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Babuínos explorados em experimentos morrem por negligência em colônia secreta

29 de fevereiro de 2016
4 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Babuínos explorados em colônia. Foto: Dallas Kilponen
Babuínos explorados em colônia. Foto: Dallas Kilponen

Uma série de babuínos bebês, com apenas alguns dias de idade, sofreram mortes traumáticas depois de serem rasgados ao meio ou morreram de ferimentos infligidos durante as lutas entre os companheiros de jaula adultos dentro de uma colônia de pesquisa secreta nos arredores de Sydney, na Austrália.

Pelo menos uma dúzia de bebês morreu de trauma, e a maioria dos babuínos adultos no complexo de Wallacia que morreu nos primeiros 24 anos de operação sofreu com a propagação de linfomas. As informações são do Sidney Morning Herald.

A Fairfax Media obteve dois trabalhos de pesquisa científica que mostram ao público a vida e a saúde dos babuínos, que são criados especificamente para experimentos e são mantidos na área semi rural de Wallacia. A pesquisa registrou 99 mortes, 42 delas acidental e principalmente de bebês.

Nenhum detalhe tinha sido revelado publicamente sobre a instalação, supervisionada pelo Hospital Royal Prince Alfred, nem sobre a condição dos babuínos que foram explorados em experiências médicas, incluindo de xenotransplante e para a investigação de doenças na gravidez, incluindo a pré-eclampsia.

Os estudos revelaram a colônia, que foi iniciada em 1982 com 30 babuínos – 20 fêmeas e 10 machos levados do Windsor Park Zoo na Grã-Bretanha para Sydney. Três machos jovens adultos também vieram do Perth Zoo.

Os trabalhos publicados no Journal of Medical Primatology e na Associação Veterinária Australiana revelaram os detalhes do que ocorre na instalação.

Uma especialista em primatas que não quis ser identificada disse ao Sidney Morning Herald que incidentes como os óbitos neonatais não são incomuns em grupos – geralmente sob estresse ou se o grupo não é forte. Entretanto, ela disse que os números teriam que ser comparados com outros grupos semelhantes em cativeiro para uma análise significativa.

A Fairfax Media entrou em contato com a diretora do laboratório de babuínos, a professora Anne-Marie Hennessy, mas não obteve resposta.

Uma porta-voz do Distrito de Saúde Local de Sydney afirmou que o cuidado e o bem-estar da colônia são responsabilidade de um veterinário que trabalha no local em tempo integral, do Comitê de Ética Animal, do Painel de Revisão de Pesquisas de Nova Gales do Sul e de representantes do Comitê de Investigação Médica e Saúde Nacional.

“O linfoma em colônias de primatas não é incomum. Primatas estão sujeitos ao câncer, da mesma forma como os seres humanos, e podem desenvolvê-los tanto na natureza quanto em cativeiro. As informações sobre os casos foram publicadas e disponibilizadas a todas as autoridades competentes”, afirmou a porta-voz.

Entretanto, o departamento não respondeu perguntas sobre quantos babuínos teriam morrido de linfoma e se o número teria aumentado ou baixado após o relatório ser publicado.

A pesquisa obtida pela Fairfax Media mostra que houveram 57 mortes por doenças e patologias de 1982 a 2007, sendo que 53 por cento delas foram diagnosticadas ou suspeitas de serem devido ao linfoma.

O estudo alertou que houve uma alta prevalência da doença na colônia e era evidente que um vírus (STLV-1) pode estar envolvido no aumento da propagação da doença.

A gestão dos babuínos também é relevante para controlar a transmissão da doença, impedindo o contato sexual entre animais positivos e negativos. Esse foi o primeiro relatório publicado sobre a presença do vírus STLV-1 em primatas não-humanos na Austrália.

A pesquisa revelou ainda que 16 babuínos bebês foram mortos ao longo de um período de 12 anos, de 1994 a 2006, na instalação de Wallacia. Quase todos devido a lesões traumáticas, no entanto, duas mortes foram consideradas como indeterminadas devido a falta de registros e o corpo de outro animal estava muito decomposto para determinar a causa da morte. Um outro bebê desapareceu e o corpo nunca foi encontrado.

A investigação, que estudava a taxa de sobrevivência de bebês nascidos de mães de primeira viagem e de gravidezes múltiplas, descobriu que houve 146 gravidezes durante um período de doze anos e desses 106 nasceram vivos e 40 nasceram mortos ou foram abortados.

Destes, os pesquisadores disseram que, pelo menos, três abortos e seis natimortos estavam diretamente relacionados com experiências que foram realizadas em suas mães para doenças relacionadas com a gravidez. Acredita-se que outros quatro natimortos tenham sido causados ​​pelos experimentos.

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