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Coleira auxilia cães cegos a andar sem bater em objetos

28 de dezembro de 2016
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coleira auxilia cães cegos
O pequeno poodle Sherlock nos braços de Natália Dantas, que trabalha na coleira inteligente com Luana Wandecy e Eugê | Foto: Novo Jornal

O pequeno poodle Sherlock, de 16 anos de idade, começou a perder a visão aos 9 e desde então tem dificuldade de se locomover por conta dos obstáculos que ele não enxerga em seu caminho. Contudo existe uma empresa que, pensando em situações como a de Sherlock, desenvolveu um produto para acabar com esses problemas.

A BlinDog, startup potiguar fundada por três jovens recém-formados pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), criou uma coleira que vibra quando o animal que a usa se aproxima de algum obstáculo, fazendo com que ele consiga desviar.

Até hoje não havia qualquer produto que avisasse aos cães que não veem quando eles estão próximos de objetos que lhe impõem barreiras à movimentação. Os acessórios mais comuns são aparadores, colares de proteção, que colidem com as paredes e utensílios antes dos animais, evitando esse contato.

Quando o cão cego se adapta ao ambiente em que vive, decora onde estão os obstáculos e os evita, depois de muitas trombadas. No entanto qualquer mudança pode fazer com que eles se atrapalhem e acabem esbarrando novamente no que estiver pela frente.

Uma simples mudança de lugar dos móveis, por exemplo, faz com que uma casa se torne diferente do que está configurado no cérebro dos cachorros, permitindo a ocorrência de acidentes.

Para evitar que os cachorros se machuquem, é preciso adequar toda a residência à sua deficiência. Como proteger quinas de móveis, retirar tapetes, colocar portões em escadas e outras medidas que venham a auxiliar os cachorros.

A administradora e designer Natália Dantas, de 26 anos, é a tutora de Sherlock. Ela lembra que o seu poodle sempre sofreu com os efeitos da cegueira, que foi provocada pela catarata que o cachorro adquiriu.

Natália e seus familiares mudaram de endereço e, em uma casa diferente, Sherlock voltou a bater rotineiramente nos móveis e também na parede. “Foi assim até se adaptar de novo”, conta.

Sherlock é um membro da família Dantas, então a preocupação com ele é constante. Apesar de hoje ele já estar mais adaptado à residência, ainda bate a cabeça vez ou outra andando pelo imóvel.

A coleira BlinDog aparece como uma alternativa moderna e eficiente para ajudar os caninos. A engenheira mecânica Luana Wandecy, 26, que junto com Natália Dantas e o engenheiro da computação Eugênio Pacelly, 25, fundou a empresa, explica que o produto é composto por sensores que detectam quando o cachorro se aproxima de um obstáculo.

Quando isso ocorre, de acordo com Luana Wandecy, a coleira vibra. “Então o cachorro associa a vibração ao obstáculo. No primeiro momento ele vai bater. Vai vibrar e ele vai bater. Então ele vai sentir que se vibrar e ele desviar, não bate. Vai começar a desviar a partir da vibração”, detalha.

Além de possíveis ferimentos e contusões externas, as colisões também podem provocar traumas neurológicos nos cães, por conta das batidas na cabeça. “A coleira vai evitar esses traumas e, consequentemente, melhorar a vida do animal”, acrescenta a engenheira.

A coleira BlinDog ainda está em fase de teste. No site da empresa, os interessados podem se cadastrar, colocando as informações sobre o cão deficiente, e aguardar a seleção para o teste.

Natália Dantas afirma que, neste momento, a equipe está empenhada em desenvolver o “protótipo ideal” para a realização dos testes, que estão previstos para o primeiro semestre de 2017.

A lista de inscritos também vai servir, segundo ela, como uma espécie de pré-venda. Quando a coleira começar a ser comercializada, também no ano que vem, as pessoas que tiverem preenchido o formulário no site terão prioridade na compra.

Natália Dantas conheceu Luana Wandecy em novembro de 2015 durante o evento de empreendedorismo Startup Weekend Natal. Trata-se de uma espécie de desafio, onde os participantes são estimulados a desenvolver uma ideia de produto e validá-la.

Luana tinha uma cachorra, que já morreu, com o mesmo problema de Sherlock. “E aí coincidiu de eu encontrar Natália no evento”, disse.

As duas então se juntaram a Eugênio Pacelly e desenvolveram a coleira BlinDog.

“Por experiências próprias a gente percebeu que cães cegos batem muito em obstáculos e acabam tento transtornos neurológicos que deixam a saúde bem delicada”, reforça Luana Wandecy.

Fonte: Novo Jornal

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