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Polícia investiga envenenamento de dezenas de cães no Sul de Minas

6 de agosto de 2015
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Com faixas, população cobra providências na apuração das mortes (Foto: Diego Leitte)
Com faixas, população cobra providências na apuração das mortes (Foto: Diego Leitte)

A Polícia Civil de Nazareno (MG) investiga a morte e suposto envenenamento de dezenas de cães na cidade. Moradores ficaram revoltados após vários animais serem encontrados mortos, na última semana, na Avenida Presidente Tancredo Neves, no Centro da cidade. A população afirma que cerca de 30 cães teriam sido envenenados. Uma passeata foi organizada e os participantes cobram um posicionamento das autoridades, e até mesmo da prefeitura, sobre o caso. Em Ouro Fino (MG), moradores também questionam o suposto desaparecimento de animais na cidade.
De acordo com o morador Miguel Dias Batista, entre os dias 23 e 26 de julho, a população de pouco mais de 8 mil habitantes foi surpreendida com a morte de cerca de 30 cães. “Os cães começaram a aparecer mortos na avenida na véspera da 24ª Exposição Agropecuária que ocorre na cidade. Muitos cães tinham tutor, outros viviam nas ruas, mas eram tratados por moradores”, relatou.
Ainda segundo os moradores, parte dos animais encontrados mortos foram enterrados pela Prefeitura de Nazareno. Já outros cães ficaram expostos em diferentes locais. Com isso, os moradores resolveram fazer uma manifestação no sábado (1º), que reuniu cerca de 100 pessoas, algumas levando seus animais. Durante a caminhada, os moradores ergueram cartazes com os dizeres “Crueldade nunca mais, vamos proteger nossos animais” e ofereceram água para os cães nas ruas.
Questionada sobre o caso, a responsável pelo setor de Meio Ambiente da prefeitura, Joyce Jennyfer de Andrade Nascimento, explicou que já registrou um boletim de ocorrência sobre o caso e que já procurou a Polícia Civil para tentar solucionar o suposto envenenamento.
“Os moradores estão revoltados e até entendemos, mas o que compete à prefeitura já foi feito. Nós demos a destinação correta aos corpos dos animais que foram recolhidos da avenida. O que eu sei e pude ver, eram oito. Eu me informei com a Polícia de São João del-Rei (MG) o que eu poderia fazer e fui informada que deveria enterrar os animais e registrar a ocorrência, o que foi o procedimento adotado”, explicou.
Ainda de acordo com Joyce, a cidade não possui canil. Os moradores cobraram ainda a construção de um espaço para os animais, já que esta foi uma promessa de campanha.
“Ainda não temos canil. É um município muito pequeno, não temos como construir um e arcar com estes custos, infelizmente”, justificou.
Câmeras de monitoramento não funcionam
Os moradores afirmam que na avenida em que os cães foram encontrados mortos há câmeras de monitoramento instaladas, no entanto, não foi possível acessar as imagens. Segundo Miguel Dias Batista, os moradores procuraram a Polícia Militar, a Civil e a prefeitura, tentando obter as imagens, mas não conseguiram. “Nos mandaram de um lugar para o outro e nada foi resolvido. Com as imagens poderíamos identificar o responsável por isso”, disse.
Já de acordo com a responsável pelo setor de Meio Ambiente, ela só foi informada que as câmeras estão desligadas depois do ocorrido. “Eu fui atrás das imagens e soube que a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) ainda não fez a ligação das que estão naquela avenida. Até então eu acreditava que elas estavam funcionando”, relatou Joyce.
Polícia Civil investiga o caso
Procurada, a Polícia Civil informou que já investiga o caso. De acordo com o investigador Richarlyson Miranda, foram registradas duas ocorrências, no entanto, a polícia ainda não tem um número certo de quantos animais foram mortos. “Nós registramos os casos. A população afirma que são muitos cachorros, mas ainda não sabemos ao certo quantos foram. O que temos certeza são os que foram recolhidos pela prefeitura e enterrados”, disse.
Ainda segundo Miranda, o objetivo agora é descobrir a autoria do crime. “Foi num horário de madrugada e provavelmente ninguém viu. O que observo é que o pessoal está muito chateado com a perda dos animais”, acrescentou.
Moradores se unem pelos animais
Para tentar reduzir a procriação de animais nas ruas de Nazareno, Batista se reuniu com amigos e juntos encabeçam uma campanha para arrecadar dinheiro e castrar as fêmeas. “Eu e algumas amigas nos reunimos com comerciantes e já arrecadamos a quantia suficiente para castrar 11 cadelas”, comentou.
De acordo com ele, a intenção é castrar todos os animais que ficam pelas ruas da cidade. As 11 cadelas que passarão pelo procedimento cirúrgico vivem nas ruas também. “Tem um veterinário da cidade que topou fazer por um preço ‘camarada’, então vamos fazer isso”, completou Batista.
As moradoras de Nazareno Júlia Barbosa Ribeiro e Malena Careli Andrade também participam da campanha. De acordo com elas, nesta sexta-feira (7) as duas primeiras cadelas já serão castradas. “Vamos ajudar os animais com o dinheiro do povo. Conseguimos o necessário para castrar 11, mas queremos esterilizar mais animais”, comentou Julia.
Desaparecimentos em Ouro Fino
Na cidade de Ouro Fino (MG), um problema semelhante tem ocorrido com os animais. Segundo o professor Dier Silva, pelo menos 10 cães desapareceram em pouco mais de duas semanas. A prefeitura da cidade não tem informações sobre os animais.
“Em duas semanas, tivemos notícias de pelo menos 10 cães que desapareceram. Os tutores simplesmente não sabem onde estão os cachorros. Alguns gatos também sumiram, sem deixar rastros. Sem falar que tem alguns cães que ficavam nas ruas e também sumiram”, comentou.
Os moradores, segundo Silva, não imaginam o que pode ter acontecido com os animais. Eles já buscaram informações junto à administração pública, porém, nada foi feito. “Aqui nós gostamos muito de animais e estamos sem saber o que ocorreu. Ninguém toma nenhuma providência. Eu tenho um comércio e deixo água na porta para os cães, outras pessoas fazem isso também e estamos incrédulos com esses desaparecimentos”, disse.
Questionada, a prefeitura não soube dizer o que pode ter acontecido com os animais. De acordo com a administração, não há o que fazer referente ao caso. A Polícia Militar não registrou nenhuma ocorrência referente aos sumiços. Já a Polícia Civil informou que só haverá investigação se alguma ocorrência referente ao caso for registrada.
Fonte: G1

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