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Rinocerontes são assassinados para financiar construção de armas nucleares na Coreia do Norte

4 de janeiro de 2017
3 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto: Getty Images
Foto: Getty Images

Hong Soon-kyung, que abandonou seu trabalho na embaixada tailandesa da Coreia do Norte em 2000, admitiu que o regime havia infringido a lei internacional e comercializado chifres de rinoceronte.

Segundo ele, embaixadas na África estavam comprando as lembranças terríveis dos caçadores e depois as contrabandeavam para a China em malas diplomáticas, que raramente são revistadas.

Uma vez na Ásia, os “troféus” eram vendidos a US$ 40 mil (£ 32.500) por quilo – tornando-se uma valiosa fonte de moeda estrangeira para os chefes do partido em Pyongyang.

O problema não se limita à África; Hong afirmou que o mercado negro estava financiando embaixadas norte-coreanas em todo o mundo.

Foto: Getty/KCNA
Foto: Getty/KCNA

“O que eles fazem é participar do comércio. Na África, eles vendem materiais como chifres de rinoceronte para a China e é assim que ganham dinheiro”, completou.

Em uma reportagem recente, o Global Initiative Against Transnational Organised Crime detalhou um incidente no qual dois norte-coreanos foram presos em flagrante.

O diplomata Pak Chol-jun e o mestre de Taekwondo Kim Jong-su foram detidos em Maputo, Moçambique, com 4,5 quilos de chifre de rinoceronte avaliados em US$ 180 mil no mercado negro.

Eles foram libertados apenas 24 horas mais tarde e seu veículo foi devolvido a eles. Ambos retornaram à Coreia do Norte e sequer enfrentaram acusações criminais.

O autor da reportagem, o jornalista sul-africano Julian Rademeyer, descobriu 29 casos em que diplomatas contrabandearam chifres de rinoceronte – 16 envolvendo norte-coreanos.

Ele disse ao Daily Star Online que nenhum desses casos terminou em julgamento, fazendo com que o tráfico de chifres de rinoceronte se tornasse o “crime perfeito” para diplomatas desonestos do regime de Kim Jong-un que arrecadar dinheiro para a construção de armas nucleares.

“[Chifre de contrabando] é menos arriscado do que algumas das outras atividades ilegais de que Pyongyang foi acusado no passado como o tráfico de drogas”, declarou.

“Em alguns aspectos, é um crime mais suave e, para diplomatas com uma inclinação criminal, é em muitos aspectos o crime perfeito, porque eles estão protegidos pela imunidade diplomática. Também é improvável que você encontre policiais que estariam dispostos a despertarem a ira de seu governo ou a se envolverem em um incidente revistando uma mala diplomática”, adicionou.

Quando Rademeyer confrontou a embaixada norte-coreana em Pretoria, os diplomatas o atacaram e também seu cinegrafista e jogaram pedras pequenas em seu carro: “Eles tentaram arrancar a câmera e pegar documentos da minha mão. Acho que a reação foi bastante extraordinária – são diplomatas”, contou.

O comércio de chifres de rinocerontes raramente fica encoberto; hoje os chifres são tipicamente vendido na China e no Vietnã – inteiros ou esculpidos – como um símbolo de status.

“O custo para a África é que uma de nossas espécies mais icônicas enfrenta a possibilidade de extinção em um futuro não muito distante. Há também um custo humano muito real, pois guardas-florestais perderam a vida e você também tem um grande número de suspeitos de caça sendo mortos”, finalizou Rademeyer.

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