais níveis podiam ser medidos na gordura dos mamíferos. O estudo exigiu até nove biópsias de gordura, retiradas das costas dos golfinhos durante cinco dias.

“Foram necessárias de duas a três espetadas de agulha por amostra para obter gordura suficiente”, revelou a pesquisa.

Os cientistas também coletaram amostras fecais diárias com um tubo de cateter de 15 polegadas colocado nos ânus dos golfinhos.

Em pesquisas feitas em 2008 e em 2011, os animais foram mantidos dentro da água quase congelada, em parte, para descobrir se eles conseguiriam viver nas águas oceânicas de uma sub-base da Marinha em Washington.

Durante 10 dias, eles  foram monitorados para que os pesquisadores analisassem qualquer sinal de estresse por causa do frio, como o aumento da frequência respiratória e tremores.

“Eles basicamente forçaram esses animais a condições de temperatura que estavam completamente fora de sua norma fisiológica. Tudo para justificar a transferência deles para essa base submarina”, criticou Rose, referindo-se ao estudo de 2008.

Em 2010, os cientistas da NMMF utilizaram um tubo de alimentação para despejar um galão de água do mar nos estômagos dos golfinhos abusados pela Marinha. O objetivo era monitorar a osmorregulação (níveis de água e sal) no corpo dos animais. Um cateter foi inserido na bexiga de um animal para a coleta de amostras de urina por um período de 25 horas.

De acordo com o artigo publicado, alguns dos golfinhos resistiram ao procedimento e o estudo foi interrompido.

“O animal realmente não quer fazer parte disso, está expressando esse desconforto. Isso mostra a relutância em participar. Você tem um problema ali”, disse Rose.

A National Marine Mammal Foundation recusou o pedido de entrevista da reportagem da CBS8. Atualmente, Venn-Watson está de licença da fundação. Ela quer ter seu próprio empreendimento com fins lucrativos – uma empresa chamada Epitracker – sob uma licença de pesquisa exclusiva da Marinha.

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