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Trinta e três cães e gatos são mortos por dia em canis municipais de Portugal

12 de abril de 2016
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Divulgação

São 33 os animais, cães e gatos, mortos por dia em canis municipais de Portugal, levando a um total de 12 mil por ano. São estes os dados oficiais revelados pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), referentes a 2015. Estes números são contestados pelas associações que lutam diariamente pela defesa dos animais e pelo PAN (partido Pessoas-Animais-Natureza).

No ano de 2015, foram recolhidos 30 192 animais, segundo contam os dados disponibilizados pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural ao Jornal de Notícias (JN). Desses, 23 706 são cães e 6 486 são gatos.

Nesse mesmo ano, 2.128 foram os animais devolvidos aos tutores, 12.567 os adotados e 12.073 os que tem a morte induzida. Rita Silva, Presidente da Associação Animal mostra-se indignada com estes números e afirma que “É escandaloso. É ridículo que o Governo não tenha vergonha de fazer pouco das pessoas ao divulgar estes número, que é óbvio que não correspondem à realidade”.

“Não há números oficiais, até porque muitos canis municipais, ironicamente, não estão licenciados. Daí não falarmos em números concretos. No entanto, as estimativas que apontam para os 100 mil animais mortos por ano são mais do que os números da DGAV”, afirma ainda Rita Silva.

Madeira é a primeira a pôr fim nas mortes
A partir deste domingo passou a ser crime a morte de animais na Região Autónoma da Madeira, no entanto “os problemas não acabaram”, alerta Sandra Duarte Cardoso, da SOS Animal.

“A lei da Madeira é prematura e mal pensada. É uma medida populista. Acaba-se com a morte, como todos nós, associações, defendemos, mas o que é que acontece aos animais? Há um caminho a percorrer até terminar com a morte induzida. É preciso reestruturar o sistema. Não é viável um canil ter 400 ou 500 animais, mas também não é solução eles regressarem à rua, mesmo esterilizados”, explica Sandra Duarte Cardoso.

No Decreto de Lei Regional lê-se que se “pretende deste modo (…) adotar a esterilização como medida de controlo das populações de animais errantes”.

O não cumprimento desta lei será punível com, no mínimo, 500 euros, podendo chegar até aos 44 890 euros. O mesmo decreto refere que os animais “serão recolhidos, esterilizados e, caso não sejam adotados nem reclamados, devolvidos à rua”.

A Sociedade Protetora dos Animais Domésticos do Funchal, contesta esta decisão e afirma que “é necessário ter em conta a problemática inerente à recolocação de um animal na via pública, nomeadamente questões de segurança e de disseminação de doenças”.

Alguns animais esperam há mais de 9 anos por um lar
Tuga foi um dos primeiros cães a chegar à PRAVI (Associação de Proteção de Animais), em 2007, em Aveiro. Esta é uma associação que alberga 90 cães, em Cacia, fora os 30 que estão com famílias de acolhimento e os 120 gatos que se encontram também acolhidos noutros locais. Desses, apenas dois são adotados por mês.

A PRAVI luta diariamente, com os poucos recursos que tem, com o objetivo de evitar o reencaminhamento dos seus animais para os canis municipais, onde esses são mortos.

“Somos bombardeados com pedidos de ajuda a toda a hora. Agora, toda a gente emigra e quer deixar os animais. Neste momento, já nem estamos a aceitar mais nenhum porque não temos capacidade”, explica Glória Afonso, Presidente da PRAVI de Aveiro.

O espaço é pequeno para tantos cães mas, explica Glória Afonso, “o amor sobra”. “Nem em casa consigo estar descansada, sempre a pensar como estarão”, afirma também Susana Valente, a voluntária que há mais anos apoia a associação.

Brevemente a PRAVI vai mudar-se para novas instalações, onde poderá albergar até 110 cães, mas alerta “precisamos de toda a ajuda, porque vivemos apenas de caridade”.

*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.

Fonte: Porto Canal

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