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Os horrores suportados por galinhas injetadas com altas doses de esteroides em granjas

3 de maio de 2017
5 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto: Qamar Sibtain/Mail Today

Granjas localizadas em Haryana, na Índia, têm obrigado as galinhas a ingerir esteroides e antibióticos, além de mantê-las em gaiolas absurdamente pequenas.

Uma investigação do Daily Mail sobre a indústria de granjas nos distritos de Sonary, Panipat e Karnal de Haryana expôs os horrores praticados por proprietários preocupados apenas com o lucro.

“Nossa divisão de incubação produz 15 mil pintinhos todos os dias e assim que são incubados, eles são injetados com antibióticos para não serem infectados”, diz Sehrawat, gerente de uma granja em Karnal.

Como as aves são amontoadas em gaiolas, existe sempre a ameaça da infecção e os antibióticos são usados para promover o crescimento dos animais. Sehrawat declarou que esteroides são usados porque eles precisam “promover um crescimento rápido” dos animais.

Com isso, as drogas acabam também no ecossistema, conduzindo à propagação de bactérias resistentes à droga nos seres humanos que consomem os animais.

“Antibióticos como enrofloxacina e sulfonamidas são usados imprudentemente na indústria avícola indiana para o tratamento de infecções que surgem devido aos ambientes anti-higiênicos e superlotados nos quais elas são mantidas”, disse Amulya VR, um veterinário com sede em Hyderabad.

Quase 70% dos antibióticos vitais para combater infecções em seres humanos são vendidos para a indústria da carne e de laticínios.

Na verdade, as Nações Unidas pediram à Índia para resolver urgentemente a crescente questão da resistência antimicrobiana no país devido ao uso indiscriminado de antibióticos.

Um estudo realizado pelo Centro de Ciência e Meio Ambiente (CSE) em galinhas mortas em granjas há aproximadamente três anos descobriu que 40% das amostras estavam contaminadas com resíduos de antibióticos.

Os seis antibióticos mais comuns utilizados por granjas são oxitetraciclina, clortetraciclina, doxiciclina, enrofloxacina, ciprofloxacina e neomicina.

Foto: Qamar Sibtain/Mail Today

“A principal razão para isso são as condições, em grande parte anti-higiênicas, em que galinhas são criadas, levando a altas taxas de infecção e mortalidade. Outro motivo é engordar as galinhas sem precisar de muita comida”, disse Amit Khurana, gerente do CSE.

Além disso, foram descobertas mais evidências de crueldade contra animais. As galinhas exploradas na granja Haryana são mantidas em minúsculas gaiolas de metal.

As aves são injetadas com hormônios de crescimento e engravidadas repetidamente. Alguns galos são até mesmo esmagados vivos, já que são considerados menos rentáveis pela indústria.

São necessários em torno de 40 dias para um pintinho crescer e se transformar em uma galinha com peso entre 1,5 quilos a 2 quilos, capaz de botar ovos. Sunil, gerente de uma granja em Gharauda, em Karnal, disse que são usados 12 tipos de “pós” feitos de substâncias químicas e biológicas, incluindo gelatina na ração, para fazer as galinhas colocarem ovos mais rapidamente.

Ambika Nijjar, ativista pelos direitos animais e advogada, descreve o processo de inseminação artificial: “Primeiro abrem as pernas de um galo e pegam o esperma. Em seguida, abrem as pernas da fêmea e a vagina e inserem o sêmen com um conta-gotas. É um processo muito doloroso para ambos e quase todas as aves que inspecionamos tinham a genitália inchada e infectada”.

No último ano, o país produziu um total de 29,09 bilhões de ovos, de acordo com a Pesquisa de Amostra Integrada. Tamil Nadu, Andhra Pradesh, Telangana, Bengala Ocidental e Haryana foram os cinco maiores estados produtores de ovos.

Milhões de galinhas vivem atualmente em ambientes que facilitam a propagação de doenças em todo o país, violando a legislação. Quando os pintinhos nascem, são separados para a produção de carne e ovos. Nesta última categoria, apenas as fêmeas conseguem sobreviver. Os machos são mortos placas de metal eletrificadas ou com um triturador construído especificamente para moê-los ainda vivos.

Enquanto isso, as pequenas fêmeas são enviadas para incubadoras comerciais onde são mantidas sob lâmpadas aquecidas até serem capazes de manter a própria temperatura corporal.Com aproximadamente 16 semanas, a maioria das galinhas é transferida para pequenas gaiolas de arame estéril que são chamadas de “gaiolas de bateria”.

Entre quatro a seis galinhas são amontoadas em uma única gaiola com um tamanho aproximado de 623,7 centímetros quadrados. Ao longo de dois anos, as aves consomem tantas substâncias artificiais na forma de antibióticos e esteroides que tem a capacidade de produção de ovos reduzida.

Foto: Qamar Sibtain/Mail Today

Quando a capacidade chega a 40%, elas são mortas. A expectativa de vida média de uma galinha é de cerca de 10 a 12 anos.

“Essas galinhas são aprisionadas em gaiolas pelo resto de suas vidas, onde não podem abrir as asas, se virar ou fazer um ninho antes de dar à luz, o que é cruel e completamente ilegal”, disse NG Jayasimha, ex-membro do Animal Welfare Board of Índia e diretor administrativo da Humane Society International da India.

“Elas não podem expressar seu comportamento natural, como tomar banho de poeira, gerando desequilíbrios nos níveis lipídicos das penas, grandes problemas estruturais e mecânicos nos ossos esqueléticos longos, frustração e sofrimento”, completou.

Confinadas neste tipo de “campo de concentração”, as aves desesperadas frequentemente se bicam ou praticam o canibalismo.

Para evitar isso, aves bastante jovens têm os bicos cortados com uma lâmina aquecida que provoca uma dor excessiva e  causar danos nos tecidos. A prática cruel também pode ocasionar lesão do nervo, feridas abertas, sangramento e dor crônica.

Especialistas em aves também descobriram que o som estridente das granjas são, na verdade, chamados de socorro porque as galinhas suportam uma vida miserável.

 

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