EnglishEspañolPortuguês

Milhares de cães são drogados para facilitar a venda no Reino Unido

24 de julho de 2017
4 min. de leitura
A-
A+

Milhares de filhotes de cães têm sido criados, muitas vezes em condições horríveis na Europa Central e Oriental para atender a demanda por raças consideradas “desejáveis” no Reino Unido.

Buldogues ingleses
Foto: Dogs Trust

A maior instituição de proteção de cães do Reino Unido informou que eles eram sedados e traficados pela fronteira sem qualquer documentação. Alguns tiveram que enfrentar uma viagem de 30 horas pela Europa, percorrendo 1600 quilômetros.

A filmagem secreta mostra um veterinário da Lituânia vendendo sedativos para que os filhotes minúsculos sejam transportados até o Reino Unido.

Em outro caso chocante, os cãezinhos foram observados vomitando e outro foi flagrado comendo suas próprias fezes durante uma viagem em uma mini van originária da Lituânia.

Os animais foram presos em transportadores de animais empilhados na parte traseira do veículo, sem ar condicionado em temperaturas quentes, disse a organização. Os cãezinhos receberam água apenas duas vezes e não foram sequer alimentados.

De acordo com a Dogs Trust, 82% dos cachorros encontrados na fronteira eram de raças populares como pugs, dachshunds e buldogues ingleses e franceses.

A última pesquisa do grupo ocorre depois que a RSPCA revelou que os buldogues franceses são a raça mais procurada para venda online, sendo que mais de 66 mil pesquisas sobre a raça ocorreram em Gumtree em Fevereiro.

Condições horríveis de cãezinhos
Foto: Dogs Trust

Os ativistas têm pressionado o governo a adotar medidas imediatas para combater a importação dos cães.

“Esses casos chocantes mostram claramente que é necessária uma ação urgente para acabar com o escândalo do tráfico dos filhotes. Continua sendo um problema tão grave para o bem-estar dos animais e a saúde pública em 2017 como ocorreu em 2014, quando nossa primeira investigação mostrou os efeitos devastadores das mudanças de 2012 no Pet Travel Scheme, que efetivamente convidou os traficantes corruptos a traficar cães menores para a Grã-Bretanha”, declarou Paula Boyden, diretora de veterinária da Dog Trust.

“O número de processos é muito baixo e a falta de verificações visuais em portos de ferry e nas fronteiras é inaceitável. Queremos medidas de mais severas, incluindo sentenças de prisão para as pessoas flagradas traficando cãezinhos. Para destacar as falhas do sistema,  levamos o cão falso ‘Charly’ duas vezes pela fronteira – uma vez no Eurotunnel e uma vez em Dover – depois que nenhum controle visual foi feito”, acrescentou.

De acordo com a reportagem do Huffington Post, Boyden frisou ainda que é preciso que o governo revise a legislação referente ao transporte de animais domésticos.

Veterinários da Polônia e da Lituânia também foram filmados falsificando passaportes para animais domésticos e fazendo falsos registros de vacinação contra a raiva.

A Dogs Trust disse que apenas em 2016, 275.876 cães viajaram para a Grã-Bretanha sob o Pet Travel Scheme. Isso permite que os animais viajem facilmente entre os Estados-membros da União Europeia sem serem submetidos à quarentena.

Três cãezinhos dentro de cesta
Foto: Dogs Trust

O maior número de cachorros interceptados pela  Dog Trust Puppy Pilot eram originários da Hungria, Polônia e Lituânia, Latvia, Eslováquia e Romênia.

Mais de 95% dos cachorros resgatados pela organização foram considerados muito jovens para viajar e 6% morreram por problemas de saúde, além de desnutrição e desidratação.

“Após duas investigações anteriores em 2014 e 2015, lançamos nosso esquema Puppy Pilot”, acrescentou Boyden.

“Por meio disso, e com a ajuda da APHA, da Border Force e da Kent Trading Standards, financiamos os custos de quarentena de mais de 500 cães importados ilegalmente e encontramos novos lares para eles por meio dos nossos centros de realocação. Até a interferência da Dogs Trust, os cães resgatados corriam o risco de ter a morte induzida ou serem rejeitados nas fronteiras”, concluiu.

A RSPCA observou um grande movimento no comércio ilegal de cães em 2016. O grupo recebeu 6% mais chamadas do que em 2015 e 132% mais do que cinco anos antes.

Um total de 87% das chamadas foi feito por pessoas que compraram os cães online. Estes casos mostram como é fundamental não financiar a crueldade do comércio de animais e priorizar a adoção que oferece uma chance a inúmeros cães e gatos abandonados e que vivem em abrigos em todo o mundo.

Você viu?

Ir para o topo