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Em um único trecho da BR-174, rodovia que liga Manaus e Boa Vista, 500 animais morrem ao ano

17 de agosto de 2015
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O usuário Jackson Pantoja Lima registrou a morte de preguiça real na BR-174. (Divulgação/Urubu Mobile)
O usuário Jackson Pantoja Lima registrou a morte de preguiça real na BR-174. (Divulgação/Urubu Mobile)

Em um único trecho da BR-174, rodovia que liga Manaus e Boa Vista, 500 animais morrem ao ano
No ano passado, mais de 475 milhões de animais morreram atropelados nas rodovias que cortam o País. Foram 400 milhões de sapos, pequenas aves, cobras e outros animais de pequeno porte; e mais 75 milhões de animais de médio e grande porte, como onças, lobos-guará, capivaras, preguiças, antas, tamanduás e macacos.
Na Reserva Waimiri Atroari, 69 animais morreram em junho deste ano, entre eles, uma onça pintada. Os casos são registrados pelos índios e ainda não integram o Sistema Urubu. Porém, estima-se que os atropelamentos sejam ainda mais constantes longo da estrada, conforme explica o coordenador do Programa Waimiri Atroari, Marcelo Cavalcante.
“O trecho que compreende a reserva é todo monitorado e sinalizado, mas ainda assim, são centenas de mortes. É muito triste, pois se não existisse as restrições de tráfego de veículos na reserva, os animais morreriam muito mais. Exatamente como acontece ao longo da rodovia”.
E foi para ter uma dimensão exata do problema que o CBEEE recorreu à tecnologia. O sistema de dados ainda é pouco conhecido na região Norte. Apenas 2% dos usuários são do Amazonas e, por serem poucos usuários, apenas 25 animais mortos por atropelamento foram registrados no ‘Urubu Mobile’ no Estado.
“Temos certeza de que o índice de atropelamento no Amazonas é muito grande e por isso é importante que tenhamos mais usuários para registrar esses dados reais, ajudando a divulgar este trabalho”, ressalta o coordenador do CBEEE, Alex Bager.
Os números de mortes registrados no sistema poderão servir de parâmetro para a aprovação de projeto de lei que pretende reduzir impactos à biodiversidade brasileira. O PL 466/2015 dispõe sobre a adoção de medidas que assegurem a circulação segura de animais silvestres no território nacional, com a redução de acidentes envolvendo pessoas e animais nas estradas, rodovias e ferrovias brasileiras.
“Percebemos que todos os trabalhos de monitoramento feitos no Brasil eram de pequena escala. A maioria são de 50 a 100 quilômetros de rodovia. São trabalhos importantes, mas que resolvem problemas daqueles trechos. A gente desconhece esse impacto em nível de Brasil, por isso criamos o aplicativo onde cada motorista pode colaborar para reunir esses dados e sensibilizar o Governo Federal”.
No Amazonas, entre os animais que mais morrem, estão as cutias, cobras, macaco sagui, pacas, mucuras, tamanduás, jacarés, jacuraru, e eira barbara (irara). A proposta da rede é que qualquer pessoa possa colaborar com a conservação da biodiversidade encaminhando registros de animais atropelados para influenciar políticas públicas. Todos os registros são monitorados.
Medidas
A paciência e atenção redobrada em certos trechos das rodovias são boas opções para evitar atropelamentos e acidentes. Os governos e concessionárias também podem ajudar a diminuir os índices adotando medidas como passarelas com vegetação e túneis subterrâneos. Instalação de sonorizadores, lombadas, radares e placas informativas também são soluções.
Maior rede social de conservação
O Sistema Urubu é uma das maiores redes sociais de conservação de biodiversidade do Brasil. O banco de dados existente é 100% avaliado por pesquisadores e especialistas em identificação de espécies.
Qualquer pessoa com um smartphone ou tablet com sistema Android ou iOS, com câmera e GPS pode utilizar. O aplicativo é gratuito e está disponível para download no Google Play e na App Store.
O ‘Urubu Mobile’ coleta os dados, a plataforma ‘Urubu Web’ faz a gestão de dados e o ‘Urubu Map’ fica disponível para que os usuários vejam as informações no mapa. Os dados enviados serão utilizados para propor políticas públicas que protejam a biodiversidade e as pessoas. O nome foi idealizado por causa da espécie carniceira que possui uma grande habilidade em localizar os animais selvagens atropelados.
Em números
475 milhões é o total de animais silvestres que morrem atropelados por ano nas rodovias brasileiras. São 15 atropelamentos por segundo. A maior parte são animais pequenos. Os bichos de médio e grande porte atropelados somam um número de 75 milhões mortes de animais.
Fonte: A Crítica

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