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Denuncia: Caeté (MG) não tem política pública para os animais

3 de março de 2016
5 min. de leitura
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Animais de Rua
Divulgação

– Alô, é da SGPAN?
– Eu ajudo a SGPAN.
– É que eu liguei na Zoonose da Prefeitura de Caeté e me deram seu celular. Tem uma cadela com uma ninhada na porta da minha casa, você pode vir buscar?

Pedidos como este chegam com frequência nos telefones particulares das pessoas que protegem os animais em Caeté. Eles vêm de pessoas desesperadas, que não sabem o que fazer diante de dezenas de cães e gatos abandonados, que procriam pela cidade descontroladamente ou são encontrados atropelados, envenenados e doentes.

A cidade não tem uma política pública que ampare animais sem tutores, em situação de abandono. Quem decidi fazer algo pelos animais carrega todo o peso de ter não só que receber telefonemas como estes a qualquer dia e hora, mas também transportar para atendimento veterinário, arcar com todas as despesas, arrumar lares temporários, garantir comida e medicação, vacinar, castrar, arrumar adotantes.

É algo desesperador para cidadãos comuns, que trabalham a semana inteira, têm família, filhos mas, diante do sofrimento dos animais e da omissão da Prefeitura, arrumam tempo e correm atrás de dinheiro para não deixar que os animais agonizem pelas ruas.

Boa parte do problema estaria resolvido se houvesse castração em massa de cães e gatos. A outra parte do problema seria solucionada com campanhas para a guarda responsável dos animais e feiras de adoção, além do atendimento veterinário gratuito dos animais da população pobre.

Quem age tem que arcar com dívidas
Quem faz alguma coisa por cães e gatos em Caeté, com todas as dificuldades imagináveis e muito desespero, mas com muito amor e compaixão no coração, é um grupo de pessoas que compõem a Sociedade Galdina Protetora dos Animais e da Natureza (SGPAN/Caeté), criada em 2009. Há também pessoas que não são ligadas diretamente à ONG mas tiram dinheiro do bolso e arrumam espaços em suas casas para abrigar e cuidar dos animais, vítimas do descaso de “tutores” e do poder público.

Com uma dívida de quase 30 mil reais com a Clínica Veterinária & Cia, grande parceira da SGPAN que atende todos os animais resgatados, a ONG sempre sobreviveu da doações de pessoas. Por várias vezes seus diretores pensaram em encerrar as atividades por falta de dinheiro para pagar a clínica, por não ter ração, por não ter medicamentos, por não ter lugar para abrigar os animais.

Os membros da ONG já realizaram bingo, bazares, rifas, vendas de canecas e produtos em barraquinhas, tudo feito com muito sacrifício para as vidas dessas pessoas e seus familiares. Mas a demanda dos animais é absurdamente maior, e a dívida vai se avolumando.
A situação mudou um pouco no início de abril de 2015, com o repasse de verbas de penas pecuniárias que o Ministério Público está encaminhando para a SGPAN. Desde então, a ONG tem conseguido pagar valores maiores para a clínica. Congelou sua dívida em 28 mil e tem feito pagamentos mensais correspondentes ao valor consumido no mês. Pela primeira vez a Prefeitura fez um repasse de R$ 3 mil para a ONG em 2015. Menos de 10% da dívida na época, que estava em R$ 34 mil.

Sem castrações em massa pelo poder público, ações da ONG são como “enxugar gelo”
As pessoas que atuam na causa sabem que seu trabalho ajuda muito os animais mas, no geral, é como “enxugar gelo”. Se não houver castração em massa de cães e gatos, a situação ficará sendo remediada, mas nunca solucionada. O sonho dos protetores é ver pessoas procurando animais para adotar, e não animais implorando por adoção. Esta realidade só será alcançada com castrações em massa.

Em 2013 a ONG se reuniu três vezes com o prefeito Zezé Oliveira, que se comprometeu em fazer castrações e apoiar a ONG com ração e transporte para o socorro de animais. Nas reuniões, a SGPAN sugeriu que fosse copiado o modelo implantado pela Prefeitura de Conselheiro Lafaiete, executado a partir de uma política pública que prevê atendimento veterinário gratuito de castração de animais, além de resgates, feiras de adoção e campanhas de guarda responsável. Mas a Prefeitura de Caeté não se interessou e não cumpriu o que foi acordado com a ONG.

A luz no fim do túnel é a lei sancionada em 16 de janeiro de 2016 pelo governador Fernando Pimentel. Ela prevê, entre outras ações, a castração em massa de cães e gatos pelos municípios mineiros. As prefeituras terão que cumprir a lei. É o mínimo que esperam os protetores de animais.

SGPAN precisa urgente de mais lares temporários
Lar temporário é um espaço que uma pessoa dá em sua casa para abrigar um cão ou gato resgatado pela ONG. Assim que o animal é liberado da clínica, ele precisa ir para um lar temporário até que seja adotado. As poucas pessoas que dão lares temporários para os animais resgatados pela ONG estão com as casas lotadas.

“Você poderia abrigar pelo menos um cão ou gato em casa, até que ele seja adotado?” Este é um dos pedidos mais urgentes da SGPAN para a população. A ONG fornecerá ração e o que for necessário, até que o animal seja adotado. Quem puder ajudar dando lar temporário, mesmo que seja apenas para um animal, pode contatar a ONG através do email: [email protected] ou através do Facebook e Site

Número de adoções ainda é baixo
De um lado o comércio que explora animais e dá lucros para uns. De outro, dezenas de animais para adoção e a luta pesada da ONG para que as pessoas se conscientizem da importância de adotar e não comprar. Por mais que a ONG divulgue os animais para adoção, o número de adoções é pequeno.

Muitos interessados em adoção querem cães de porte pequeno, de raça ou mestiços, mas a maioria dos resgatados é médio ou grande e sem raça definida. Tudo isto resulta em lares temporários lotados e a conta da ONG cada vez maior na clínica, porque alguns animais acabam não tendo para onde ir e a única alternativa é deixá-los hospedados na clínica.

Quem quiser ajudar, pode doar ração, jornais, produtos de limpeza, casinhas e tudo que servir para os animais, além de amor e respeito.

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