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Indústria da carne lucra explorando animais e o ideal de masculinidade

7 de abril de 2016
2 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias dos Direitos Animais

Foto: Reprodução/The Establishment
Foto: Reprodução/The Establishment

A World Health Organization, agência de saúde pública dos EUA, anunciou recentemente que as carnes processadas são tão cancerígenas quanto cigarros. Não se trata de uma informação tão surpreendente, mas gerou uma grande polêmica entre os americanos, defensores assíduos e campeões do consumo de carne no mundo, segundo matéria do The Establishment. E claro, especialmente orgulhosos da obsessão por bacon.

Entre as “melhores reações do Twitter” estão piadas como “Bacon causa câncer? Então eu vou ter que comer tudo de uma vez para que ninguém mais sofra.” e “Devastador saber que os cientistas dizem que o bacon causa câncer, e que vamos ter que abrir mão da ciência por isso.”

Não é uma surpresa que a maioria dos indignados sejam homens.

Comer carne, afinal, tem sido historicamente associado à masculinidade. Desde os primórdios da propaganda, os comerciais vinculam explicitamente o consumo de carne com a tão almejada virilidade.

O comercial abaixo, da hamburgueria Carl’s Jr.’s, é um exemplo clássico da publicidade americana. Nele, a personagem feminina dos X-men Mystique se transforma em um homem másculo depois de comer um cheeseburguer com bacon, com a sugestiva assinatura “Man Up” (algo como “faça como homem”). Outra peça famosa da mesma linha é o comercial “I Am Man” do Burguer King, em que um rapaz canta uma música sobre não se render à “comida de mulherzinha” e a caricata campanha da Taco Bell entitulada “Guys Love Bacon” (Caras amam bacon).

A conexão entre o estereótipo masculino e o consumo de carne está impregnada no estilo de vida americano, o que reflete diretamente na nossa cultura – claramente influenciada pelo “American Life”. A indústria da carne apela para associações típicas que formam o ideal masculino, como esportes, levantamento de peso, cultura boêmia, carros e formação de uma família tradicional.

Não existe Super Bowl (campeonato de futebol americano) sem as famosas buffalo wings (asas de frango fritas), assim como o churrasco é a única forma aceitável do homem brasileiro ir para a cozinha – o que mostra que um dos principais ingredientes do “orgulho de comer carne” é o machismo.

Nota da Redação: A figura do homem viril consumindo bacon representa um ideal de masculinidade baseado na dominação e violência. Comer vegetais, nesse caso, demonstra “fraqueza” porque é uma forma ética, compassiva e responsável de nutrir o corpo sem matar e torturar animais, valores tipicamente associados à “feminilidade” na construção social dos gêneros. Muitos homens já resistem a essa imposição e provam que adotar a dieta vegana é, na verdade, uma prova de força, coragem, humanidade e respeito pelos direitos animais. Trata-se de uma escolha justa que vai além de estereótipos de gênero e busca uma sociedade mais justa para homens, mulheres e animais não-humanos.

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