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Veterinário explica como prevenir crises de convulsão em cães

26 de agosto de 2016
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Donos devem ficar atentos ao comportamento do animal (Divulgação/Pixabay)
Divulgação

Alguns tutores nem imaginam, mas os cães também podem apresentar crises de convulsão, uma complicação relativamente comum no mundo veterinário. Muito associada às doenças no cérebro, essas crises, na verdade, são manifestações clínicas de excessivas descargas elétricas que causam contrações musculares involuntárias, podendo resultar na paralisação parcial ou generalizada nos músculos do animal.

O médico veterinário Murilo Kleist, de Sorocaba (SP), explica que a diferença entre elas é baseada no estado de consciência do cão. O diagnóstico pode ser observado pelo comportamento, sendo que as convulsões parciais apresentam sinais motores como alterações nos movimentos; enquanto nas convulsões generalizadas, o animal fica inconsciente.

Algumas raças têm maior predisposição para as crises, principalmente por existir certa hereditariedade na doença, como o Beagle, Setter Irlandês, Yorkshire, Maltes e Lhasa Apso. Outras raças, como Boxer e Golden Retriever, também possuem predisposição ao desenvolvimento de tumor cerebral.

“As convulsões generalizadas são mais comuns no ambiente doméstico e podem apresentar sinais prévios, tais como o excesso de urina, defecação, choro ou gritos do animal”, explica Murilo.

O veterinário explica que a primeira parte da convulsão generalizada é a fase tônica, na qual há um aumento do tônus muscular, extensão rígida dos membros e queda do animal. “É importante que o dono observe a respiração, pois nessa fase pode ocorrer apneia”, adverte Murilo.

Já as convulsões generalizadas crônicas incluem movimentos fortes e “sacudidos” dos músculos das extremidades, mandíbulas e pescoço, podendo causar perda de visão transitória, ereção da pelagem, desorientação e alteração de personalidade. “Em casos mais graves, a crise pode durar até três minutos, forçando a internação do paciente em coma induzido para sessões de terapia intensiva”, completa o veterinário.

O atendimento de convulsão é uma medida rotineira em clínicas de pequenos animais. Murilo conta o caso de Pink, um Pinscher de 12 anos que apresentava um problema cardíaco e uma hepatopatia leve – um problema no fígado. Em decorrência dessas alterações, Pink começou a apresentar quadros constantes de convulsão. Porém, diz Murilo, com o atendimento correto e as prevenções necessárias, ele apresenta estabilidade e ausência de crises.

Problemas de saúde levaram Pink a ter crises (Foto/Divulgaçãol)
Problemas de saúde levaram Pink a ter crises
(Foto/Divulgaçãol)

O que fazer durante uma crise?
Algumas medidas podem ser tomadas para que o ataque de convulsão cause o mínimo possível de consequências clínicas em seu animalzinho.

De acordo com o veterinário, em situações assim os tutores devem manter o animal deitado de lado, preferencialmente em um ambiente acolchoado, evitando beiradas e locais altos. Além disso, nunca deve-se colocar a mão ou objetos dentro da boca do animal, pois existe o risco de acontecerem graves acidentes para ambos. Tente protegê-lo ao máximo durante todo o episódio.

“Caso seja possível, deixe-o em local confortável e de pouca luz, tendo paciência até que retorne ao estado normal, pois em muitos casos, o animal tende a ficar bastante confuso, podendo não reconhecer os tutores. Em seguida, leve o mais rápido possível para atendimento médico veterinário”, recomenda Murilo.

Existem várias causas para a convulsão. Segundo o veterinário, a mais comum é a epilepsia, cujo diagnóstico só pode ser feito mediante análise e exclusão de outras hipóteses, através da realização de exames. Outras causas comuns são: ingestão de tóxicos, doenças infecciosas, tumores, doenças metabólicas (hepáticas, cardíacas, hipocalcemia, hipoglicemia, etc.) e traumas.

Os cachorros possuem a audição muito apurada, portanto rojões e outros sustos também causam crises. O veterinário acrescenta que esse tipo de estresse também pode resultar em outros traumas como ataques aos tutores, fugas, ferimentos e quedas.

Tratamento
A convulsão é sempre uma manifestação clínica, e por trás dessa manifestação existe uma causa que precisa ser investigada, muitas vezes através de exames laboratórios e também de imagens para se chegar a um possível diagnóstico e instruir um tratamento mais adequado.

“Em muitos casos, são indicados medicamentos de uso contínuo, que dificultam o disparo de neurônios, tornando mais difícil a ocorrência de uma crise. Em casos de tratamento prolongado, estas drogas podem ser tóxicas para as células do fígado, devendo ser monitorado periodicamente por um veterinário através de análises sanguíneas a fim de evitar a subdose ou overdose de medicação”, completa Murilo.

Fonte: G1

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