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Morte de cadela explorada por fábrica de filhotes simboliza luta contra o comércio de animais

3 de novembro de 2016
4 min. de leitura
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 Por Ana Luiza Yoneda / Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto; Michelle Burchfield
Foto: Michelle Burchfield

No dia em que foi resgatada de uma fábrica de filhotes, a vida de Gwinnie começou a mudar de uma forma maravilhosa, mas ela não sabia disso e estava aterrorizada. Depois de longos sete anos vivendo em uma gaiola, Gwinnie não conhecia nada além de abusos e sofrimento e seu trabalho era apenas dar à luz filhotes comercializados por todo os EUA.

A cachorra teve seu coração partido repetidamente quando seus filhotes eram arrancados dela cedo demais para que suas vendas obtivessem o máximo de lucro possível. Antes de ser resgatada, Gwinnie não sabia o que era um toque de carinho de uma mão humana, nunca ouviu uma voz suave ou recebeu cuidados médicos. Ela só conhecia o medo e a sobrevivência.

No entanto, durante seus anos na fábrica, Gwinnie tinha um amigo e seu nome era Teddy e os dois foram resgatados pelo grupo National Mill Dog Rescue. Eles se confortaram durante toda a incerteza e terror que era esse desconhecido mundo sem exploração. Não demorou muito para os cãezinhos encontrarem lares permanentes juntos e  prosperarem com o amor que receberam.

Foto: Michelle Burchfield
Foto: Michelle Burchfield

A pelagem áspera e emaranhada de Gwinnie logo se tornou uma pelagem dourada, linda e viçosa e o medo em seus olhos foi embora. Apesar de frequentemente se esconder atrás do corajoso Teddy e ficar preocupada quando um estranho entrava na casa, a cadelinha percebeu que estava segura e era amada.

Infelizmente, o abuso e negligência que ela sofreu na fábrica provocaram danos e a linda Gwinnie faleceu no dia 3 de outubro deste ano. Sua família sente muito a sua falta e ainda está tentando aceitar a perda, mas ninguém sentirá a falta de Gwinnie como Teddy, sua alma gêmea.

Por mais estranho que pareça, em se tratando de muitas coisas, Gwinnie teve sorte. Ela foi resgatada (com seu melhor amigo) e pôde conhecer o amor, a felicidade e a liberdade antes que sua vida acabasse.

Existem centenas de milhares de cães de reprodução em fábricas de filhotes que nunca terão a oportunidade que Gwinnie teve.

O que é uma fábrica de filhotes?

Foto: Michelle Burchfield
Foto: Michelle Burchfield

Fábrica de filhotes é um criadouro de cães comercial e de larga escala onde os cães vivem em gaiolas e são explorados repetidamente para reprodução para que os filhotes sejam vendidos em lojas de animais. Existem pelo menos 100 ou até 800 cães abusados para reprodução em apenas uma fábrica. Estima-se que existem cerca de 10 mil fábricas nos EUA, a maioria localizada no centro-oeste do país. Cerca de um terço dessas fábricas são aprovadas e licenciadas pelo USDA, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, os cães são legalmente classificados de “agricultura”.

A maioria dos cães vive em gaiolas em prédios, celeiros e cabanas que não possuem aquecimento ou refrigeração. Eles não socializam, recebem pouco ou nenhum cuidado veterinário, não possuem camas ou brinquedos e nunca têm a oportunidade de correr e brincar na grama – alguns não chegam a ver a luz do sol – ou receber amor.

Os cachorros que vivem nessas instalações bebem água em bebedouros conta-gotas e não podem se hidratar de forma natural, enchendo suas bocas. Isso permite que as bactérias se alojem nos dentes, levando a diversos problemas dentais; o mais extremo (porém comum) é a perda óssea da mandíbula. Raças de pelagem longa nunca são penteadas e provocam nós dolorosos, causando terríveis infecções.

O piso das gaiolas em que vivem é gradeado e as unhas dos cães raramente são cortadas, resultando em deformidades e em feridas dolorosas. A vida em uma gaiola causa uma lista muito longa de outros problemas físicos: perda dos olhos, rabos quebrados, lesões na coluna, ossos quebrados que não são tratados, dirofilariose, carrapatos e vermes entre outros problemas.

As fêmeas são colocadas para procriar em todos os ciclos menstruais e  geralmente seus filhotes são levados ainda muito pequenos. Quando a cadela não é mais fértil, normalmente entre os cinco e sete anos, o procedimento padrão é provocar sua morte.

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