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Sobrepeso de cães e gatos pode ser problema hormonal

14 de julho de 2015
5 min. de leitura
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Foto: Zuleika de Souza/CB/D.A Press
Foto: Zuleika de Souza/CB/D.A Press

À primeira vista, ter um animal gordinho é pura fofura, mas a obesidade diminui a qualidade de vida e impacta na longevidade do animal. O problema é comum entre cães e gatos e pode acarretar outras doenças. “Animais obesos ficam mais propensos a desenvolver diabetes, problemas vasculares, artrose e males ortopédicos, com consequências para a locomoção”, explica a veterinária Laís Maia.
Em geral, a obesidade decorre do desequilíbrio entre a energia gasta e a acumulada. Porém, podem existir outras causas. Doenças endócrinas costumam se revelar com um ganho súbito de peso. “O hipotireoidismo, por exemplo, está muito relacionado à obesidade em animais. O tratamento é simples e, geralmente, traz bons resultados”, tranquiliza o médico veterinário Claudio Roehsig.
O hipotireodismo se caracteriza por uma desordem hormonal, resultante do funcionamento inadequado da glândula tireoide. Essa glândula é responsável pela regulação de diversas funções do corpo, inclusive o metabolismo. “Os sintomas são falta de apetite, pouca atividade, exaustão e, principalmente, o ganho rápido de peso. Por causa da doença, tudo que o animal ingere fica acumulado. Falta energia para brincar, correr, fazer exercícios”, exemplifica Roehsig.
O beagle Jack, 7 anos, chegou a pesar 32kg (o peso ideal é 15kg). Há um mês em um “plano fitness”, o cãozinho já perdeu quase 4kg. “Jack sempre foi gordinho, mas ele começou a ganhar peso muito rápido, roncar e ter problemas para andar. Sempre ficava ofegante durante as caminhadas”, relata a corretora de imóveis Letícia Aguiar, 32 anos, tutora do animal.
O que mais chamou a atenção de Letícia foram as dores nas articulações. “Ele passou a mancar. Levei imediante ao veterinário. Lá, foi constatado que o Jack estava com uma inflamação devido ao peso”, conta. Não deu outra: o beagle foi diagnosticado com hipotireoidismo. “O Jack veio com dificuldade para caminhar. Depois da confirmação da doença, começamos a fazer o tratamento e a suplementar os hormônios”, detalha Claudio Roehsig, que atende o cão.
Jack segue firme e forte no tratamento. “Ele faz fisioterapia, hidroterapia, eletroestimulação, toma os remédios e faz caminhadas curtas”, conta Letícia Aguiar. De acordo com ela, o cão sempre comeu corretamente. “Ele é alimentado com ração light e nunca foi totalmente sedentário. É um cão de apartamento, mas dá um passeio ao fim do dia”, garante. Roehsig está otimista com o beagle. “A perda de peso foi muito clara, pois o tratamento começou há apenas 45 dias. Ainda não está 100%, mas ele está se recuperando muito bem”, avalia o profissional. A hidroesteira é um recurso bastante eficiente para casos como o do cãozinho. “É uma ginástica de baixo impacto, assim, o pet pode fazer sem machucar as articulações”, ensina.
O peso ideal depende da raça e do tamanho do animal. Existe uma tabela que ajuda a determinar se o bicho está ou não na faixa correta. “Além disso, podemos apalpar os ossos: quanto maior o volume de gordura, mais peso o cão tem. Também podemos verificar pela silhueta do animal. Ele tem que ter aquela ‘cinturinha’”, descreve Laís Maia, veterinária. A ansiedade também pode fazer com que o cão exagere na comida. “Muitos donos tentam suprir a ausência com petiscos. Isso não resolve”, alerta Maia. “A quantidade ideal de comida deve ser avaliada com um especialista em nutrição animal ou com o médico veterinário”, indica Fernanda Torrecillas, veterinária.
Existem muitas opções de ração no mercado. O tutor deve observar a quantidade de proteínas e não economizar. Renove as porções duas ou três vezes por dia. “Lembre-se de que os filhotes têm uma necessidade nutricional maior, pois ainda estão em fase de crescimento”, conclui Fernanda.
Você sabia?
Gatos da raça manx são os mais predispostos à obesidade. Segundo alguns estudos, os gatos sem raça definida também engordam mais facilmente, em comparação com os de raça.
Felinos comem em pequenas quantidades, mas várias vezes ao dia.
Castração x obesidade
O animal pode engordar após a castração. A baixa produção de hormônio diminui o metabolismo e, consequentemente, o animal vai ter tendência a ganhar peso. Existem, no mercado, rações especialmente desenvolvidas para os castrados. “O bicho vai ter que compensar o ganho de peso com uma dieta”, confirma o veterinário Rafael Souza.
Males decorrentes da obesidade
– Diabetes
– Constipação
– Lipidose hepática
– Doenças vasculares
– Problemas ortopédicos
Que nem o Garfield
Foto: Zuleika de Souza/CB/D.A Press
Foto: Zuleika de Souza/CB/D.A Press

Pesando quase 12kg, Gastão, um gato sem raça definida de 4 anos, ganhou muito peso por causa do sedentarismo. “Além da falta de exercícios, teve a castração. A alimentação, porém, sempre foi muito controlada”, explica a tutora dele, a geóloga Nathália Freitas, 29 anos. Agora, ele passa por uma reeducação alimentar, com apenas uma xícara de ração por dia.
Segundo Nathália, o felino está se adaptando bem. “Ele passeia, e principalmente brinca com todo mundo. Antes, ficava muito cansado e sem ânimo para nada.” Além de Gastão, moram mais dois filhotes na casa.
Todos se dão muito bem. “Os menores acabaram incentivando ele a brincar”, conta a tutora.
Segundo a veterinária Flávia Melo, os gatos não têm mais propensão à obesidade do que os cães. Os hábitos da casa, sim, fazem diferença. “Os donos de cães normalmente mantêm uma rotina diária de exercícios, o que não acontece com os donos de gatos”, aponta a especialista em felinos. O melhor jeito de fazê-los “queimar as gordurinhas” é com brincadeiras. Por isso, invista em brinquedos de escalar e naquelas varinhas que eles adoram.
Nos felinos, a avaliação do sobrepeso é feita com apalpação de costelas e quadril, além da observação da cintura – se o animal estiver no seu peso ideal, as costelas e o quadril não são visíveis, mas são facilmente palpáveis.
Nota da Redação: a castração pode acarretar em obesidade caso o tutor não esteja atento e não ofereça uma rotina de exercícios e alimentação adequada ao cão ou gato. Entretanto, é válido ressaltar a importância da castração como forma de prevenir determinadas doenças, aumentar o tempo e a qualidade de vida do animal e diminuir o número de bichos abandonados.
Fonte: Diário de Pernambuco

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