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Elefantes são envenenados por caçadores em áreas protegidas do Zimbábue

22 de junho de 2017
3 min. de leitura
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Seis deles morreram no Sul do parque e alguns tiveram suas presas arrancadas. Os outros elefantes foram localizados em terras florestais estaduais.

Elefante envenenado no Zimbábue
Foto: AP

Guardas-florestais agiram rapidamente e um balde de veneno foi encontrado próximo à cena terrível e três prisões foram feitas. Um dos presos carregava o marfim dos animais.

O primeiro caso conhecido de envenenamento de elefantes no Zimbábue foi um massacre de mais de 100 elefantes no mesmo parque em 2013.

Desde então, o método cruel tornou-se um meio comum usado por caçadores – não apenas em Hwange, mas em todas as áreas protegidas do país, incluindo o vale Zambezi e o Gonarezhou National Park.

Os elefantes não são os únicos animais que estão morrendo. Leões, hienas, chacais e abutres  enfrentam uma morte lenta e agonizante depois de comer a carne envenenada, enquanto outras espécies, como antílopes e zebra, morrem ao beber água de baldes, poços e lamas contaminados.

Os caçadores utilizam uma solução diluída de cianeto de sódio e, em alguns casos, paraquat, um herbicida agrícola extremamente tóxico para os seres humanos e outros animais.

Roxy Danckwerts, fundadora do Zimbabwe Elephant Nursery, teve insuficiência renal e pulmonar em 2016 após ter contato com dois bebês elefantes envenenados com paraquat em Hwange. Ela ainda tem dificuldades em respirar. Os dois filhotes, chamados de Phoenix e Lucy, faleceram.

Tanto o cianeto quanto o paraquat  podem ser encontrados facilmente no Zimbábue. O paraquat, embora tenha sido proibido na União Europeia (EU), é usado pelos fazendeiros do Zimbábue para matar ervas daninhas e gramíneas.

Já solução de cianetos é comum entre as centenas de milhares de mineiros informais do país. Os caçadores gostam de usar os venenos porque eles permitem o assassinato silencioso dos grandes mamíferos, sem disparos de rifle que chamariam a atenção dos guardas-florestais.

Trevor Lane, co-fundador da Bhejane Trust, uma organização sem fins lucrativos que monitora a caça na área setentrional de Hwange, diz que os guardas-florestais foram instruídos pelo governo com uma política clara de “atirar para matar” qualquer caçador que for encontrado dentro de um parque nacional.

“Os caçadores com a sorte de serem capturados vivos recebem imediatamente uma sentença mínima de prisão de nove anos se forem descobertos com marfim ou veneno”, explica.

O governo esperava que isso detivesse os caçadores, mas os altos preços do marfim aliado ao desespero de muitos moradores perpetuam a brutalidade.

Lane disse ao Independent Online que devem ocorrer mais envenenamentos de elefantes. Um caçador consegue vender uma única presa dos mamíferos por cerca de £ 250.

Entretanto, os moradores pobres não são os únicos envolvidos nos envenenamentos. A lucratividade global do comércio de marfim é bem documentada e no Zimbábue isso não é diferente.

Há evidências do envolvimento de diretores de mineração, policiais e até guardas-florestais insatisfeitos nessa extrema crueldade.

A maioria dos cadáveres de elefantes em Hwange foi descoberta por pilotos de aeronaves  que realizam contagens periódicas.

Colin Gillies, vice-presidente do  Matabeleland, braço da Wildlife & Environment Zimbabwe, uma organização que realiza contagens de elefantes anuais em Hwange, diz que as regiões remotas do sul e do nordeste são notoriamente difíceis para os guardas patrulharem de forma eficaz.

“As poucas trilhas de veículos são difíceis no melhor dos tempos, mas ficam completamente inacessíveis durante a estação das chuvas”, frisa.

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