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Morre o boto símbolo da Baía de Guanabara, monitorado há 20 anos

8 de maio de 2015
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Foto: Divulgação/MAQUA/Uerj
Foto: Divulgação/MAQUA/Uerj

Símbolo da luta pela preservação da espécie, uma fêmea de boto-cinza, chamada carinhosamente de Sem Lóbulo, morreu e sua carcaça foi encontrada, nesta terça-feira, na praia da Engenhoca, na Ilha do Governador. Monitorada desde 1995, a fêmea era um dos amuletos dos pesquisadores do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores da Uerj (MAQUA/Uerj), que lutam pela preservação dos cerca de 40 botos que vivem em meio à poluição da Baía de Guanabara.
A fêmea foi identificada através de uma técnica chamada foto-identificação quando ainda era muito jovem, em 1995. Naquela época ela sofreu algum tipo de agressão, provavelmente provocada pelo homem, e por isso teve metade de sua nadadeira cortada. Por isso era chamada pelos pesquisadores de Sem Lóbulo. Todos achavam que ela não sobreviveria sem parte da nadadeira, mas ela se adaptou e nadava normalmente. Foi uma das fêmeas que mais criou filhotes na Baía nos últimos 15 anos.
— A morte do boto-cinza na Baía de Guanabara deixou todos da equipe do MAQUA/UERJ especialmente tristes. Ela era um símbolo de esperança dessa população tão ameaçada. Mas ontem nos despedimos dela e lamentamos profundamente pela forma que a Baía de Guanabara tem sido tratada. A Sem Lóbulo deixa um filhote de pouco mais de um ano e esperamos que ele sobreviva. Continuaremos com nosso trabalho de monitoramento e ações para conservação da população de botos-cinza — afirmou o pesquisador José Lailson Brito.
Segundo Brito, Sem Lóbulo estava aparentemente doente e magra nos últimos tempos, mas seu aspecto vinha melhorando. Estava arredia. Apesar da perda, não haverá prejuízo à pesquisa. O grande problema é a falta de recursos.
— Dá um desânimo. Um empreendimento atrás do outro sendo licenciado, poluição infinita, governos que se sucedem e não resolvem o problema… Nem as Olímpiadas estimulam a mudança do quadro de degradação da Baía. A UERJ está sem repasse de verba do governo estadual e os professores estão em receber bolsas de pesquisa (bolsa Prociência) — lamentou o pesquisador.
Ambientalista e vice-prefeito de Niterói, Axel Grael lamentou a morte do mamífero:
— Que a perda reforce a energia de todos os pesquisadores do MAQUA/UERJ para que esta luta em defesa do boto-cinza na Baía de Guanabara prossiga — disse Grael.
Fonte: O Globo

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