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Peixes-boi correm risco no Recife e devem voltar para Alagoas

22 de julho de 2015
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Há cerca de dois meses, dois peixes-boi que foram reabilitadas em Porto de Pedras estão “morando” na região e, apesar de adaptados ao ambiente, a população local não tem colaborado com o processo de reintrodução dos animais ao seu ambiente natural.
Apesar de ser uma região de ocorrência histórica, a espécie não aparecia naquelas águas há muitos anos.
Os animais que estão no Recife são Clara, reintroduzida em Porto de Pedras em março passado, e Natália, reintroduzida em Abril também desse ano.
“Agora a nossa equipe está tentando encontrar esses animais para remarca-los com transmissores que nos dão a localização do animal via satélite, e então o monitoramento presencial voltará a ser realizado. Em seguida a equipe de técnicos poderá planejar uma logística para a captura”, explica o pesquisador e colaborador eventual do Programa Peixe-Boi, Pitágoras Viana.
De acordo com o pesquisador, os equipamentos foram perdidos no Recife e pelo menos um deles foi retirado por um popular.
“Esses cintos que prendem o equipamento na cauda do animal possuem m ponto de quebra para resguardar a vida do peixe-boi, caso ele fique preso embaixo d’água. Porém, uma pessoa confirmou que retirou o transmissor por achar que estava machucando o animal”.
Apesar de adaptados, fatores como a interação da população e a poluição do Rio Capibaribe, fizeram com que a equipe decidisse trazer os animais de volta para o litoral de Alagoas, onde o Programa Peixe-Boi é conhecido e as pessoas têm mais consciência em relação à preservação da espécie.
“Os animais podem acabar sendo domesticados com essa interação humana e isso é ruim para a sua sobrevivência. Nosso trabalho é garantir que o animal possa readquirir seu comportamento natural, se esquivando do homem, se alimentando sozinho e buscando seu parceiro para se reproduzir”, explica Pitágoras Viana.
Para que os peixes-boi permanecessem em Recife teria que ser realizado um longo trabalho de conscientização da população que mora próximo ao Rio Capibaribe, principalmente as mais desfavorecidas, que têm pouco acesso a esse tipo de informação.
Animais em risco
Mas, diante dos últimos acontecimentos, a equipe do Programa acredita que os animais correm sérios riscos se permanecerem na região do Capibaribe.
“Peixes-boi estarão mais seguros no litoral de Alagoas”
O pesquisador Pitágoras Viana explica que o litoral de Alagoas tem sido o local mais seguro para que os peixes-boi definam como seu sítio de fidelidade.
“Aqui no Estado as pessoas estão mais conscientes da importância da preservação do animal principalmente pela presença do Programa Peixe-boi em Porto de Pedras, que já atua há muitos anos com trabalhos de educação ambiental”.
Esse sítio de fidelidade, segundo explicou Pitágoras Viana, é um local onde os animais definem como moradia pelo acesso à alimentação, água doce e local para repouso.

Outro caso
Em maio o peixe-boi Assú, também reabilitado e reintroduzido no meio ambiente pelos técnicos do Programa Peixe-Boi, teve que ser resgatado na Bahia. O animal ficou doente depois de ingerir lixo e óleo de embarcações motorizadas.
Por estar muito debilitado, o peixe-boi teve que ser resgatado e trazido de volta para o cativeiro, em Porto de Pedras, onde deve permanecer pelo resto da vida.
“Assú foi resgatado no ano 2000 na Praia de Aracati, no litoral do Ceará. Ele foi transferido para o recinto em Porto de Pedras, onde passou por reabilitação e foi solto pela última vez em 2013. Dessa vez não vamos mais correr o risco de reintroduzi-lo no meio ambiente. A poluição é um grande risco para a sua vida”, lamentou o analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Iran Normande, na época.
Por conta de intervenção humana, o peixe-boi não está seguro no seu ambiente natural. O trabalho de monitoramento é essencial para a conservação da espécie.
Fonte: Tribuna Hoje

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