EnglishEspañolPortuguês

Os horrores suportados por cães e gatos torturados em laboratório

26 de junho de 2017
6 min. de leitura
A-
A+

Uma investigação realizada  no laboratório de testes multimilionário  que cria e tortura cães e gatos revelou que os trabalhadores atormentavam os animais, cortavam os gastos para aumentar os lucros e promoveram uma perversa cultura de negligência.

Cão torturado no Liberty
Foto: PETA

O Liberty abusa de centenas de cães e gatos a cada ano em testes cruéis – muitos deles realizados para medicamentos veterinários vendidos por gigantes farmacêuticas como Bayer, Novartis e Merck.

O Liberty também cria e comercializa milhares de cães e gatos para serem utilizados em experimentos por empresas como a Merial, agências governamentais como o Departamento de Assuntos de Veteranos e o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e instituições escolares como a Universidade Estadual de Michigan e as universidades de Pittsburgh, Flórida e Louisville.

Quando as empresas planejam contratar o laboratório para realizar testes em cães e gatos, seus representantes regularmente visitam as instalações do local e muitas vezes participam dos experimentos. Eles testemunham a qualidade inferior do local, o sofrimento dos animais e o descuido dos funcionários – e também podem verificar os relatórios de inspeção federal nas instalações.

Gemidos de dor

Em um experimento, os trabalhadores usaram uma broca para fazer buracos nos crânios de 30 beagles jovens para que o vírus da cinomose pudesse ser injetado diretamente em seus cérebros.

Alguns cães piscaram e até gemeram durante o procedimento doloroso, indicando que não foram adequadamente anestesiados. Eles acordaram gemendo provavelmente com dor.  Houve cães que bateram suas cabeças nas paredes da gaiola, fazendo com que os ferimentos sangrassem.

Depois do procedimento bárbaro, um funcionário informou ter visto um cachorro andar em círculos, enquanto outro repetidamente batia a cabeça no chão da gaiola.

Nos dias seguintes, vários cães ficaram letárgicos, pareciam deprimidos e pararam de se alimentar. Alguns espumavam pela boca e outros tinham convulsões. Eles foram deixados para sofrer com os sintomas sem nenhum tratamento aparente e assassinados no final do estudo.

Além do sofrimento causado, a experiência também foi cientificamente inútil. Não apenas há uma vacina contra a cinomose que é usada há décadas para prevenir a doença, como os cães são infectados com vírus por inalação e não por meio do cérebro.

Quando o vírus da cinomose foi injetado nos cérebros dos cães, seus corpos foram atacados por um processo completamente diferente da inalação. Qualquer dado obtido a partir da experiência seria inútil.

Sufocados e explorados até a exaustão

Os gatos abusados pelo Liberty foram mantidos em recintos estéreis e sem janelas, em condições não naturais.

Alguns recintos estavam tão cheios parecia uma situação de açambarcamento ao invés de um laboratório financiado e regulamentado, vinculado às gigantes da indústria farmacêutica e a inúmeras universidades.

Alguns felinos eram claramente incapazes de obter alimento suficiente e estavam muito agros. Apesar disso, eles não foram transferidos para outros recintos e houve pouca preocupação pelo seu bem-estar.

Um supervisor descreveu as vidas miseráveis das gatas exploradas no complexo de reprodução do Liberty, explicando que no mesmo dia em que os filhotes de uma mãe são separados dela para sempre e depois tatuados, se inicia uma vida de privação e dor e a gata é  forçada a se reproduzir novamente.

“Não há nenhuma pausa para ela. Há muitos problemas com elas [dando à luz] porque estão abaixo do peso, mas são mascarados porque estão grávidas e então elas vão ladeira abaixo enquanto amamentam porque não conseguem acompanhar a demanda”, declarou ele.

Dois funcionários relataram ter encontrado gatos “sufocados” por caixas viradas. O USDA realmente acusou o Liberty em março de 2016 por permitir que os gatinhos morressem de forma semelhante. Um trabalhador descreveu um incidente em que uma tábua virou e “esmagou” um gato até a morte.

Morte lenta e dolorosa

Um gato identificado como “JAD4”, chamado de Jade pela testemunha ocular da PETA, teve convulsões por quase um mês. Esses episódios o deixaram brevemente paralisado. Ele já foi visto com tremores nas quatro pernas. Em outras vezes, suas pernas traseiras ficaram curvadas para trás e ele se arrastou para frente.

Porém, nada foi feito para ele durante esse período. Quando foi decidido induzir sua morte, um veterinário simplesmente aconselhou os trabalhadores a verificar se havia alguma necessidade pelas partes do corpo  de Jade.

A morte de Jade foi lenta e agonizante. Um funcionário tentou sedá-lo repetidamente, injetando-o na perna traseira enquanto ele resistia nos braços de outro trabalhador.

Eventualmente, ele foi deixado para tropeçar e cair no chão entre outros gatos. Finalmente, um trabalhador aplicou uma injeção letal no seu  coração, mas quando a agulha foi inserida em seu peito, ele empurrou a cabeça, um sinal de que ele poderia estar consciente e sentindo dor.

Outra trabalhadora admitiu ter aplicado injeções no coração de animais que estavam “menos sedados do que podiam estar”.

Gato Jade
Foto: PETA

Quando o Liberty precisava abrir espaço para mais um experimento, a equipe descartava algum “equipamento” do laboratório. Nesse caso, isso significava matar alguns beagles. Para uma das cadelas, o processo durou mais de sete minutos enquanto ela estava totalmente consciente e ofegante.

Um explorador a segurou, enquanto outro tentava manter a agulha em uma de suas veias. Seu sangue escorreu enquanto ele danificava sua veia. Finalmente, na quarta tentativa, ela foi morta.

Procedimentos arcaicos

O Liberty realiza experimentos arcaicos e cruéis em animais, apesar da existência de métodos alternativos e eficazes que não utilizam seres inocentes.

Em um experimento que o Liberty realizou para uma empresa farmacêutica, jovens cães foram injetados com grandes doses de um opioide e submetidos a múltiplas coletas de sangue. Eles se tornaram letárgicos e deprimidos, recusando-se a se alimentar.

Em experimentos financiados por outra empresa, um inseticida foi injetado em cães para avaliar sua tolerância, embora uma pele sintética pudesse ter sido usada ao invés da crueldade.

Rindo de ferimentos dolorosos

No Liberty, os animais incompatíveis eram frequentemente confinados juntos. Um cão, chamado de Hank pela testemunha ocular, foi mordido por outro cachorro – mas uma trabalhadora descartou a necessidade de tratar o ferimento.

Mesmo que o cão não conseguisse suportar o peso em uma das pernas dianteiras, ela disse: “Não vou fazer nada por isso. Volto em uma semana para ver se está limpo”.

Ela disse que esperou até que um cachorro tivesse mordido outro três vezes antes de separá-los. Dois cães chamados Lumpyhead e Shitter lutaram com frequência, mas não foram separados.

Um dos trabalhadores riu quando disse que mesmo que outro cachorro “se machucasse” por um companheiro, eles foram separados apenas “quando a luta continuou”.

Já no Brasil, a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou o projeto de lei  706/2012, do deputado estadual Feliciano Filho, proibindo o uso de animais no ensino.

Caso o projeto se transforme em lei, São Paulo será o primeiro Estado do mundo a conquistar esta grande vitória para os direitos animais.

Você viu?

Ir para o topo