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Conheça a comovente história da baleia mais solitária do mundo

29 de janeiro de 2016
5 min. de leitura
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Ter de percorrer o mundo em busca de companhia, constantemente chamando por um companheiro, mas nunca receber uma resposta soa terrível e triste, e talvez seja por isso que muitas pessoas ao redor do mundo simpatizam com a “52”, a baleia mais solitária do mundo. O cetáceo, nomeado em função da distinta frequência de seu apelo, que é de 52 Hertz, pertence a um desconhecida espécie não identificada. O som que ela produz é um pouco acima da nota mais baixa em uma tuba. Claramente a de uma baleia, mas diferente de qualquer outro registro conhecido das mesmas.

Por isso, a pobre perambula pelos oceanos do mundo, ano após ano, desesperadamente chamando por um companheiro, mas nunca encontrou um. Curiosamente, a 52 na verdade nunca foi vista; apenas suas canções de amor desamparadas foram captadas por detectores de sonar da marinha, mas nunca acompanhada por uma outra chamada de baleia.

Este fenômeno é tão intrigante que os cientistas monitoram estreitamente a frequência desde que foi detectada pela primeira vez por William Watkins do Instituto Oceanográfico de Woods Hole, em 1989. Ele passou a estudar as chamadas de acasalamento de baleias do sexo masculino no Pacífico Norte, quando se deparou com a anomalia da 52.

Desde então, o sofisticado sistema de hidrofone de bilhões de dólares da Marinha os EUA, projetado para rastrear submarinos nucleares soviéticos durante a Guerra Fria, registrou os padrões migratórios da 52 a cada ano, mostrando como ela se move do centro da Califórnia para as Ilhas Aleutas, no norte do Pacífico. A 52 sempre viaja sozinha, e de acordo com um relatório no Deep Sea Journal, sua migração não tem nenhuma relação com a presença ou movimento de outras espécies de baleias.

Especialistas descobriram que assinatura sônica da 52, embora profunda para os seres humanos, é muito aguda em relação à chamada normal da baleias azul gigante, a comum, ou quaisquer outras espécies de baleia. Alguns acreditam que isso é porque o mamífero gigante pode ter uma deformidade física, enquanto outros pensam que poderia ser um híbrido de uma baleia azul e outras espécies.

Mary Ann Daher, uma bióloga marinho que passou anos escutando as vidas ocultas das baleias, é co-autora da pesquisa original sobre a descoberta da 52. Ela conta que à medida que a história veio a público, mais e mais pessoas começaram a identificar-se com situação desesperadora da baleia, tanto que muitos escrevem a Mary expressando sua empatia.

– “Eu acho muito triste que tantas pessoas se identificam com esta baleia”, disse ela em uma entrevista de 2013. – “Recebo cartas, e-mails e poemas -principalmente de mulheres- e é doloroso ler algumas das coisas que dizem. Estas pessoas se identificam com este animal que não parecem se encaixar em qualquer lugar, não faz amigos facilmente, se sente sozinho e se sente diferente de todo mundo.”

Músicos e contadores de histórias ao redor do mundo usaram a história incomum da 52 como inspiração em suas obras. “Loneliest Whale in The World” é um rock escrito pela banda britânica Dalmatian Rex and the Eigentones. A cantora Laura Ann Bates também gravou uma canção dedicada à baleia única, chamada “The Loneliest Creature on Earth” (muito bonita). E a autor alemã Agnieszka Jurek escreveu um livro ilustrado infantil, intitulada “A baleia 52 Hertz”.

Parece que as pessoas são capazes de ver uma série de narrativas no misterioso estilo de vida da 52.

– “Para algumas pessoas, ela é tão solitária”, disse o cineasta Josh Zeman, que está determinado a encontra 52 um dia. – “Para outros, ela está comemorando sua solidão. Ela é uma mensagem inspiradora, porque ele continua a chamar, não importa o quê. Para outras pessoas, ela é uma espécie de conto de advertência sobre tecnologia e mídia social.”

Josh aceita que tudo isso soa como muito antropomórfico, algo que cientistas como Mary são completamente contra. A bióloga diz que o ângulo romântico para as jornadas solitárias da 51 é inteiramente uma construção humana, não há nenhuma forma de que os cientistas saibam realmente o que está acontecendo na mente de uma baleia.

– “Nós não sabemos se ela é solitária ou não”, disse ela. – “Os supostos anseios emocionais da 52 dizem muito mais sobre os seres humanos que ouvem sua história do que sobre a própria baleia.”

Mas a pesquisa também mostra que as baleias são criaturas sociais, e algumas canções de baleias podem viajar 5 mil km através do oceano com o único propósito de comunicação. E a maioria das pessoas, como Josh, optam por se concentrar sobre este aspecto mais romantizado.

– “Ser solitário ou chamar e nunca ser ouvido é um dos nossos maiores medos como seres humanos”, disse ele. – “Somos completamente seres sociais… As baleias são o mesmo. Elas têm células fusiformes, que lhes permitem amor, ódio, ser parte de certos círculos (sociais)… Imagine que um ser lá fora, que poderia até mesmo sentir o amor, aceitação e a dor de uma maneira que não pode mesmo compreender?”

No ano passado, Josh Zeman juntou-se com o conhecido ator Adrian Grenier para uma campanha de financiamento coletivo de uma expedição de 20 dias para encontrar a 52. Seu objetivo era 300 mil dólares, mas a história comovente de baleia mais solitária do mundo, aparentemente, causou comoção o bastante para que chegassem a 405.937 dólares. Eles pretendem realizar um documentário no acompanhamento da 52 e, se tudo der certo, marcá-la com equipamentos de detecção de áudio, permitindo que os cientistas possam estudá-la com riqueza de detalhes.

Fonte: Metamorfose Digital

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