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Investigação expõe a relação perturbadora entre grandes empresas de cosméticos e testes em animais

21 de agosto de 2017
5 min. de leitura
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Cosméticos como hidratantes serão derramados em seus olhos e aplicados em suas costas raspadas. Frequentemente, isso  provoca dor e pode deixá-los cegos. Posteriormente, eles geralmente são mortos impiedosamente.

Coelhos submetidos a testes
Foto: Getty Images

Embora os testes em animais tenham sido proibidos no Reino Unido em 1997 e na União Europeia em 2009, algumas das marcas mais populares da Grã-Bretanha ainda financiam a extrema crueldade.

Se isso parece inacreditável, este é o segredo obscuro da indústria da beleza e de marcas luxuosas como a Clinique, a Lancome, a Kiehl’s, a L’Oreal Paris, a Olay,a  Nivea, a Mac, a La Mer, a Dior, a Caudalie, a Benefit e muitas outras pagam para vender seus produtos na China.

Na China, existe a obrigatoriedade de testar qualquer produto fabricado fora do país em animais. Mesmo aqueles produzidos internamente podem ser testados. As marcas não realizam esses testes, mas sabem que as taxas pagas para ter acesso ao mercado chinês podem financiar procedimentos que seriam ilegais na Europa. Para os amantes dos animais, isso é algo imperdoável.

A mais recente marca que despertou polêmica sobre o assunto foi Nars. Em Junho, a empresa anunciou que começaria a vender cosméticos na China. Os fãs usaram as mídias sociais para dizer que estavam enojados com o fato de a marca que anteriormente afirmou ser “livre de crueldade” tomar essa decisão. Petições e campanhas foram criadas para boicotar a marca e blogueiros apresentaram listas com alternativas aos produtos da Nars.

Laura Swain, de 39 anos, designer de joias em Yorkshire, que tem blogs sobre beleza, ficou chocada com a empresa: “É uma das minhas marcas favoritas, mas detesto o pensamento de que meu dinheiro agora poderia financiar testes em animais. A Nars diz que quer ‘trabalhar em direção a um mundo sem crueldade’ – então, boicote a China para mostrar que suas exigências não estão corretas”, disse.

A Nars defendeu-se alegando que é “importante levar nossa visão de beleza e arte aos fãs da região. A Nars não testa em animais ou pede que outros o façam em nosso nome, exceto quando exigido por lei”.

Mas a marca realmente quer dividir sua “arte” com as mulheres chinesas ou apenas lucrar com o maior mercado de beleza do mundo, que deve valer £ 38 bilhões até 2020?

Os comentários nas mídias sociais criticam a companhia. “Vale a pena comercializar no mercado chinês e perder seus clientes leais e vender a crueldade animal? Adorei seus produtos e teria me tornado um cliente por toda a vida, mas agora irei trocar”, diz uma pessoa.

Outra pessoa escreveu: “Vocês também podem escrever uma declaração que diz:  Preocupamo-nos mais com os lucros do que com a vida de animais inocentes’. É um insulto para seus clientes e não aceitamos vocês tentando nos enganar”.

É claro que, ao perseguir o lucro no mercado chinês, as marcas correm o risco de alienar os clientes britânicos e muitos ficam horrorizados com a ideia de que a compra de algo tão inócuo quanto um hidratante pode financiar os testes em animais.

No Reino Unido, parecia que a batalha contra os testes de cosméticos em animais já havia ganhado. Em 1989, a The Body Shop iniciou uma campanha para acabar com os experimentos tornando-se a primeira marca de beleza a fazer isso. Outdoors continham a mensagem ‘contra testes em animais e a proprietária da empresa, Anita Roddick, liderou manifestações contra a vivissecção.

Produtos de beleza
Foto: Shuttersctock

A indignação do público contra a crueldade permanece forte. Em 2012, depois de causar alvoroço entre o público, a marca de cosméticos Urban Decay abandonou os planos de se mudar para a China, dizendo: “não sentimos que poderíamos cumprir os regulamentos vigentes na China e permanecer fiéis aos nossos princípios”.

Isso não é surpreendente tendo em vista as informações sobre experimentos em animais no país. A maior parte das vítimas são camundongos e ratos, mas coelhos e porquinhos-da-índia também são torturados em laboratórios chineses, revela a reportagem do Daily Mail.

“Os animais podem ter produtos químicos despejados em seus olhos, espalhados na pele ou serem alimentados forçosamente com eles em doses letais “, explicou um porta-voz da organização de proteção animal Humane Society International.

“Além de provocar sofrimento, muitos desses testes não são confiáveis quanto à previsão de reações químicas reais nas pessoas”, adicionou.

Como os consumidores devem evitar comprar acidentalmente de uma marca que permite que seus produtos sejam testados em seres inocentes? Infelizmente, isso não é simples.

Quase 200 das maiores marcas de beleza do mundo pertencem a sete conglomerados. Cada um deles possui marcas na China. Considere a L’Oreal, por exemplo. Enquanto algumas de suas marcas, como a Urban Decay e a Pureology, possuem um logotipo sem crueldade. Todavia, o grupo também possui a Maybelline, a Kerastase, a La Roche-Posay, a Lancome e a Kiehl’s e todas são vendidas na China.

Da mesma maneira, a Unilever, que possui marcas sem crueldade que não são vendidas na China – a Ren Skincare, a Murad e a Dermalogica – é responsável pela Dove, pela Vaseline e pela Pond’s, que são comercializadas no país.

A realidade repulsiva é que, ao comprar um produto que se alega ser livre de crueldade, as pessoas podem inadvertidamente apoiar uma empresa líder que permite a tortura de animais.

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