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Animais selvagens são perseguidos e espancados até a morte para produção de pincéis

19 de dezembro de 2016
3 min. de leitura
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Por Iago M. de Oliveira (em colaboração para a ANDA)

Foto: Sudhir Shivaram
Foto: Sudhir Shivaram

Os mangustos são animais valentes. Eles podem enfrentar facilmente uma serpente e lidar com outros animais. Infelizmente, na Índia, a espécie é considerada valiosa por uma indústria terrível que utiliza seus pelos para a fabricação ilegal de pincéis.

Em 1972, a Índia proibiu a caça, compra e venda de mangustos e de suas partes, incluindo seus pelos, que eram alvo de grande procura. Entretanto, a caça e o mercado negro ainda continuam com essas práticas nos dias atuais. Recentemente, policiais indianos prenderam pessoas suspeitas de contrabandear 12 quilos de pelos de mangusto, o equivalente a mais de 130 animais, como informou o periódico The New Indian Express.

De acordo com a ONG Wildlife Trust of India, no início dos anos 2000, 50 mil mangustos eram assassinados anualmente. Embora não se tenha dados precisos de quantos desses animais são assassinados hoje em dia, especialistas afirmam que o mercado negro continua a prosperar com o sofrimento animal.

Jose Louies, da ONG mencionada, garante que a produção de pincéis com pelo de mangusto nunca parou. Ele diz que a comercialização interna está em baixa, mas o que impulsiona esse negócio é a indústria internacional.

Por vezes, os pincéis são vendidos diretamente para compradores nos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio; outras vezes, são vendidos como pincéis de pelo de zibelina ou texugo, cujo comércio é legalizado na Índia.

Foto; Wildlife Trust of India
Foto; Wildlife Trust of India

A caça é uma prática brutal. Segundo um documentário produzido pela Wildlife Trust of India, os caçadores geralmente capturam os mangustos usando armadilhas ou redes e os espancam até a morte com tacos de madeira. Depois, os caçadores arrancam todo o pelo do animal, vendem para intermediários e ficam com a carne do mangusto para si. Tendo em vista que não se consegue uma grande quantidade de pelo com cada mangusto, os intermediários percorrem as cidades recolhendo mais pelos para venderem às indústrias produtoras de pincéis.

Essas operações podem ser gigantescas. Em 2015, a polícia indiana capturou 14 mil pincéis de um distribuidor em uma cidade costeira do sudoeste da Índia, segundo o The Times of India. Os pinces haviam sido produzidos no estado de Uttar Pradesh, uma área que a ONG afirma ser o lar de muitos produtores de pinceis.

Shekhar Kumar Niraj, presidente do TRAFFIC, que é órgão de monitoramento da ONG, diz que existe uma ignorância de artistas em relação a essa indústria ilegal e cruel. Todavia, aqueles que conscientemente procuram por pincéis de pelo de mangusto geralmente são pintores a óleo profissionais.

A Lei de Proteção da Vida Silvestre de 1972 prevê pena de no mínimo três anos e multa de 10 mil rúpias (o equivalente a US$ 146) para quem for condenado pelo assassinato, posse ou comércio do mangusto ou de partes de seus corpos. Além disso, também existe uma proibição explícita a essas práticas na Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção.

Em busca de alternativas a essa barbaridade, alguns artistas utilizam pincéis com fibras sintéticas.Todavia, isso ainda não foi capaz deter a caça de mangustos para a produção de pincéis, como afirma a National Geographic.

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