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Bebê elefante arrisca a vida para proteger mãe baleada por caçador

2 de março de 2017
5 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto: The David Sheldrick Wildlife Trust

Durante dias, Zongoloni ficou de guarda sobre sua mãe à beira da morte, perseguindo qualquer um que estivesse muito próximo a ela.

Ela usou sua tromba para acariciar o corpo da mãe ferida, baleada por um caçador de marfim. A elefanta de 18 meses recusou-se a sair do seu lado, mesmo quando a fome e a desidratação ameaçaram sua própria vida.

Se tivesse sido deixada para se defender sozinha, Zongoloni quase certamente teria morrido ao lado da mãe, de cujo leite ainda dependia. Em vez disso, agora, aos cinco anos, ela está feliz e saudável e vive em um dos três centros de reintegração do Orphans’ Project no Quênia.

O projeto – liderado pelo David Sheldrick Wildlife Trust – que neste ano comemora seu 40 º aniversário – é o mais bem sucedido orfanato de elefantes do mundo.

O ativista e apresentador da BBC 5 Live, Nicky Campbell, escreveu e lançou um single, inspirado em elefantes órfãos como Zongoloni, para arrecadar dinheiro para ajudar mais animais.

“Esses bebês elefantes viram coisas terríveis na natureza, literalmente assistiram a suas mães serem perseguidas até morrer na frente deles e ter suas presas levadas”, diz o apresentador de rádio de 55 anos.

“O DSWT os encontra e os nutre. A equipe que os ajuda me disse: ‘Você sabe que vale a pena quando o filhote entra e grita durante a noite toda, grita por sua mãe. Então, gradualmente eles são reabilitados e 10 anos depois voltam à natureza’. Um elefante nunca esquece. Os elefantes riem, choram e fazem brincadeiras uns com os outros, como seres humanos. Eles são animais extraordinários. Mas, por causa do comércio de marfim, os seres humanos são seu inferno”, completa.

Apesar de seu início horrível na vida, Zongoloni é uma das sortudas. Sua mãe sobreviveu por quase uma semana com uma bala na perna, que havia dilacerado seu osso.

Foto: The David Sheldrick Wildlife Trust

Os veterinários a trataram, mas, com a bala ainda alojada no local, eles não estavam otimistas sobre sua recuperação. Infelizmente, eles estavam certos e ela teve a morte induzida.

A situação da elefanta levou os ativistas às lágrimas. No entanto, pelo menos eles conseguiram salvar Zongoloni. Após um voo de 90 minutos e um gotejamento que salvou sua vida, ela foi levada para o orfanato, onde agora é um dos 200 bebês resgatados.

O DSWT resgata e cuida de bebês órfãos, dependentes do leite, com o objetivo de devolvê-los ao estado selvagem quando estiverem completamente crescidos. Com a ajuda de uma fórmula de leite pioneira – desenvolvida pela fundadora da organização, Dame Daphne Sheldrick – centenas de animais foram salvos.

Até agora, o DSWT libertou na natureza mais de 100 elefantes, que tiveram 24 bebês entre eles. Daphne, de origem queniana, e seu falecido marido, David Sheldrick, passaram décadas criando e reabilitando os animais selvagens.

Após a morte de David, em 1977, Dame Daphne criou uma fundação em sua memória. Porém, ela enfrenta uma luta árdua. Os caçadores de marfim mataram 100 mil elefantes africanos entre 2011 e 2014, de acordo com o mais recente estudo sobre as matanças realizado pela Universidade do Colorado (EUA).

Em 2011, aproximadamente um em cada 12 elefantes africanos foi morto por um caçador. A demanda por marfim, principalmente na China e em outras partes da Ásia, impulsionou o mercado negro. Os elefantes africanos estão listados como “em perigo” pela Lei das Espécies Ameaçadas de Extinção, enquanto os elefantes asiáticos já estão classificados como ameaçados.

Se a caça continuar, Nicky teme que os filhos de suas filhas adolescentes crescerão em um mundo onde não poderão ver elefantes na natureza. “Estou realmente ansioso por um momento no futuro, no qual seus filhos viverão em um planeta com elefantes na natureza, vagando por centenas de centenas de quilômetros, encontrando buracos de irrigação, permanecendo em famílias e vivendo suas belas vidas”, diz.

“Quero que eles estejam por perto quando meus netos forem velhos. Isso é o que me deixa amedrontado. Quando destruímos o mundo natural, quando destruímos elefantes na natureza, como nos veremos no espelho? Temos que ter uma situação na qual as pessoas não olham para um marfim antigo e pensam que é bonito – elas têm que, em vez disso, visualizar um bebê elefante guardando sua mãe morta. Isso é o que eu enxergo quando vejo marfim: luto e feiura. A única vez em que o marfim é bonito é quando está na face de um elefante”, acrescenta.

Foto: Daily Mirror

As histórias dos outros elefantes órfãos salvos pelo DSWT são tão devastadoras quanto as de Zongoloni. Roi foi resgatada há três anos. Ela foi descoberta ao lado do corpo de sua mãe, morta por uma lança envenenada de um caçador, enquanto desesperadamente usava sua tromba para acariciar a mãe ensanguentada.

No dia anterior, Roi tinha sido fotografada mamando alegremente. O filhote corria em sua casa na Reserva Nacional de Masai Mara, no Quênia. Felizmente, a situação de Roi foi denunciada para uma equipe local de resgate de elefantes e o DSWT – apenas um dos três grupos que trabalham com elefantes órfãos na África – coordenou sua transferência para o Nairobi National Park.

Hoje, Roi é uma elefanta robusta e saudável de três anos que recentemente foi transferida da enfermaria do DSWT em Nairobi para uma das unidades de reintegração no Tsavo East National Park.

Para celebrar o 40º aniversário da DSWT, o amante de animais Nicky, que cuida de três cães, escreveu uma canção emocional chamada “Sacred Eyes”, de acordo com o The Mirror.

“As letras são sobre a beleza e o amor dos elefantes em contraste com uma paródia final da arte vista como o marfim esculpido de uma família de elefantes que é vendido no Oriente Médio. Está comemorando a beleza dos elefantes em uma escultura, mas resultou na destruição de uma família”, aponta.

“Esse é o verdadeiro significado da paródia – é uma paródia doentia. Temos tanto a aprender com o mundo animal. Com os animais, observamos o amor incondicional, uma pureza do amor, que podemos ver em nós mesmos. Porém, como Dame Sheldrick disse: ‘Os elefantes são como nós – mas melhores”, conclui.

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