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Investigação mostra a vida miserável das raposas confinadas e mortas pela indústria de pele

31 de agosto de 2017
4 min. de leitura
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Raposa encolhida em jaula
Foto: Open Cages

A filmagem secreta retrata as raposas espremidas dentro de jaulas escuras de metal no Oeste do país. Um dos animais perdeu um olho e outro tinha o maxilar em estado de apodrecimento enquanto outros são vistos encolhidos e tremendo de pânico em cantos escuros das imundas jaulas.

O caso ocorre após evidências igualmente perturbadoras mostrarem “raposas monstruosas”, criadas em fazendas de peles na Finlândia, mantidas em condições deploráveis.

Vídeos feitos em cinco fazendas em Ostrobotnia, no Oeste da Finlândia, mostraram raposas com obesidade mórbida para aumentar a quantidade de peles em seus corpos e, consequentemente, o lucro dos exploradores.

A Polônia é o terceiro maior produtor mundial de pele de raposa, depois da Dinamarca e da China, com quase 800 fazendas espalhadas por todo o país, segundo o grupo polonês Open Cages, que realizou a investigação.

A maior das fazendas pode ter até 200 mil animais. “A maioria das raposas, cerca de 90%, é mantida trancada em suas jaulas durante os seis meses de suas vidas”, disse Pawel Rawicki, porta-voz do Open Cages.

“A única vez em que elas não estão em uma jaula é quando são arrancadas de suas mães e transferidas para uma jaula diferente ou quando são levadas para serem esfoladas”, acrescentou.

De acordo com ele, as raposas exploradas para a reprodução vivem mais e, na maioria dos casos, elas sofrem por mais tempo. Em média, uma raposa mãe será mantida em uma jaula durante um período de um a dois anos.

Ao longo das últimas semanas, os investigadores da Open Cages visitaram três fazendas na região de Wielkopolska da Polônia, uma exclusivamente para raposas, outra para minks e uma fazenda mista de raposas e guaxinins. As propriedades exploram entre 500 a 4.000 animais.

Pavel Rawicki descreveu as condições internas como sendo como “um inferno na terra”. Ele disse: “Você pode facilmente sentir o cheiro dos animais a certa distância, o cheiro de seus dejetos, a comida podre. As pessoas que vivem nas proximidades reclamam o tempo inteiro. São lugares imundos. Um dos que visitamos ficou alagado com muita sujeira e lama em todos os lugares”.

Raposa sem olho
Foto: Open Cages

“Outro parecia meio abandonado, acredito que provavelmente não está indo bem financeiramente. É profundamente trágico e triste. Você pode facilmente dizer que os lugares são como o inferno na terra. Você pode ouvir os animais mordendo as barras nas jaulas, tentando sair e ouvi-los correr de um lado para o outro no espaço minúsculo. É muito alarmante”, completou.

Cerca de 100 mil raposas, nove milhões de minks e 10 mil guaxinins são mortos a cada ano pela indústria de pele na Polônia. Os animais nascem na primavera e morrem em Novembro e em Dezembro.

“Às vezes, devido ao estresse, as mães matam seus filhotes, às vezes os animais se matam e comem os mais fracos. Principalmente devido ao tamanho das jaulas com muitos [animais] em uma jaula. Raposas, cães-guaxinins e minks são carnívoros que não estão adaptados para serem confinados em jaulas, por isso os numerosos atos de agressão, luta e canibalismo”, explicou Rawicki.

No início deste ano, Open Cages conseguiu resgatar algumas raposas. Porém, milhares delas permanecem aprisionadas à espera da morte, revela a reportagem do Daily Mail.

Um diretor de cinema britânico que investigou fazendas de raposas na Polônia para um documentário que será lançado no próximo mês na Polônia disse ter ficado horrorizado com o que descobriu.

Connor M Jackson declarou: “No Inverno de 2016, eu e a Open Cages fizemos uma investigação secreta sobre uma pequena fazenda de raposa e cães-guaxinins em Wielkopolska. Era novembro, então a temporada de assassinatos já havia começado, o que significava menos animais do que o usual. Mas, mesmo da rua, podíamos ouvi-los chorando e latindo”.

Raposa obesa
Foto: Open Cages

“Quando entramos, imediatamente vimos fezes amontoadas em pilhas, em cada jaula. Vimos raposas e cães-guaxinins espremidos em gaiolas pequenas, metálicas e de aparência fria: às vezes muitos em uma gaiola. Eu conseguia ouvir alguns animais que urinavam em suas gaiolas. Encontramos muitos animais apáticos sentados anormalmente imóveis, alguns eram curiosos e nos cheiravam. Pouco depois de entrar na fazenda, encontramos dois animais com sintomas clássicos de estereotipia – um tipo de loucura causado pelo confinamento”, disse.

Ele contou ainda ter visto um animal arranhando continuamente a jaula em uma aparente tentativa de encontrar uma saída enquanto outro corria em círculos repetidamente.

“A pele é indetectável porque vai das fazendas às casas de leilões, então, depois desses leilões, não há traços de sua origem. Porém, como a Polônia é a terceira maior produtora de peles do mundo, você pode assumir que muitas peles do Reino Unido são originárias da Polônia”, explicou.

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